Breve história da escravidão (original) (raw)

Da escravidão à servidão voluntária

O presente artigo tem o objetivo de discutir as relações entre a regionalização da Clínica Psicodinâmica do Trabalho -uma das abordagens clínicas surgidas na França da Psicologia do Trabalho -e características sociais, históricas, culturais e econômicas do trabalho no Brasil a partir de apontamentos sobre a produção científica em Clínica do Trabalho no país desde 1994. O texto é parte da dissertação de mestrado "Dispositivos para a escuta clínica do sofrimento no trabalho: entre as clínicas da cooperação e das patologias" (2014) da primeira autora sob a orientação da segunda e se divide em sete seções: Mundo do Trabalho, onde versamos brevemente sobre a história do trabalho no mundo ocidental; Trabalho no Brasil, em que tratamos das particularidades da constituição do trabalho contemporâneo no país; Psicodinâmica do trabalho, seção DA ESCRAVIDÃO À SERVIDÃO VOLUNTÁRIA: PERSPECTIVAS PARA A CLÍNICA PSICODINÂMICA DO TRABALHO NO BRASIL Página

Letramento, escravidão e mocambos

Resgate: Revista Interdisciplinar de Cultura, 2020

Neste ensaio apresentamos um documento inédito revelando a localização de livros e manuscritos num rancho de quilombola. São evocadas questões iniciais a respeito das expectativas de alfabetização, posse de livros entre escravizados e libertos. Horizontes de letramento podiam estar próximos não só de cativos que trabalhavam na casa grande, mas também de senzalas e mocambos. Mesmo nos quilombos, não havia isolamentos sociais que excluíam o acesso as senzalas, as trocas mercantis e a circulação de notícias atlânticas. Diante das questões de ensino da História da África, da escravidão e da pós-emancipação, assim como do reconhecimento dos territórios, culturas ancestrais e implementação de políticas públicas avaliamos as possibilidades de reflexão sobre o passado da escravidão e o presente da educação quilombola. .

Apresentação: Migração e escravidão

Fronteiras & Debates, 2017

A revista <em>Fronteiras & Debates</em>, neste número 1 de seu volume 3, traz a lume um dossiê dedicado às experiências vividas por trabalhadores e trabalhadoras nos meandros da migração e da escravidão. A leitura deste número possibilita uma melhor compreensão das estratégias que em diferentes tempos e espaços os sujeitos históricos inventaram para enfrentar as inseguranças conjunturais e as amarras estruturais que, cotidianamente, ameaçavam suas vidas e sequestravam suas liberdades.

A escravidão brasileira à época da Independência

Revista USP, 2022

Fornecemos, de início, estimativas do “estoque” e do “fluxo” de pessoas escravizadas no Brasil na primeira metade do século XIX, enfatizando a intensificação da entrada de cativos. Em seguida, analisamos os impactos desses números nas características da escravidão brasileira à época da Independência, privilegiando dois temas. O primeiro, o padrão da distribuição da posse de cativos, permite-nos perceber o alargamento da disseminação daquela posse. Quanto ao segundo, as famílias escravas, evidenciamos a concomitância de sua vulnerabilidade e resiliência no enfrentamento dos rigores do cativeiro. Por fim, discutimos a eventual participação direta das pessoas escravizadas no processo de emancipação política, apresentando as características do Partido Negro. Nas considerações finais, destacamos aspectos da trajetória da escravidão até sua abolição, apontando as cicatrizes profundas por ela deixadas, ainda nitidamente visíveis em nossos dias.

Novas abordagens para a história da escravidão

História, Ciências e Saúde - Manguinhos, 2008

O CD-ROM Doenças e escravidão: sistema de saúde e práticas terapêuticas, lançado pela Casa de Oswaldo Cruz (COC), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 2007, é um trabalho fundamental em vários sentidos: inova na mídia, reúne trabalhos em torno de novos temas e, o mais importante, abre aos historiadores instigantes perspectivas tanto no campo da escravidão quanto no da saúde. Analisemos, então, cada um desses aspectos.

Escravos e escravidao no Brasil

Depois da longa travessia atlântica e do desembarque em algum porto das grandes cidades do Brasil, ou em alguma praia deserta após a proibição, os africanos logo percebiam que sobreviver era o grande desafio que tinham pela frente. Dali por diante teriam que conviver com o trauma do desenraizamento das terras dos ancestrais e com a falta de amigos e parentes que deixaram do outro lado do Atlântico. Logo percebiam que viver sob a escravidão significava submeter-se à condição de propriedade e, portanto, passíveis de serem leiloados, vendidos, comprados, permutados por outras mercadorias, doados e legados. Significava, sobretudo, ser submetido ao domínio de seus senhores e trabalhar de sol a sol nas mais diversas ocupações. Por mais de trezentos anos a maior parte da riqueza produzida, consumida no Brasil ou exportada foi fruto da exploração do trabalho escravo. As mãos escravas extraíram ouro e diamantes das minas, plantaram e colheram cana, café, cacau, algodão e outros produtos tropicais de exportação. Os escravos também trabalhavam na agricultura de subsistência, na criação de gado, na produção de charque, nos ofícios manuais e nos serviços domésticos. Nas cidades, eram eles que se encarregavam do transporte de objetos e pessoas e constituíam a mão-de-obra mais numerosa empregada na construção de casas, pontes, fábricas, estradas e diversos serviços urbanos. Eram também os responsáveis pela distribuição de alimentos, como vendedores ambulantes e quitandeiras que povoaram as ruas das grandes e pequenas cidades brasileiras.

A escravidão nos sermões do Padre Antonio Vieira

Estudos Avançados, 2019

resumo A contribuição agrupa os diferentes estudos desenvolvidos pelo autor sobre a forma de Padre Vieira entender a escravidão, organizados em cinco tópicos-chave, a saber: a adesão aos termos da Segunda Escolástica; o processo de incorporação do indígena ao corpo místico do Estado; os termos usados pelas autoridades portuguesas para definir a missão atribuída a Portugal no Novo Mundo; a natureza indissolúvel do nexo entre conveniência e consciência suposto no chamado antimaquiavelismo; e, por fim, as práticas de conversão adotadas pelos jesuítas no Brasil.