Escritas em passagens, investigadores infantes e matemáticas brincantes (original) (raw)

Escrita: percursos de investigação

2003

Ao finalizar o projecto Ensinar a Escrever-Teoria e Prática, que teve o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia e da Universidade do Minho, através do seu Instituto de Educação e Psicologia e do Centro de Investigação em Educação, a equipa que nele trabalhou ao longo de alguns anos apresenta, como corolário de uma reflexão, das práticas desenvolvidas e como partida para outras construções sobre a escrita, estes três volumes intitulados Escrita-Percursos de Investigação, da autoria de José António Brandão Carvalho, Escrita-Construir a Aprendizagem, da autoria de Luís Barbeiro e Escrita-Para uma Antropologia, da autoria de Álvaro Gomes. Os três volumes representam não só o que foi pensado e realizado no âmbito deste projecto, mas reflectem também o que se tem feito internacionalmente no que respeita aos fundamentos que alicerçam o pensamento do que é a escrita, como se construiu e como sobre ela se podem pautar comportamentos sociais e pedagógicos. Num momento anterior deste projecto, teve lugar, na Universidade do Minho, um Encontro de Reflexão sobre o Ensino da Escrita em que participaram especialistas nacionais e estrangeiros, onde foram apresentadas reflexões e pistas que levaram a diversos caminhos que professores e alunos podem percorrer para que o relacionamento daquele que escreve com o texto seja o resultado de investigações mais integradas e aprofundadas. Desse encontro de reflexão resultou uma publicação de actas com o mesmo título do Projecto: Ensinar a Escrever-Teoria e Prática publicado pela Centro de Investigação em Educação (CiEd) do Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do Minho em 2001, onde são dadas a conhecer, pelos diferentes autores e comentadores, as posições de investigadores, professores e alunos sobre o processo de escrita que cruza, durante a sua evolução, uma variedade de competências, relacionamentos e funcionamentos indispensáveis às várias aprendizagens. Mantendo sempre um diálogo com investigadores nacionais e estrangeiros, a equipa que trabalhou integrou, para além dos docentes da Universidade do Minho, Fátima Sequeira, José António Brandão Carvalho e Álvaro Gomes, um docente da Escola Superior de Educação de Leiria, Luís Barbeiro. A obra presente, intitulada Escrita-Percursos de Investigação, de José António Brandão de Carvalho é, como o título indica, o resultado de um percurso da investigação que, seguindo diferentes vertentes e aproximando a teoria da prática, procura uma compreensão mais profunda da linguagem escrita, de processo de escrita e do processo de desenvolvimento da capacidade de escrever, bem como da abordagem que destes aspectos se faz na sala de aula, na busca dos melhores caminhos para a promoção das competências de escrita. Esperamos que este e os outros livros do Projecto sejam de grande utilidade para investigadores, professores e todos os que desejem entender como o processo da escrita. modifica e enriquece a vida de todos nós.

Exploração-investigação matemática na educação infantil

ACTIO: Docência em Ciências

A investigação matemática é uma tendência em educação matemática, utilizada em diferentes níveis de ensino. Nesse estudo centrou-se na Educação Infantil, Pré II (4 aos 5 anos) de uma escola municipal de Cascavel-PR. Foram aplicadas duas tarefas com características investigativas cujo objetivo era que as crianças compreendessem que na Matemática não existe um único “caminho” para a resolução de situações matemáticas e, que elas fossem capazes de explorar diversas possibilidades. As tarefas aplicadas foram criadas em encontros de estudo pelas autoras do trabalho. No momento da aplicação, os conhecimentos prévios dos educandos foram considerados. Os resultados obtidos foram satisfatórios. Alguns alunos conseguiram realizar comparação biunívoca, perceberam regularidades, compuseram e decompuseram formas geométricas. Este processo foi de grande valia, proporcionando momentos de aprendizagem e troca de experiências, tanto para as crianças quanto para as envolvidas na mediação da construçã...

Infância, passagens para um flâneur aprendiz

Educação (UFSM), 2019

Este estudo de natureza teórica tem por objetivo analisar as imagens bejaminianas do flâneur e da infância, aproximando-as, para refletir sobre a ideia de um flâneur aprendiz como uma figura que conserva viva em sua percepção do mundo uma sensibilidade que recusa o discurso linear, o que o leva para o caminho indireto na relação com os objetos cognoscíveis. Desses desvios emerge a aura das coisas, da qual pode-se ter a experiência possível com o moderno; a sensibilidade da criança como equivalente à de um flâneur; e uma compreensão sobre a cultura da criança, sendo constituída, em parte, dos restos da história, à margem da cultura adulta, em outra, pelos desvios originado pela ação da criança em seu protagonismo. O protagonismo da criança e o modo desviante como ela se aproxima das coisas do mundo a dotam das mesmas habilidades do flâneur, segundo as possibilidades da criança, os que nos leva a ideia do flâneur aprendiz. Em termos de método, o limiar formado pela aproximação e jogo ...

INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA GRAMSCIANA : UMA LEITURA DAS CARTAS DO CÁRCERE

EPISTEMOLOGIAS DA INFANCIA, 2017

O político italiano Antonio Gramsci2 foi, sem dúvida, um homem à frente de seu tempo. Formado em literatura e obstinado na educação do povo por meio da escrita em jornal, panfletos, cartas, manifestos do partido, adotou desde sempre uma postura pela liberdade de pensamento e a favor do raciocínio filosófico-politico. De modo geral, Gramsci não é um autor muito estudado na área da educação, a nosso ver equivocadamente, pois ele fornece elementos fundamentais para compreender essa atividade humana como forma de construir historicamente o homem, não ao gosto do tempo, mas com direção, em que a cultura tem um papel fundamental enquanto elemento histórico que alicerça a mesquinha moralidade dos lugares. Assim, o debate entre diretivismo e espontaneísmo vem sendo renovado em diferentes momentos. Nos últimos tempos, tem sido retomado pela influência das chamadas novas pedagogias alavancadas com as teorias do aprender a aprender, sobretudo de Delors. Diante disso, retomo as reflexões desse italiano e militante marxista em que pese suas contribuições para o pensar e o fazer educativo, binômio defendido inicialmente pelos gregos, configurado nas artes do falar e do fazer. Sua produção, realizada nas celas de Ustica, envolve temas como política, cultura, hegemonia e estado, pilares de sua reflexão. Todavia, Gramsci é um homem que pensa a relação estado-sociedade civil não apenas pelo viés da política. Nesse contexto, o elemento cultura assume um caráter fundamental em suas reflexões e é partindo dessa compreensão do conceito de cultura que ele a insere na discussão sobre escola e educação, já que para ele é a partir da cultura que se forma a estrutura ideológica que vai atuar como argamassa dos diferentes grupos da sociedade civil. Antonio Gramsci dedicou-se à compreensão da educação numa perspectiva avançada, de modo que, embora tenha feito seus escritos no início do século XX, ainda se pode destacar elementos centrais para análise da influência das concepções espontaneístas da educação. Suas contribuições a esse respeito estão espalhadas por sua obra, que tem características bastante peculiares, já que foram escritas como apontamentos e cartas durante o período em que foi mantido na prisão, vítima do fas-cismo italiano.

A TEMÁTICA DAS ENTRADAS E BANDEIRAS NOS CURRÍCULOS ESCOLARES - Revista Complexitas - Andressa da Silva Gonçalves

A TEMÁTICA DAS ENTRADAS E BANDEIRAS NOS CURRÍCULOS ESCOLARES, 2019

Este trabalho tem como finalidade discutir a construção do espaço curricular destinado a temática bandeirante. Desde a proclamação da República a figura bandeirante foi largamente utilizada em discursos oficiais ou de oposição para dar credibilidade através da memória a diversos grupos políticos. Buscamos resgatar tais momentos históricos privilegiados na produção do discurso bandeirista, assim como verificar a presença desta memória criada ao longo do século XX nos currículos estaduais. Percebemos a presença da temática em grande parte dos programas estaduais, inclusive no Pará, revelando a permanência da memória bandeirante, que persiste até nossos dias.

Investigação sobre investigações matemáticas em Portugal

educ.fc.ul.pt

Tomando como base o conceito de investigação como a procura de respostas fundamentadas e rigorosas para as nossas próprias questões, este artigo analisa o trabalho realizado neste campo no ensino da Matemática em Portugal. Num primeiro momento analisa, em termos conceptuais, em que consiste esta perspectiva e discute as suas possíveis fontes de legitimidade, na Epistemologia da Matemática e na evolução curricular. Num segundo momento analisa os resultados dos estudos efectuados no terreno referentes à aprendizagem dos alunos, à actividade dos professores e à sua formação. O artigo evidencia a existência de muitos estudos comprovando o valor educacional e formativo desta perspectiva, mas também a existência de lacunas e pontos em aberto, relativos, em especial, à ancoragem deste conceito na matemática pura ou aplicada e à integração e gestão curricular.

