Da periferia industrial à periferia fashion: dois momentos do cinema brasileiro e a espetacularização da cultura (Revista Eco-Pós) (original) (raw)

Pontos de vista em documentários de periferia: estética, cotidiano e política

Agradeço a interlocução constante, atenta e crítica de meu orientador, Henri Gervaiseau, com quem pude compartilhar minhas dúvidas e inquietações no decorrer do processo de pesquisa, o que contribuiu substancialmente para a minha formação, tornando secundário o caráter solitário desse tipo de trabalho. Agradeço a Rose Satiko e a Ismail Xavier pelas valiosas contribuições durante o exame de qualificação. Agradeço igualmente aos professores Cezar Migliorin, Esther Hamburger e Rubens Machado Júnior por integrarem, com Rose Satiko, a banca avaliadora desta tese. O amadurecimento das ideias aqui defendidas se deu com os questionamentos e sugestões feitos por Tunico Amancio, Sofia Zanforlin, Irene Machado, Clara Ramos e Krishna Gomes. Agradeço a Moira Toledo pelo estímulo e diálogo constante e por ter compartilhado comigo suas entrevistas e teses sobre o cinema de periferia. Agradeço, em especial, a Bruno Siqueira e a Henrique Codato pela amizade (repleta de um incrível senso de humor) e pela leitura atenciosa de trechos desta tese. Sem dúvida, seus comentários foram importantíssimos para o desenvolvimento da argumentação. Meus agradecimentos também a Esther Hamburger, Hamilton Harley, José Gatti, Mariarosaria Fabris e Rubens Machado Júnior pelas indicações bibliográficas. O apoio que recebi da minha família foi vital para o desenvolvimento desta pesquisa e sem eles tudo teria sido muito mais difícil: agradeço aos meus pais, Rita e Reginaldo, à minha tia Izabel, e aos meus irmãos Rodrigo e Romanda por estarem sempre comigo ainda que geograficamente distantes. Agradeço também o incentivo dos

Cinema, cultura e consumo: a espetacularização do espetáculo no Brasil pós-Embrafilme

Este estudo busca compreender as políticas públicas para cinema no Brasil após o fim da Embrafilme e do Concine, em 1990, levando em consideração o redesenho do espaço urbano no país neste período, com intensa relação entre o parque exibidor cinematográfico, a expansão da indústria dos shopping centers e o comportamento do mercado global. A partir dos escritos, principalmente, de Theodor Adorno e Walter Benjamin, sobre a Indústria Cultural, de Hanna Arendt, sobre consumo e o filistinismo burguês, de Marilena Chauí, sobre políticas públicas de cultura e a noção de cidadania cultural, de David Harvey sobre o espaço urbano, de Guy Debord, que tratou da sociedade do espetáculo, e de Carlos Nelson Coutinho, sobre questões relativas a representação e hegemonia, buscamos analisar o comportamento do Estado brasileiro quando das decisões relativas ao cinema e, também, em sua interação com a cidade contemporânea. A distribuição das salas de cinema pelo país, do ponto de vista geográfico e econômico, e o modelo de fomento indireto baseado no incentivo fiscal tornaram-se condicionantes centrais da produção de filmes que se instituiu no período. A submissão das políticas de apoio ao cinema à lógica corporativa de expansão dos shopping centers e de governança urbana articulada com o desenvolvimento capitalista global, evidencia que elas estão mais sintonizadas com a lógica do entretenimento do que com a de cultura, produzindo, assim, a consequente submissão de nossa cinematografia às condições objetivas de acesso aos filmes. Considerando que as últimas três décadas consagraram os shoppings como território adequado para o fluxo de uma ética e uma estética próprias às elites brasileiras, a simbiose entre salas de cinema e shopping centers foi também a tradução do constrangimento do financiamento público à lógica do mercado. Não por outro motivo, as políticas para o cinema brasileiro se prestaram mais a estimular o lazer do que em fortalecer expressões de diversidade e pluralidade cultural, liberdade, criatividade e experimentalismo de linguagem.

Um lugar para o cinema na periferia da Modernidade

Inclusão e preservação de saberes para o bom viver, 2016

Todos os direitos garantidos. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, transmitida ou arquivada desde que levados em conta os direitos dos autores. 9 11 17 31 57 69 81 97 109 123 137 AULAS DE LÍNGUA MATERNA: músicas infanto-juvenis em diálogo com outras artes

O CINEMA E A MODERNIZAÇÃO DAS CIDADES Impactos no contexto urbano de Pelotas

PIXO - Revista de Arquitetura, Cidade e Contemporaneidade, 2022

Resumo O final do século XIX e início do século XX, marcou um período de modernização das cidades e dos meios artísticos. Os estudos científicos e fotográficos avançaram consideravelmente a ponto de marcar o advento de uma nova arte: o cinema. A cidade de Pelotas, mesmo que interiorana geograficamente, se mostrava inserida nas novidades da época. Com isso, o objetivo do artigo é apresentar um material teórico que evidencie a cidade de Pelotas neste contexto de avanços científicos, artísticos e urbanísticos da virada do século. O artigo organizou-se da seguinte maneira: a modernização das cidades e o surgimento do cinema, o cinema como atividade urbana, a cinematografia pelotense e o cinema como atividade urbana em Pelotas. Constata-se que tanto a abertura das salas de cinema, quanto a produção cinematográfica local no início do século XX marcaram esse período de modernidade da cidade-refletindo na relação do cidadão com o espaço urbano. Palavras-chave: cinema, modernidade, urbanização, produção cinematográfica, Pelotas.

