Dominadores e dominados na Palestina do s�culo I (original) (raw)

Dominadores e dominados na Palestina do século I

R E S U M O : A relação entre dominadores e dominados na Palestina do sé-culo I emerge de forma indireta em um documento produzido com o objetivo de relatar o testemunho do autor, Flávio Josefo, sobre a guerra entre judeus e romanos. Mais que uma guerra contra os romanos, o que se vislumbra é uma crise interna profunda envolvendo diferentes inte-resses de grupos judaicos alinhados ou distantes do poder do " inimigo " .

Sherazade e as mil e uma Palestinas

Na milésima primeira e última noite, Sherazade conta ao Rei-seu captor e cativo do seu encanto, do seu dom infindável de contar histórias, de ficcionar-a "sua própria" história, a história da filha de um vizir que, para aplacar a ira de um monarca ciumento que mata a nova esposa a cada noite depois de desposá-la, casa-se com ele e adia infinitamente não só a própria morte como a das outras mulheres do reino, ao enredá-lo na sua teia de estórias, sempre interrompidas ao raiar do dia para que ela e as demais sobrevivam a mais um dia, e a tarefa sem fim prossiga a noite seguinte. O episódio, como não poderia deixar de ser, fascinou Borges, levantando uma discussão também não terminada, que envolveu desde suspeitas a respeito da existência mesma do relato nas compilações que são a fonte das versões modernas Mil e uma noites até conjecturas sobre os motivos, politicamente suspeitos, que o teriam levado a localizar a estória na 602 a noite. Nas "Magias parciais do Quixote", uma das inúmeras ocasiões em que a aborda, conectando-a aos paradoxos derivados da recursividade literária, Borges diz: Algo parecido o acaso produziu nas Mil e uma noites. Essa compilação de histórias fantásticas duplica e reduplica até a vertigem a ramificação de um conto central em contos adventícios, mas não procura graduar suas realidades, e o efeito (que deveria ser profundo) é superficial, como um tapete persa. É conhecida a história liminar da série: o desolado juramento do rei de a cada noite desposar uma virgem que ele mandará decapitar ao alvorecer, e a resolução de Xerazade de distraí-lo com fábulas (...). A necessidade de completar 1001 seções obrigou os copistas da obra a todo tipo de interpolações. Nenhuma, porém, tão perturbadora quanto a da noite 602, mágica entre todas. Nessa noite, o rei ouve da boca da rainha a sua própria história. Ouve o começo da história, que abrange todas as demais, e também-de forma monstruosa-a si mesma. Intuirá claramente o leitor a vasta possibilidade dessa interpolação, seu curioso perigo? Se a rainha continuar, o rei ouvirá para sempre a história truncada das Mil e uma noites, agora infinita e circular... Não tenho competência para discutir os jogos de espelhos de Borges. Tampouco me encanta sua preocupação pelo Rei, que estaria condenado eternamente às prisões circulares da estória dentro da estória, pois a figura chave na narrativa-em toda narrativa-é outra. É dela que quero tratar, buscando entender o que acontece com Sherazade e sua outra quando ela se duplica e se implica em sua própria estória, a estória de toda e cada noite.

A Palestina Essa (Des)conhecida - II Parte

Se Antíoco IV, rei selêucida, não tivesse levado ao extremo, isto é, não tivesse imposto, intransigentemente, a cultura Helénica, desrespeitando os usos e costumes hebreus, a cultura grega teria tido, muito provavelmente, uma maior difusão na Palestina e influenciado beneficamente a cultura judaica. É que, e ao contrário do que se possa pensar, parte da elite judaica sentia-se atraída pela cultura grega, ao ponto de, em 175 a.C., o Sumo-sacerdote Jasão ter sido autorizado por Antíoco, para transformar Jerusalém numa cidade helénica.

A Reconfiguração da Palestina pós 63 aEC: A Samaria sob o Império Romano

This article aims to outline the role of the Samaria region and the Samaritan community in the historical process initiated by the effective arrival of the Romans in Palestine-in 63 BCE-. To this end, the literary accounts in the works of the ancient historian Josephus and the New Testament books will be analyzed, in confluence with material culture, seeking to promote intelligibility standards to articulations between Romans, Jews and Samaritans.