Histórias de Insubordinações Criativas - narrativas de educadoras matemáticas

Bolema: Boletim de Educação Matemática, 2019

Resumo Este artigo tem como objetivo apresentar e discutir indícios de insubordinações criativas narradas por duas educadoras matemáticas que atuam como formadoras de professores e investigam os Anos Iniciais. A metodologia deste estudo ocorreu com base na pesquisa narrativa, que compreende um processo tridimensional de produção e análise dos textos de campo e de pesquisa, envolvendo temporalidade (diacronia), interações pessoais e sociais (sociabilidade) e o lugar (cenário) onde se situa o fenômeno a ser investigado e narrado. A partir da análise das entrevistas foram realizadas narrativas. Os resultados apontam que é possível vislumbrar que tais mulheres, educadoras matemáticas, optam pela realização de pesquisas conectadas ao cotidiano escolar, ambiente privilegiado de suas formações, constituindo posturas de insubordinação criativa. Isto significa dizer que, apesar das pressões institucionais pela realização de produções rápidas, as protagonistas deste estudo continuamente produ...

Percursos de "contratendência" ascendentes nos trajetos escolares

Pereira, Helena Mendes Marinho Canilho, 2019

Minha Dissertação de mestrado, defendida no ISCTE No presente trabalho, quisemos investigar que fatores mais contribuem para o sucesso escolar de pessoas que realizaram trajetos escolares longos, e cujos pais fizeram um percurso escolar muito mais curto, ou seja, pessoas que realizaram trajetos de contratendência ascendente. Com este objetivo, entrevistámos 10 pessoas que detêm um curso superior e cujos pais completaram uma escolaridade inferior ao 9º ano atual. Recolhemos dos entrevistados informações sobre fatores relacionados com o trajeto escolar, o contexto familiar e as redes de sociabilidade dos entrevistados. Concluímos que alguns dos fatores mais importantes são as relações positivas com professores, funcionários e colegas. Concluímos também que foram muito importantes as práticas familiares que favorecem o sucesso escolar, principalmente as práticas de leitura e escrita, e também o incentivo à leitura por parte dos pais. Tiveram igualmente importância a participação em atividades extracurriculares e as redes de sociabilidade dos estudantes, que incluíram pessoas de famílias mais favorecidas socialmente, desempenhando o papel de apoio ou de fontes de informação relevantes. Palavras-chave: Trajetos de contratendência ascendente, Trajeto escolar, Práticas familiares, Redes de sociabilidade, Sucesso escolar

As actividades de investigação, o professor e a aula de Matemática

Nesta conferência pretendemos dar a conhecer o trabalho realizado pelo Projecto Matemática para Todos -Investigações na Sala de Aula, que se desenvolveu no Centro de Investigação em Educação da FCUL durante cinco anos (de 1995 a 1999) e envolveu cerca de duas dezenas de docentes dos ensinos básico, secundário e superior. O objectivo principal do projecto era o de estudar a realização de investigações matemáticas por parte dos alunos de diversos níveis de ensino, em termos da dinâmica da aula, das competências dos professores, das implicações curriculares e do desenvolvimento dos respectivos materiais de suporte. Não vamos, no entanto, fazer uma lista pormenorizada de actividades, resultados e conclusões, matéria que cabe melhor num relatório do que numa apresentação deste tipo 1 . Vamos, isso sim, procurar evidenciar alguns aspectos que nos parecem particularmente importantes para os professores interessados na realização de investigações matemáticas com os seus alunos. Para isso, começaremos por discutir o papel do trabalho de investigação em Matemática, recorrendo, em especial, aos testemunhos de grandes matemáticos. Procuraremos abordar questões como: O que é, realmente investigar em Matemática? Qual o papel da investigação na construção do conhecimento matemático? A realização de trabalho investigativo está ao alcance dos alunos? Quais as razões da sua importância em termos educativos? Em segundo lugar abordaremos a dinâmica da aula onde os alunos realizam trabalho investigativo. O que há de específico numa aula dedicada a este tipo de trabalho? Quais as principais fases em que se desenrola? Quais os aspectos a que o professor deve dar especial atenção? Alargando o âmbito da nossa discussão, abordamos, em terceiro lugar, o que é necessário fazer em termos de preparação deste tipo de aula, por parte do professor. Que decisões é preciso tomar? Como escolher as tarefas a propor aos alunos? Como organizar o seu trabalho, de modo a garantir as melhores condições de sucesso?