A política africana do governo Lula (original) (raw)

A Política Externa Brasileira para a África no Governo Lula

Ponto E Virgula Revista De Ciencias Sociais Issn 1982 4807, 2008

O objetivo do artigo é examinar a política externa brasileira para a África no governo Lula. É analisada a efetividade desta política, assim como o processo de decisão e interesses de atores estatais e não estatais.

Política africana do Brasil: mudança entre Lula e Dilma?

Brazilian foreign policy towards Africa has suffered a major inflection from 2003. After a long period of estrangement, the rise to power of Luiz Inácio (Lula) da Silva underscored a clear reorientation of Brazilian foreign policy, and a resumption of the assignment of importance to the African continent. Over the two terms of Lula, Brazil has reconnected Africa, increasing its participation in the continent and making it an important partner, not only politically, but also economically. In 2011, Rousseff became president of Brazil, and Celso Amorim, then foreign minister, was replaced by Antonio Patriota, raising many questions about the directions that would be adopted in the new government's conduct of foreign policy. This paper seeks to analyze whether there has or has not been a shift in Brazil's foreign policy towards Africa in the Rousseff administration in relation to the Lula da Silva government and, if so, how deep has it been. To do so, it relies on the work of Charles Hermann (1990), to analyze the different levels of change in foreign policy; Ricardo Sennes (2003), to demonstrate that there is a continuity in the foreign policy matrix between Lula and Dilma; and Robert Putnam (2010), to demonstrate that the changes that have occurred are, to a large extent, a reflection of the transformations that have taken place in both the international scenario and the domestic arena.

A política externa brasileira para a África de Lula a Temer

Carta Internacional

A política externa brasileira para a África sofreu inflexão durante os anos 2000. A posse de Luiz Inácio (Lula) da Silva marcou uma clara mudança nos paradigmas da política externa brasileira, acarretandoa retomada da atribuição de importância ao continente africano. A partir do primeiro mandato de Dilma Rousseff, em 2011, as relações com o continente vivenciaram um enfraquecimento, resultado decondicionamentos internos e externos, ainda que tenham mantido sua relevância para a política externa brasileira tanto em termos políticos, quanto econômicos. Com a ascensão de Michel Temer ao poder, em2016, operou-se uma reorientação nas linhas gerais da política externa brasileira, colocando em questão o espaço ocupado pelo continente africano ao longo dos anos 2000. Nesse sentido, este trabalho avalia os impactos que a política externa brasileira para o continente africano sofreu a partir de Temer. Para tanto, apoia-se sobretudo nos trabalhos de Charles Hermann (1990), com o intuito de ana...

A politica externa do Governo Lula com a África Lusófona: dimensão política, cooperativa, educacional e econômica La politique étrangère du gouvernement Lula avec le lusophone Afrique: dimension politique, coopérative, éducative et économique

2018

RESUMO Ligados histórica e culturalmente, Brasil e África têm laços de relacionamento antigos; remontam ao período colonial e se devem, em grande medida, à colonização portuguesa. No entanto, após o fim da II Guerra Mundial, as relações entre Brasil e África, em especial aos países da África Lusófona começam a ganhar novos horizontes. Retomados com certo fôlego a partir do final da década de 1960, nos governos de Jânio Quadros e, em seguida, no governo de Joao Goulart com o lançamento da política externa independente (PEI), nem por isso, os vínculos políticos, econômicos e estratégicos com a África receberam, nos anos posteriores, prioridade por parte dos condutores da política externa brasileira. Contudo, no novo século, com a administração do Ex-presidente Lula, a África passou a ocupar espaço maior na agenda brasileira internacional. A Política Externa Brasileira para a África durante os governos Lula da Silva (2003-2010) é tida como uma grande mudança em relação aos períodos anteriores, tendo como argumento o aumento no número de projetos de cooperação, a abertura e reabertura de embaixadas brasileiras no continente africano e, por outro lado, apoiada pelo discurso de solidariedade internacional e da existência de uma "dívida" histórica com a África. Nessa perspectiva, o objetivo deste trabalho é discutir as motivações do governo Lula rumando para África e seu significado, ou seja, se uma maior solidariedade com o continente tido como "o mais pobre do mundo", conforme a retórica governamental, ou se o mesmo se insere como mercado e região promissores para as novas demandas e interesses nacionais. Como metodologia, foi utilizada a pesquisa bibliográfica. Palavras-chave: Política externa brasileira. Relações Brasil-África. Relações Sul-Sul. Governo Lula. RÉSUMÉ Historiquement et culturellement liés, le Brésil et l'Afrique entretiennent des relations de longue date; remontent à la période coloniale et sont en grande partie dues à la colonisation portugaise. Cependant, après la fin de la seconde guerre mondiale, les relations entre le Brésil et l'Afrique, en particulier les pays africains lusophones, commencèrent à ouvrir de nouveaux horizons. Repris avec un certain souffle de la fin de la décennie de 1960 sur les gouvernements de Jânio Quadros, puis sur le gouvernement de João Goulart avec le lancement de la politique étrangère indépendante (PIP), non pas, les liens politiques, économiques et stratégiques avec le Dans les années ultérieures, l'Afrique a reçu la priorité des moteurs de la politique étrangère brésilienne. Cependant, au début du nouveau siècle, avec le gouvernement de l'ancien président Lula, l'Afrique occupait une place plus importante dans l'agenda international du Brésil. La politique étrangère du Brésil en ce qui concerne l'Afrique le Lula da Silva (2003-2010) les gouvernements sont perçus comme un changement majeur par rapport aux périodes précédentes, avec une augmentation du nombre de projets de coopération,