Estética do improviso no cinema de periferia

Famecos, 2012

As análises dos documentários Super gato contra o apagão(Kinoforum, 2002) e Como se rouba a cena no cinema (Kinoforum, 2006) revelam uma significativa presença do improviso – da tomada, das condições de produção, da existência – que se constitui naquilo que denominaremos de estética do improviso, um traço estético importante da produção de filmes nas periferias. Essa discussão encontra ancoragem no conceito de estética de Mikhail Bakhtin. Ao considerar a atividade estética como integrante de um todo sócio-histórico circunscrito, esse autor sinaliza para um duplo aspecto: a rejeição da ideia de “arte pela arte” e a recusa da produção artística como mero reflexo da atividade psíquica e subjetiva do produtor. Esse postulado se revela útil, portanto, para pensarmos a organização estética de filmes realizados em comunidades periféricas.

Cinema Heritage e Celebração Crítica do Passado na Pós-modernidade

“Cinema Heritage e Celebração Crítica do Passado na Pós-modernidade”, Op. Cit: A Journal of Anglo-American Studies, 2.5, 1-17. URL: https://sites.google.com/site/opcitapeaa/home. The main purpose of this essay is to highlight the relationship between heritage and cinema. We begin by questioning the concept of “heritage,” as well as related discourses and debates that have arisen in the context of the British “heritage culture,” to then point some reading possibilities of heritage cinema that have sustained a positive reconceptualization of this critical category in recent decades. The unequivocal link between the reconstruction of the past that we witness in heritage films and British conservative policies has been recurrent among critics. We conclude, first, that it is essential to dissociate heritage cinema from Thatcherism and, secondly, that both contextual analysis and textual analysis are fundamental to assess the (a)critical celebration of British cultural heritage in these films. Dar visibilidade à relação entre património e cinema é o objetivo fundamental deste ensaio. Começamos por problematizar o conceito heritage, bem como os discursos e debates que têm surgido em torno deste no contexto da “cultura do património” britânica, para posteriormente apontarmos algumas possibilidades de leitura do cinema heritage que têm sustentado uma reconceptualização positiva desta categoria crítica nas últimas décadas. Tem sido recorrente, entre os críticos, a ligação unívoca entre a reconstrução do passado a que assistimos nos filmes heritage e as políticas conservadoras britânicas. Concluímos, em primeiro lugar, que será indispensável dissociar o cinema heritage do ideário thatcheriano e, em segundo lugar, que tanto a análise contextual como a análise textual são fundamentais para avaliar a celebração (a)crítica da herança cultural britânica nestes filmes.

Algumas considerações sobre cinema e tempo nas periferias do capitalismo flexível

C-Legenda - Revista do Programa de Pós-graduação em Cinema e Audiovisual, 2007

Este artigo propõe algumas reflexões acerca das reconfigurações espaço-temporais operadas pelo cinemacontemporâneo, a partir das noções de “sociedade em rede” (Castells), “sociedade de controle” (Deleuze)e de concepções temporais da Antiguidade Clássica (cronos, aiôn, kairós), aplicando-as no contexto dasperiferias do “capitalismo flexível”, a partir das experiências urbanas em metrópoles fora do eixo EuropaAmérica do Norte, em especial nos filmes dos diretores Abbas Kiarostami (Irã), Hou Hsiao-Hsien(Taiwan) e Wong Kar-Wai (Hong Kong).

Moda e cinema em duas perspectivas

dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda

Este artigo propõe uma aproximação entre a moda e o cinema a partir de dois autores de destaque no campo acadêmico brasileiro, os críticos Gilda de Mello e Souza e Paulo Emílio Salles Gomes. Embora guardem especializações epistemológicas próprias, Gilda com o estudo da moda e Paulo Emílio com a crítica de cinema, constata-se que nem Gilda e nem Paulo Emílio são estranhos ao objeto originalmente abordado pelo outro, visto que Gilda elabora uma série de análises de filmes nacionais e estrangeiros, enquanto Paulo Emílio não é de todo alheio à questão do figurino, e, consequentemente, da moda, em suas críticas cinematográficas. Assim, ao analisar os escritos de Gilda e de Paulo Emílio sobre moda e cinema, nota-se como as relações de gênero e de sexualidade se sobressaem enquanto questões de relevância na abordagem de ambos os autores, ainda que a perspectiva adotada por cada um seja distinta. Considera-se, enfim, que mesmo se as análises desenvolvidas por eles acerca desses temas não se...