Bem Viver e Ecossocioeconomias: uma síntese (original) (raw)

Bem viver para a próxima geração: entre subjetividade e bem comum a partir da perspectiva da ecossocioeconomia

Saúde e Sociedade

Resumo Bem Viver (BV) é tema intrigante quando se distancia da chamada sociedade de consumo. Diante do fenômeno das mudanças climáticas, não faz sentido discutir BV subjetivamente, sem correlacioná-lo ao significado de bem comum. O objetivo é dialogar sobre o tema do BV, relevando o interesse das gerações futuras, a partir da relação dialética entre subjetividade e bem comum e da complementaridade entre a dinâmica entre ser humano e natureza. Trata-se de um ensaio. A discussão remete à visão ecocêntrica, em que sugere que o sistema social está interconectado ao ecológico, sobretudo na ocasião em que se considera a produção do BV para gerações futuras. O BV, mais do que condição material, socioeducacional e de saúde, é estado particular de felicidade, no qual vigoram padrões culturais distintos. Não se nega abstrair a lógica econômica - na qual o sujeito calcula consequências individuais, mas releva territorialmente o bem comum -, e não é ela hegemônica ou mesmo determinante nos proc...

Bem Viver como paradigma de desenvolvimento: utopia ou alternativa possível?

Desenvolvimento e Meio Ambiente

A sociedade de consumo coloca em risco a sobrevivência do planeta. Na América Latina, surgem abordagens de desenvolvimento, ancoradas em paradigmas e ideologias com larga existência, como o “Bem Viver”. No esforço de identificar o que já foi publicado sobre “Bem Viver”, “Bien Vivir/Vivir Bien” e “Good Living”, analisou-se, de 2001 a 2015, 66 periódicos qualificados de forma articulada, por meio de estudo bibliométrico, utilizando-se como técnica de medição a lei de dispersão de periódicos de Bradford. A pesquisa enquadra-se como bibliográfica e documental. Os artigos continham, além da palavra “Bem Viver”, no título, resumo, palavras-chave e/ou na introdução, termos associados ao tema principal, a exemplo de: “desenvolvimento,” “bem comum”, “bem estar subjetivo”, “interculturalidade” e “transdisciplinaridade”. As fontes bibliográficas de pesquisa foram as plataformas Web of Science, Scielo e Portal de Periódicos da CAPES. O resultado demonstrou que o Bem Viver, enquanto proposta em ...

Bem Viver: discussões teórico conceituais

Pensamiento Actual, 2017

O Bem Viver nos territórios andinos e amazônicos provém de uma existência de milhares de anos, sobrevivendo como um processo prático alternativo, construído frente a um modelo de desenvolvimento dominante. Neste contexto, a ecossocioeconomia emerge de desafios contemporâneos para pensar sociedades sustentáveis, diferentemente do que se constitui atualmente como sociedade de consumo, individualista e instrumental. O artigo busca debater questões do referencial teórico sobre o Bem Viver, dialogando com práticas econômicas sustentáveis. Metodologicamente, utilizase de pesquisa com revisão teórica e abordagem interdisciplinar, a partir das categorias dialéticas da subjetividade, coletividade e dinâmica ser humano-natureza. Os resultados evidenciam um constructo teórico que releva abordagem interdisciplinar, intercultural, sobretudo quando o tema do Bem Viver possa representar formas de vida de comunidades tradicionais da Americana Latina. Evidenciam também um olhar sistêmico, para-econô...

Economia solidária, bem viver e decrescimento: primeiras aproximações

Emancipacao, 2014

Resumo: Neste artigo, propõe-se apresentar e relacionar os conceitos de economia solidária, bem viver e decrescimento, uma vez que eles estão inscritos no rol das propostas anticapitalistas contemporâneas. Há textos que analisam, isoladamente, cada um deles, destacando o que individualmente concebem sobre os aspectos fundamentais de suas propostas. Originários de países e contextos distintos, têm em comum a ânsia de viabilizar-se como alternativas à forma como a sociedade se organiza atualmente, cada um através de suas particularidades e acentuando determinadas dimensões. Apresentar e discutir suas semelhanças e especificidades é o objetivo deste texto, que pretende em última análise investigar em que medida eles convergem ou podem convergir para uma sociedade melhor.