Cruz e legião romana: o imaginário popular na Palestina do 1º século

Heródoto - Revista do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Antiguidade Clássica e suas Conexões Afro-asiáticas

A partir do ano 63 a.C. a nova ordem imperial chega na Palestina. Um império desejado pelos deuses e considerado eterno como os próprios deuses o são. No entanto a eternidade do Império passa por instrumentos de violência contra os povos subjugados no presente. Assim, a cruz e a legião romana se tornarão símbolos no imaginário coletivo dos camponeses na Palestina. Imaginário que se constrói a partir de imagens presente no próprio cotidiano. Cruzes e soldados estavam presentes no cenário da Palestina para relembrar a qualquer camponês de sua vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, reafirmar a perenidade de um Império divinizado pela força.

Muito além do Mufti: líderes e organizações árabes na Palestina sob controle britânico (1917-1937)

Grande parte da historiografia que analisa o movimento político árabe palestino anterior à criação do Estado de Israel tende a centrar suas atenções em um único líder: Hajj Mohammed Amin al-Husseini, o Mufti de Jerusalém, um dos principais atores políticos que lutaram contra o sionismo no período em que a Grã-Bretanha controlou a Palestina, entre 1917 e 1948. Como Hajj Amin é uma figura polêmica, por ter se associado à Alemanha Nazista em 1941, em muitas análises o movimento político palestino pré-1948 recebe uma avaliação negativa. Por isso, os objetivos do presente artigo são: ampliar o olhar para outros líderes árabes em atuação durante o Mandato da Palestina, demonstrando que ele era um líder dentre outros, e problematizar sua proximidade com os nazistas, ao lançar luz sobre suas relações com a Grã-Bretanha até 1937.

Imagens monetárias na Judéia/Palestina sob dominação romana

2015

Dedico esta tese de doutorado às minhas queridas avós Mariquinha e Conceição, que lá do céu observam orgulhosas, esta nossa conquista. À dona Irene, minha mãe, e ao seu Moacyr, meu pai, a quem tudo devo, à minha amada esposa Nice por todo carinho e compreensão, e aos meus queridos filhos Nicolas e Lorena que se constituem na minha grande fonte de alegria. Devo fazer um agradecimento especial aos amigos do Archeologos: Cristina, Álvaro, Silvana, Leila e Adriana que sempre se prontificaram a me ajudar e me ajudaram muito ao longo desses anos. Agradeço à Ângela Maria Gianese Ribeiro do Museu Paulista pela amizade e pela sempre pronta ajuda. Agradeço ao cnpq pelo apoio à pesquisa. Devo agradecer a todos os amigos que fui conquistando no MAE. Depois de 10 anos de convívio certamente me esquecerei de alguém, mas saibam que sem o auxílio de vocês eu jamais teria conseguido. Obrigado: Cibele,

Jeroboão I e Os Reis De Israel

2020

O estudo apresenta o estado da questão da história deuteronomista na sua relação com o pecado de Jeroboão. O objetivo é destacar o caráter ideológico dos textos na ótica judaísta. O método é analítico e parte da suspeita dos textos que foram escritos com uma ótica antipoliteísta e antissamaritana e, portanto, incapaz de assimilar o modo de produção de conhecimento da própria religião e do reino do norte. Assim a fidelidade ao Deus único e ao seu lugar de culto são os critérios epistemológicos da história deuteronomista. Prevalece uma visão negativa dos reis de Israel. Eles fizeram o mal aos olhos do Senhor como fez Jeroboão. O confronto das avaliações do reino de Judá com as do reino de Israel revela pequenas, mas significativas, contradições. Há uma clara tendência de hostilizar Jeroboão como aquele que fez Israel pecar, enquanto apenas Davi é citado como exemplo positivo.

"Até aos pilares do céu": Estratégias de domínio político-administrativo na Síria-Palestina no reinado de Tutmés III

