Os cavaleiros da espada de pau e os arcanjos da espada dum trovão (original) (raw)
Quando procuramos ecos precursores em Portugal para o movimento da Renascença Portuguesa, pelo menos três nomes, entre outros, são de destacar: Guerra Junqueiro, Sampaio Bruno e Basílio Teles. Enquadrados num posicionamento político militante e alternativo à monarquia (só após o Ultimato inglês no caso de Junqueiro, mas questionando as correntes materialista e positivista), eram activistas e publicistas mas também pensadores e fi lósofos que procuravam dar sentido a uma nova identidade portuguesa. Em termos culturais, situavam-se na charneira ou comungavam do simbolismo decadentista e nefelibata, e do naturalismo mais ou menos romântico, sob a infl uência de Victor Hugo e Tolstoi, mas também de Proudhon ou Jaurès. Todos participaram nas lutas pela implantação da República e todos se desiludiram com o seu andamento político. A busca de justiça social dentro do ideal libertário que acompanhou estas três fi guras refl ectida em obra publicada e nas tertúlias que animaram à sua volta, assim como os seus temas favoritos (a pátria enquanto princípio espiritual de coesão e harmonia, o sebastianismo como busca e solução para o ser português, bem como os problemas que transcendiam as categorias racionais tais como o mal, o nascimento, a morte, a identidade), encontraram seguimento na Renascença Portuguesa e inspiraram os seus fundadores. Seguindo o órgão divulgador do movimento, A Águia, damos conta desta infl uência, também baseada na admiração de condutas pessoais e políticas, insuspeitas. Leonardo Coimbra, a propósito do trabalho de Basílio Teles sobre o Livro de Job, em torno da problemática do mal, identifi cando-se com o autor ao identifi cá-lo com o criacionismo bergsoniano, escreveu: Religião e Ciência são impotentes perante um Bem e um Mal para elas irredutíveis e absolutos. Um criacionismo moral verá na dualidade Espírito-Natureza o motivo da sua acção e o valor da sua realidade. Na continuidade vivida do esforço moral encontrará Deus, o inces