Cadernos do Tempo A Política Africanista do Governo Lula da Silva (2003-2010)

O artigo objetiva apresentar as linhas de política externa delineadas, para a África, nos anos 2003-2010. As relações do Brasil com o continente foram enfatizadas por diplomacias anteriores, contudo, não foram consideradas prioritárias para o Itamaraty, como durante a gestão de Lula e a chancelaria Celso Amorim. Serão apresentadas as principais iniciativas relacionadas ao continente, durante variados governos brasileiros, a fim de que se perceba sua importância na elaboração da política externa brasileira, nos oito anos em questão. Palavras-chave: Brasil, África, Política exterior, Governo Lula. A África ocupa um lugar primordial na história brasileira. Embora os laços históricos, culturais e sociais com o continente sejam fundamentais para que se entenda a formação do povo brasileiro, por muito, o mesmo foi relegado para segundo plano, no que se refere às estratégias da diplomacia para a inserção internacional do Brasil. Historicamente, o Ministério das Relações Exteriores orientou...

Cooperação ou dominação? A política externa do governo Lula para a África

2018

The foreign policy of Lula’s government (2003-2010) towards Africa presents two façades: one cooperative, materialized on initiatives like Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) and programs of knowledge transference; another dominant, revealed by Brazil interest in expanding its political leadership and the predatory activities of Brazilian companies in African countries. This work concludes that this duality of diplomatic actions exposes, besides the structural limits to international cooperation, the existing contradictions of Brazilian society. A política externa do governo Lula (2003-2010) para a África apresenta duas facetas: uma cooperativa, materializada em iniciativas como a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e programas de transferência de conhecimentos; outra dominadora, revelada pelo interesse do Brasil em expandir sua liderança política e pela ação predatória de empresas brasileiras...

As múltiplas percepções sobre o continente africano na política externa dos governos Lula da Silva e Rousseff (2003-2016)

Lume UFRGS, 2020

O objetivo geral desse trabalho é, sob um compromisso interpretativista, evidenciar quais os atores, os aspectos ideacionais e os interesses que permearam a política externa para África nas gestões Lula e Dilma (2003-2016), período apontado na literatura como um período de aprofundamento em termos diferenciados nas relações entre o país e o continente. A África aparece como uma opção hegemônica entre setores estratégicos da sociedade em estreita aproximação com o núcleo decisório, aqueles que compõem a Frente Neodesenvolvimentista, em particular a elite empresarial, os movimentos sociais negros e o partido no poder, o Partido dos Trabalhadores (PT). Essa diversidade de atores expõe também a existência de diversas percepções a respeito do continente africano, como fruto de crenças, valores e interesses de cada um desses grupos. Uma percepção romântica da África é percebida desde a base dos movimentos sociais negros, que entendem o continente a partir de uma idealização das relações raciais e da valorização da cultura com a qual eles se identificam. Ótica essa muito necessária, ao salientar não a África do senso comum, de mazelas sociais e pobreza, mas sim um berço de riquezas culturais e de explicação de raízes identitárias brasileiras. A percepção pragmática do empresariado brasileiro se dá por encontrar no eixo de relacionamento com o continente uma oportunidade de inserção de si e de seus negócios no fenômeno da globalização, mais além, a África aparece para esse grupo como um caminho de lucro e projeção. Essa perspectiva, contudo, carrega consigo para o continente uma série de reminiscências coloniais, de uma elite patriarcal, autoritária e preconceituosa. Por fim, de uma perspectiva da produção legislativa, é feita uma análise das percepções que permeiam a polarização governo-oposição no parlamento brasileiro, em particular quanto à temática África em um cenário onde o Executivo consegue colocar a agenda com relativa força. Nesse caso, é nítido que o debate é levado pela oposição para justificar a política africana como uma opção partidária do PT, partido supostamente interessado em financiar ditaduras de países menos desenvolvidos. Essa argumentação se mostra completamente descolada da realidade interméstica e dos interesses de atores sociais, tendo uma margem de difusão limitada ao palanque do plenário das casas legislativas. Quando se observam as relações com o Itamaraty e as discussões das comissões especializadas, o discurso da oposição aparece desconexo dos interesses sociais, diante da coalizão governista muito bem respaldada pelos movimentos sociais e empresariado. Para alcançar o propósito apontado, uma série de comunicação diplomática publicada até 2018 no Arquivo Central do Itamaraty,serve de material empírico para uma análise qualitativa de conteúdo, triangulada com a revisão sistemática da literatura. Essa análise é feita a partir da teoria construtivista de relações internacionais, dialogando com a literatura contemporânea de Análise de Política Externa que busca maior conexão entre a APE e as teorias de Relações Internacionais.

