Marcha das Vadias: análise da construção noticiosa empreendida pelos jornais Zero Hora e Sul 21 (original) (raw)
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O tema desta pesquisa são as disputas travadas por veículos midiáticos na cobertura a ações de movimentos sociais. Busca-se, empiricamente, identificar os enquadramentos interpretativos construídos por três jornais (Zero Hora, Diário Gaúcho e Sul21) sobre o ciclo de protestos de 2013, em Porto Alegre/RS, em especial no que se refere às interações entre manifestantes e aparato policial. Metodologicamente, foi construído um banco de dados com todas as publicações de cada jornal, na cobertura ao ciclo de manifestações, bem como foram entrevistados(as) jornalistas responsáveis pela produção do conteúdo dessas publicações. Após a organização e a quantificação do corpus de dados, com a identificação de tendências de cobertura, foram selecionados eventos específicos de protesto (ocorridos em 27 de março, 04 de abril, 13 de junho e 20 de junho), bem como as “retrospectivas” de final de ano, para análise de conteúdo. A convergência entre o material empírico e os referenciais teóricos resultou em três dimensões centrais: a identidade dos(as) manifestantes; a caracterização da(s) reivindicação(ões) do protesto; as interações entre manifestantes e policiais. A partir de tais dimensões construiu-se um modelo analítico para operacionalização do estudo. Os resultados da pesquisa indicam que a construção de enquadramentos interpretativos por Zero Hora, Diário Gaúcho e Sul21 foi caracterizada pela multiplicidade de esquemas interpretativos. Essa multiplicidade diz respeito a diferenças (a) entre os conteúdos de cada jornal e a (b) transformações de enquadramento no curso das mobilizações. Zero Hora e Diário Gaúcho produziram enquadramentos similares. Inicialmente, as coberturas de ambos os jornais centraram-se na identificação de repertórios de dano a patrimônios por manifestantes, tomando-se a manifestação (denominada “baderna”) como ilegítima. Ao longo do ano, Zero Hora e Diário Gaúcho delimitaram uma distinção entre “manifestantes pacíficos” e um grupo específico - qualificado pelo termo “vândalos” -, o qual foi considerado responsabilizável pela realização de repertórios de dano a patrimônios. A referida transformação de enquadramento denotou uma autonomização deste repertório específico (tomado como ilegítimo) em relação à manifestação (considerada legítima). O Sul21 caracterizou-se, diversamente, pela ênfase, desde o início do ano, no questionamento à ação policial de repressão às mobilizações. Os protestos, por outro turno, foram invariavelmente considerados legítimos pelo Sul21. Por fim, as “retrospectivas” de final de ano indicaram similaridades no enquadramento de todos os jornais, com a construção de uma síntese interpretativa hegemônica a respeito do ciclo de protestos. A partir da análise de dados, formulou-se a seguinte tipologia dos enquadramentos interpretativos adotados em diferentes momentos do ano: “Manifestação como afronta à ordem”; “Polícia como instituição violenta”; “Maioria de manifestantes pacíficos em oposição à minoria de manifestantes violentos”; “Maioria de manifestantes pacíficos em oposição à minoria de manifestantes violentos e a uma polícia violenta”. A análise cronológica denotou disputas entre esses diferentes modelos de cobertura, com a constituição de um “campo de batalha” interpretativo. Palavras-chave: ciclo de protestos de 2013; enquadramentos interpretativos; interações entre manifestantes e policiais.
Diante do rumo que a história política e social e a comunicação brasileiras vêm tomando desde o início dos anos 2000, é observável por muitos estudiosos a presença das mídias sociais como formas de interação entre o leitor/telespectador e as redações. Esse fenômeno ficou mais evidente durante as manifestações nas mais de 200 cidades brasileiras durante os meses de maio a outubro de 2013. As Manifestações de Junho foram em sua maioria organizadas utilizando a Internet. Em Salvador, aconteceram protestos no mês de junho, contidos pela Polícia Militar e Força Nacional, e desde então a capital baiana não teve mobilizações tão fortes como naquela Copa das Confederações. O presente trabalho se propõe a analisar os posts via Twitter do Correio* através de perfil oficial do veículo, no período de 20 a 23 de junho de 2013, época das manifestações mais relevantes.
Ponte Jornalismo: trincheiras jornalísticas de uma guerra urbana
As atuações da imprensa e dos meios de comunicação, através da cobertura jornalística da criminalidade e violência, são de extrema importância para o agendamento de políticas de segurança pública do governo, e para a forma de ver e viver o mundo do homem, principalmente o homem urbano. O trabalho propõe-se a analisar a cobertura jornalística sobre a violência policial realizada pelo portal Ponte Jornalismo, observando em especial quais fontes são acionadas pelas matérias e como essas são abordadas. O corpus é composto por 87 matérias do primeiro ano de atuação do portal, que são analisadas a partir das metodologias de análise de conteúdo e de análise do discurso. O Ponte Jornalismo utiliza preferencialmente fontes não institucionais como especialistas, familiares de vítimas, testemunhas - fontes estas que são minoria na cobertura jornalística da grande mídia sobre a violência. Assim, podemos tensionar e problematizar sobre uma forma alternativa de tratar o fenômeno da violência urbana na cobertura jornalística, enquanto geradora de discussões e promotora de um agendamento de políticas públicas para a segurança.