Bem Viver: Caminhos e Alternativas para Outro Desenvolvimento Possível

CAOVILLA, MAL; WINCKLER, S. Bem Viver: Caminhos e Alternativas para Outro Desenvolvimento Possível. Revista Culturas Jurídicas. Rio de Janeiro: UFF. Vol. 6, Núm. 15, set./dez., 2019, 2019

Desde os primórdios da colonização, a América Latina encampa a condição de continente subalternizado à epistemologia ditada pelos países ocidentais. A interculturalidade, a sabedoria mística e as manifestações jurídicas plurais dos povos do Sul, há muito silenciadas, ganharam novo fôlego a partir dos processos constitucionais do Equador (2008) e da Bolívia (2009). Este artigo analisa se as propostas constitucionais do Bem Viver podem ser assumidas como uma alternativa de desenvolvimento capaz de oportunizar a construção mais coletiva da vida, contrapondo-se às teorias convencionais sobre desenvolvimento. Lançando mão do método dedutivo e das técnicas bibliográfica e documental, incursiona de forma crítica pelas abordagens do modelo de desenvolvimento adotado no mundo, entendido como crescimento econômico, apenas, que tem submetido países pobres e em desenvolvimento a acatarem-no como global, articulando conceitos já consolidados no campo da economia, das ciências sociais, da ecologia e do direito com o processo histórico que desencadeou a crise nas esferas ambiental, econômica, política, social e cultural. Conclui-se que o Bem Viver e a positivação dos direitos da natureza, advindos dos saberes dos povos originários latino-americanos e consolidados nas constituições do Equador e da Bolívia, se constituem como um caminho a ser construído, em busca de alternativas ao modelo de desenvolvimento convencional, pois desencadeia o contraponto, a outra via, para a superação do capitalismo e a ressignificação da vida na Terra.

Decrescimento e Bem Viver: paradigmas para um mundo pós-pandemia?

Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA)

A pandemia provocada pelo novo coronavírus tem explicitado e agravado a crise do capitalismo, deixando-o diante de seus próprios limites de autorreprodução e, portanto, à beira do colapso. Partimos do entendimento de que a pandemia não surge do acaso, e sim como resultado do desequilíbrio ecológico, causado pela produção destrutiva do capitalismo globalizado. Neste trabalho discutimos as causas e os efeitos da pandemia, a sua relação com a crise ecológica, seus desdobramentos e possíveis respostas, com o intuito de contribuir para um debate recém-inaugurado: o mundo pós-pandemia. Nossa analise é, assumidamente, anticapitalista, dialética, crítica e esperançosa. Utilizamos como metodologia a pesquisa bibliográfica. O objetivo final deste trabalho é estabelecer um nexo entre os paradigmas do decrescimento e do Bem Viver, como possíveis alternativas para o mundo pós-pandemia.

Desenvolvimento E Racionalidades Econômica E Ambiental: Interfaces Com O Buen Vivir?

Prim Facie

O presente artigo tem por objetivo impulsionar reflexões acerca da racionalidade econômica e da racionalidade ambiental e como essas construções epistemológicas em torno do desenvolvimento, dialogam com o princípio do desenvolvimento sustentável oficializado e difundido desde a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92. Como resultado demonstra-se que o objetivo entre compatibilizar desenvolvimento econômico e sustentabilidade implica em refletir e questionar o próprio modelo vigente de desenvolvimento econômico que tem como centro o mercado e as necessidades prioritariamente humanas, relegando a segundo plano a Natureza e a esgotabilidade dos recursos. Nesse sentido apresenta-se como sucedâneo e complementar ao desenvolvimento sustentável o Buen Vivir e a Harmonia com a Natureza, como alternativas às racionalidades centradas exclusivamente no ser humano como meio e fim do desenvolvimento. Faz-se, portanto, uma pesquisa exploratória com abordagem ...

Bien Vivir/Buen Viver/Bem Viver: uma proposta de pós-desenvolvimento nas Epistemologias do Sul

Revista IDeAS, 2019

Apresenta-se a crítica ao desenvolvimento, através do questionamento de seus pilares e interesses, bem como de sua epistemologia, por meio do Bem Viver, como uma proposta de pós-desenvolvimento. Ambos, pós-desenvolvimento e Bem Viver não são correntes homogêneas, mas apresentam aspectos comuns que possibilitam serem tratadas em conjunto, e compõem as Epistemologias do Sul. A intenção é apresentar um texto introdutório dessas propostas e suas conexões visibilizando a contribuição que os invisíveis trazem à sociedade: a resistência que prova que um outro modo de existir, pautado na coletividade e na harmonia com a natureza, não só é possível, como existe. O desenvolvimento não é a solução para as crises atuais, é a causa delas.