Fim das vanguardas: estetização da vida e generalização do estético (original) (raw)

Esteticismo fin-de-siècle: o groteco decadente

Anais eletrônicos do XV Congresso Internacional da ABRALIC, 2017

Resumo: Desenvolvida na Europa e no Brasil a partir do final do século XIX até meados do século XX, a ficção decadente se notabilizou por sua atração pelo artificial e por aquilo que contraria as leis da natureza. Nessa ficção, a descrição de objetos grotescos, antinaturais, foi realizada a partir de uma linguagem bastante trabalhada e estetizada. Paradoxalmente, em diversas narrativas, tal esteticismo promoveu a percepção do grotesco como algo belo e refinado. Para demonstrar exemplos do grotesco decadente, esse artigo propõe a análise de Monsieur de Phocas (1901), de Jean Lorrain, de Dança do Fogo: o Homem que não queria ser Deus (1922) e de Kyrmah: Sereia do vício moderno (1924), dois romances de Raul de Polillo.

A radicalidade da vida estética

Blog A terra é redonda., 2024

Em O sentido da vida, Contardo Calligaris, psicanalista cuja contribuição teórica é amplamente reconhecida, nos agracia com muitas provocações: desde o seu incômodo com a pergunta clássica no cumprimento brasileiro, "tudo bem?", indo até os versos de Francesco Petrarca, "um bel morir tutta la vita honora".

Estética em crise, parte 1: Da vanguarda ao bolsonarismo

Acrítica, 2021

Originalmente publicado na plataforma Acrítica.org em agosto de 2021 "A crise é estética!"-você deve ter lido ou ouvido alguém repetir a frase nas redes sociais, no Youtube ou até nos jornais, referindo-se, é claro, a manifestações da extrema-direita brasileira atual. Atribuo o bordão a Vinícius Carvalho, amigo cronista e jornalista independente que já o emprega há anos, desde que as bandeiras partidárias e de organizações de trabalhadores foram trocadas por uniformes em verde e amarelo nas manifestações de rua.

Culto À Celebridade, Estetização e Dogmatismo Em Design

2019

Aplica-se a distincao entre “dogmatismo” e “ceticismo” na categorizacao de duas vertentes que influenciam o posicionamento e a comercializacao de produtos de Design. Trata-se de um ensaio em que o dogmatismo e indicado como privilegio da arte e o ceticismo como caracteristica da ciencia. Arte e ciencia estao integradas nas atividades de Design, compondo o campo de aplicacao e desenvolvimento de Tecnologia. O “culto a celebridade” e o posicionamento dos produtos projetados pelo designer Philippe Starck sao destacados para exemplificar a vertente dogmatica no contexto da cultura de mercado e distingui-la da postura cetica, que demarca a aplicacao da ciencia na area de Design. PALAVRAS-CHAVE: Filosofia; Design de Produto; Tecnologia; Cultura de Mercado.

A ordem e o belo: o cuidado estético com a vida

Sapere Aude Revista De Filosofia, 2012

A ordem e o belo: o cuidado estético com a vida The order and the beautiful: the aesthetic care with the life Sílvia Maria de Contaldo * "A Filosofia promete a razão, e a custo liberta pouquíssimos, obrigando-os não a desprezar aqueles mistérios, mas a que os entendam como devem ser entendidos" (Agostinho, De Ordine, II,V,16) Introdução "Ama para viver, viva para amar". Assim o filósofo e sociólogo Edgar Morin termina o sexto volume da sua obra, O método 1 , dedicado à ética. Esta proposição fora de contexto poderia ser confundida, como qualquer outra, com um receituário disponível em livros de auto-ajuda ou com alguma frase de pára-choque de caminhão ou mesmo com uma orientação piedosa de algum santo ingênuo. Mas tomo-a aqui para inscrevê-la no horizonte filosófico do pensamento de Agostinho, em razão de duas constatações. A primeira refere-se à incrível atualidade do pensamento agostiniano e seu refinamento dialético para captar o valor ético que os seres humanos atribuem às coisas. Seu indicativo de vida ética e, portanto, de vida boa, pode ser traduzido em amar mais o que deve ser amado mais e amar menos o que deve ser amado menos. E não há quem não queira amar para viver bem. Por aí percebe-se sua atualidade. Comunicação apresentada no 13º Congresso Internacional de Filosofia Medieval, realizado na UFES, em Vitória, de 02 a 06 de agosto de 2010.

Beleza pura: a estetização da vida cotidiana como estratégia de resistência para o homossexual masculino

Revista FAMECOS, 2010

Este artigo pretende debater como a estetização da vida cotidiana serviu às estratégias de resistência dos homossexuais masculinos frente às práticas reguladoras do poder sobre seus corpos e sua imagem. Tomamos por princípio que estes sujeitos criaram produtos imagéticos com o objetivo de delinear um estilo de vida baseado no prazer estético. Nossa operação analítica concentra-se em alguns materiais expressivos que serviram à divulgação de sua linguagem. Acreditamos que esta linguagem foi fortalecida pelo uso do corpo e seus gestos, na comunicação efetuada pela roupa e na circulação de palavras e imagens, próprias às artes e a literatura. Reivindicamos uma dimensão sensível do processo comunicacional para descrever os modos de interação entre estes sujeitos.

O COTIDIANO ESTÉTICO: considerações sobre a estetização do mundo

2016

Este artigo visa refletir sobre a estetica contemporânea a partir de um prisma nietzscheano, tendo como foco principal o “estetico” como dimensao que torna excessiva a vida, favorecendo sua afirmacao. Tomando como ponto de partida a nocao de estetizacao do mundo, tema das recentes obras de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy (2015) e de Byung-Chul Han (2015), argumentamos que nao houve propriamente uma estetizacao “de cima para baixo” (como se uma esfera transcendente tivesse sido profanada e esvaziada), e sim uma abertura horizontal a um cotidiano estetico. Em seguida, recorremos a Nietzsche e outros pensadores no intuito de distinguir o termo “estetico” da estetica filosofica tradicional. Observamos, por fim, que cada vez mais e no cotidiano estetico, especialmente sob a alcunha do “design” (como compreensao sensivel das mediacoes simbolicas que nos perfazem), que a afirmacao da vida aparece com maior vigor, como ensejo e finalidade para a experiencia estetica. This article aims to re...

A “Filosofia das Roupas” de Oscar Wilde e o esteticismo

dObra[s], 2024

Em 1885, o escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900) publicou o artigo Philosphy of Dress no New York Tribune. Uma tradução do artigo, até então inédito em português será apresentada a seguir. O objetivo deste ensaio é analisar como Filosofia das roupas poder ser entendido como o manifesto de Wilde sobre a reforma do vestuário feminino. As proposições apresentadas no texto estão em consonância com suas ideias esteticistas, que entendem a vida como uma forma de arte – o que se daria, entre outras coisas, pela oposição ao consumo de produtos comuns resultantes do capitalismo industrial. Destaco ainda que, enquanto a defesa do artifício como forma de beleza era uma das premissas de seu pensamento esteticista, no que diz respeito ao vestuário feminino, ele argumenta, com base na compilação de ideias propagadas por médicos e estilistas, que a beleza está na “naturalidade” da peça. Também analiso o fato de que a antimoda defendida por Wilde não se limita ao campo das ideias e dos textos, mas se torna material quando começa a ser comercializada na seção de roupas artísticas das lojas de departamento Liberty de Londres em 1884. Por fim, discuto como esses trajes aparecem na pintura Private view at the Royal Academy, 1881, de William Powell Frith, de 1883, uma representação artística da vida moderna na sociedade londrina.