Universidade de Lisboa, 2013

Enche-me de felicidade o trabalho que hoje aqui figura. Se ele é a prova de que vale a pena sonhar, acreditar num projecto e lutar pela sua concretização, por ser aquilo que nos preenche, ele é, também, o produto final de uma caminhada individual e colectiva e, por isso, a gratidão que sinto é maior que o meu modesto orgulho. Quero agradecer aos meus pais, em primeiro lugar, o apoio nesta caminhada e os exemplos que são para mim de muito trabalho, coragem, luta e determinação. Agradecer à minha irmã, pois as diferenças que nos separam são as mesmas que nos unem. Agradecer ao Telmo todas as palavras de incentivo, todos os momentos de conversa sobre as (in)certezas nas minhas (in)capacidades e sobre o futuro. Agradecer ainda toda a compreensão, apoio, e pelo facto de uma separação física nunca ter significado uma separação emocional. À família do Telmo, que considero também minha, mas em particular ao seu pai, um obrigado pelas gentis palavras e gestos ao longo deste percurso. Às minhas avós, mulheres marcadas pela dureza da vida, que me relembram todos os dias a virtude da humildade, estou grata pelas palavras simples mas ricas em sabedoria. À minha tia Glória, coração aberto, sempre pronto a ajudar, e cujos valores de bondade são escassos neste mundo, o meu muito obrigada. Aos meus padrinhos, que mesmo ausentes do país, estiveram sempre presentes, obrigada por me fazerem sentir quase como uma filha. Pelo meu percurso académico, e pela elaboração desta tese, quero agradecer primeiramente ao Professor Doutor Luís Carlos Amaral, a grande referência da minha passagem pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e que muito me marcou pelo exemplo humano, e pelas extraordinárias capacidades científicas. Além disso, é a prova mais evidente de que há, de facto, quem se interesse e acompanhe o percurso dos alunos, mesmo quando mudam de instituição. Ter sido sua aluna é realmente um enorme orgulho. Agradecer também ao Professor Doutor Rogério Sousa, que juntamente com o Professor Doutor Luís Carlos Amaral me encaminharam no sentido certo, rumo a Lisboa e à Faculdade de Letras desta universidade. Agradeço à Pastoral Universitária da Diocese do Porto, pelo apoio financeiro dispensado em tempos conturbados e de crise, e que muito me auxiliou na estadia por Lisboa, e no prosseguimento de estudos. Agradeço ao colega Filipe Soares pela disponibilidade e ajuda no primeiro ano de mestrado, e que me permitiu abrir caminhos em terrenos onde nunca me havia movimentado. Um obrigada também à Sara Rodrigues, pelo companheirismo durante este ano da tese, e pelos momentos divertidos que duas portuenses partilharam na capital. Agradeço ao Professor Doutor António Ramos dos Santos, que embora na primeira aula me tenha enviado de alfa para o Porto, foi o primeiro a acreditar em mim, e me abriu a porta do Centro de História para a linha de investigação de «História Militar e das Relações Internacionais» e à minha primeira participação no colóquio «A Guerra na Antiguidade». Agradecer ainda ao Professor Bernard Mathieu e à Professora Graciela Gestoso Singer que se disponibilizaram, de forma gentil, a enviar-me artigos aos quais de outra forma seria difícil ter acesso. Por último, mas com o merecido e devido destaque, um agradecimento especial aos meus orientadores, pelos quais nutro uma profunda admiração. Ao Professor Luís Manuel de Araújo, o Tutmés III da Egiptologia em Portugal, estou muito grata pela paciência e pela minudência no acompanhar deste trabalho, pela entrega e dedicação, pelo exemplo de sapiência, e pela gentileza constante, um verdadeiro exemplo de maet. Humilde quanto às suas conquistas faraónicas, e sempre disponível para ajudar, é para mim um verdadeiro exemplo de trabalho, esforço e paixão por uma época tão remota quão fascinante. Ao Professor José Varandas, imirá-mechá desta tese, mas cujo cargo militar é insuficiente para fazer jus à sua pessoa, muito agradeço a disponibilidade, o incentivo, e o contributo para o desenhar de novos caminhos, de novas perspectivas no rumo desta dissertação. Medievalista de base, é para mim um exemplo notável e extraordinário de interdisciplinaridade, de investimento e trabalho em várias cronologias, e de novos discursos historiográficos, que são sinónimo de inovação e de grande capacidade científica. Aos meus orientadores, sintetizo com o meu muito obrigado, pois não tenho palavras para conseguir expressar como o vosso acompanhamento na concretização de um sonho de menina me deixa profundamente feliz e satisfeita. Para além da vossa excelência académica, o vosso espírito naturalmente divertido, fez-me sentir uma autêntica privilegiada por ter dois orientadores tão fora de série. Agradeço ainda, de forma geral, a todos aqueles com quem me cruzei na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa durante estes dois anos, e cuja amabilidade me fez sentir verdadeiramente «em casa». Termino sublinhando algo que me move nesta caminhada, a paixão pela História em geral que me acompanha desde os bancos da escola primária, e pelo Egipto em particular, que não sei de onde vem, mas que me faz querer saber mais, fazer mais, dia após dia, e que sempre me surpreende com o facto de eu saber sempre muito pouco. Porém, que seria da vida se não fosse ela, por si só, uma longa e eterna aprendizagem? A todos, o meu muito obrigado.