A ciência visual de Leonardo da Vinci: notas para uma interpretação de seus estudos anatômicos (original) (raw)

Leonardo da Vinci realizou investigações anatômicas entre 1485 e 1515, datas aproximadas que marcam seus primeiros estudos sobre ossos, músculos e nervos, realizados em Milão, e seus últimos estudos sobre o feto humano, realizados em Roma. 1 No dia 10 de outubro de 1517, em visita a Cloux, onde Leonardo vivia a convite de Francisco i, Antonio de Beatis, secretário do cardeal Luis de Aragon, escreveu que Leonardo compusera volumes "a respeito de membros como músculos, nervos, veias, articulações, intestinos e de quanto se pode pensar tanto de corpos de homens como de mulheres, de modo que ainda não foi feito por outra pessoa, conforme vimos com nossos olhos". Leonardo disse então a Beatis que havia feito a anatomia de "mais de trinta corpos entre homens e mulheres de todas as idades", e Beatis ainda menciona que havia uma "infinidade de volumes" escritos "todos em língua vulgar, os quais se vierem à luz serão úteis e muito prazerosos" (apud Chastel, 1987, p. 243). Os manuscritos não foram publicados como Beatis esperava. Após a morte de Leonardo, ocorrida em 1519, seu aluno Francesco Melzi levou-os de volta para a Itália e compilou o Livro de pintura, que circulou sob a forma de cópias manuscritas. Após a morte de Melzi, ocorrida em 1570, seu filho Orazio começou a dispersar os manuscritos de Leonardo da Vinci. Por volta de 1590, o escultor Pompeo Leoni adquiriu diversos manuscritos e fólios soltos. Da coleção pertencente a Leoni, ainda existem diversos manuscritos inteiros, talvez como estavam na época de Leonardo. Leoni também desmontou manuscritos, organizando dois grandes volumes. O primeiro intitula-se Disegni di machine et delle altre secreti