A política externa brasileira para a África de Lula a Temer: mudança matricial em meio à crise

Carta Internacional, 2020

A política externa brasileira para a África sofreu inflexão durante os anos 2000. A posse de Luiz Inácio (Lula) da Silva marcou uma clara mudança nos paradigmas da política externa brasileira, acarretando a retomada da atribuição de importância ao continente africano. A partir do primeiro mandato de Dilma Rousseff, em 2011, as relações com o continente vivenciaram um enfraquecimento, resultado de condicionamentos internos e externos, ainda que tenham mantido sua relevância para a política externa brasileira tanto em termos políticos, quanto econômicos. Com a ascensão de Michel Temer ao poder, em 2016, operou-se uma reorientação nas linhas gerais da política externa brasileira, colocando em questão o espaço ocupado pelo continente africano ao longo dos anos 2000. Nesse sentido, este trabalho avalia os impactos que a política externa brasileira para o continente africano sofreu a partir de Temer. Para tanto, apoia-se sobretudo nos trabalhos de Charles Hermann (1990), com o intuito de analisar os diferentes níveis de mudança de política externa; e de Ricardo Sennes (2003), com o objetivo de demonstrar que a matriz de política externa que marcou os governos Lula e Dilma é distinta daquela do governo Temer.

Política externa como ação afirmativa: projeto e ação do governo Lula na África (2003-2006)

2019

Nota da Autora Este texto, que a Editora da Universidade Federal do ABC agora publica, foi escrito, em 2006, para ser submetido, no início de 2007, à Banca Examinadora do Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores. A autora-diplomata, à época com pouco mais de duas décadas de trabalho sempre associado às relações Brasil-África ou a temas africanos-começou a prepará-lo ainda em 2005, quando, após a divulgação dos fatos relativos ao processo conhecido como Mensalão, a reeleição do então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva parecia improvável. Consequentemente, pensou-se, também as políticas ou as prioridades do Governo Lula no domínio da política externa, entre as quais as relações com a África, poderiam estar ameaçadas. No segundo semestre de 2005, em Brasília e em capitais africanas, diplomatas africanos e agentes do Governo brasileiro que haviam visto, com satisfação, a retomada e o crescimento das relações com a África passaram a indagar se a recém-(re)inaugurada política africana do Brasil resistiria a uma mudança de governo. A dúvida, naquele momento, parecia crucial, ainda que viesse rapidamente a se dissipar, tão logo as pesquisas de opinião começaram a revelar a manutenção de altos índices de popularidade do Presidente Lula e as perspectivas de reeleição. Este texto é, portanto, a resposta a uma pergunta que surgiu em um período em que, no contexto da política externa brasileira, as relações Sul-Sul e, em particular, o adensamento das relações com a África pareciam estar diretamente associadas ao Governo Lula: A política do Governo Lula para a África tem sustentabilidade? 5

Revalorização do Lugar da África: Política de Desenvolvimento e as Relações Sul-Sul no Governo Lula da Silva

Revista Século XXI, 2011

Com a chegada de Lula da Silva à presidência da República, há, de fato, uma revalorização das Relações Sul-Sul, além de visar a uma maior aproximação com o continente africano em seu governo. Esse movimento se reveste de algumas ações: i) proliferação de acordos multilaterais; ii) aprofundamento das trocas comerciais; iii) aumento do intercâmbio político e cultural; e iv) expansão do investimento externo brasileiro na África. O presente trabalho busca analisar, portanto, as Relações Sul-Sul e o Lugar da África, os quais são considerados estratégicos para a política externa brasileira, considerando especialmente o aprofundamento das relações "multi" e bilaterais e comerciais, assim como seus resultados no cenário doméstico.