V de Versões na revista sãopaulo: o posicionamento jornalístico sobre manifestações de rua
Neste trabalho discute-se, pela Análise de Discurso francesa pecheutiana, que versões sobre manifestações de rua a Folha de S. Paulo (in)visilibiza na Revista sãopaulo, ao retomar as manifestações do passado e compará-las por meio de categorias pré-construídas em um infográfico. De 12 categorias regulares nas manifestações, segundo o discurso da Folha, analisa-se o funcionamento de três delas: visual (dos manifestantes), slogans (pautas levadas às ruas) e ferramentas (meios para realização dos atos), o que gera, como efeito, uma negativação dos movimentos de 2013, na versão da revista em relação a essas mobilizações. Os resultados desvelam que na/pela revista sãopaulo, há deslize e negativação de sentidos, abrindo margens para outras interpretações dos vários períodos abordados pelo veículo. Ao tentar explorar versões como sendo a “abordagem literal dos fatos”, “a verdade”, a revista instaura sua versão sobre todos esses atos.
Análise da organização retórica de notícias de popularização da ciência no jornal Zero Hora
Notas de Pesquisa [Em …, 2011
Este artigo tem por objetivo apresentar resultados sobre organização retórica de quatro notícias de popularização da ciência divulgadas no jornal Zero Hora. Acredita-se que tais resultados possam contribuir para a atualização da representação esquemática da organização retórica do gênero notícia de popularização científica proposta por Motta-Roth (2009, p. 171). Assim, um novo elemento recursivo é apresentado, que corresponde a diferentes recursos nos textos em questão, tais como gráficos e infográficos.
JORNALISMO DESENHADO: A NARRATIVA DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS A SERVIÇO DAS REPORTAGENS
JORNALISMO DESENHADO: A NARRATIVA DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS A SERVIÇO DAS REPORTAGENS, 2013
O objetivo deste trabalho é analisar o Jornalismo em Quadrinhos, estilo de produção jornalística recente que une as técnicas de montagem de reportagens com o grafismo das histórias em quadrinhos. Com atenção a detalhes e uso de práticas como as entrevistas, o registro fotográfico e a análise de documentação, os quadrinhos – tradicionalmente associados com fábulas, super-heróis e outros devaneios infanto-juvenis – são tão válidos para a produção jornalística quanto o vídeo, o áudio ou a escrita. Atente para o fato de que não se objetiva provar uma dita superioridade dos quadrinhos ou ignorar suas limitações – é difícil pensar, por exemplo, num jornal diário com todas as notícias no formato de quadrinhos, devido em grande parte à demora com que sua parte artística, o trabalho do desenho em si, é montada. O que se pretende nessa monografia é simplesmente mostrar que os quadrinhos devem ser vistos sem preconceitos como mais uma mídia que serve ao propósito de enriquecer e aumentar a abrangência da produção jornalística. Para tanto, depois de realizada revisão bibliográfica – com destaque para os pensamentos de Muniz Sodré e Luiz Gonzaga Motta sobre narrativa -, serão analisadas as obras Notas Sobre Gaza, reportagem em quadrinhos de Joe Sacco, maior referência no gênero; e a brasileira Juventude: Tempo de Crescer, de Augusto Paim (texto) e Ana Luiza Goulart Koehler (arte), além da série de reportagens publicadas na seção Jornalismo em Quadrinhos da Revista Fórum, de autoria de CarlosCarlos(texto) e Alexandre de Maio(arte). Argumentamos que a linguagem dos quadrinhos usa de recursos narrativos que, ainda que não imediatamente reconhecidos como passíveis de serem usados no Jornalismo, são mais uma ferramenta para a construção do real que é a base mesmo das notícias e reportagens mais tradicionais.
Anais do 12º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo
Considerando o contexto de convergência jornalística, problematiza-se a permeabilidade do jornalismo vinculado a empresas tradicionais de comunicação a partir do viés da audiência, tomando como objeto empírico o jornal Zero Hora (ZH). Com base em dados obtidos pela pesquisa bibliográfica e documental, observação dos processos de trabalho na redação, entrevistas e análise de edições exemplares, avalia-se de que modo o leitor vem influenciando na atividade jornalística. Observou-se que o projeto de inserção da audiência na produção de conteúdo divulgado pelos gestores em 2013 (identificado com a Editoria do Leitor) restringiu as intervenções da audiência aos espaços já tradicionais. O imbricamento entre os âmbitos empresarial, tecnológico, profissional e editorial evidenciou a assimetria nas forças que orientam o processo de convergência em ZH, em que a permeabilidade ao público se dá fundada no pólo econômico do jornalismo.
Análise da convergência midiática do Jornal da Record
Revista Temática, 2020
Among the television products that are being modernized and expanding their reach in the online, podcast and open TV channels are national news such as: Jornal da Record. Jornal da Record is no longer a classic news program and expands its reach, not only in relation to the longer time it has at Record and Record News, but also due to the flow of content that is generated for the other platforms of the group, R7. com, Play Plus, and social networks like Facebook, Instagram, Twitter and the podcast. Through an analysis of editions of the Jornal da Record newsletters on open TV and digital edition, it can be seen that the format, the time, the news and the presenters are different for each media.
A celebração da prática e da teoria do fazer jornalístico – Zero Hora 45 Anos
Estudos em Jornalismo e Mídia, 2009
Partimos do pressuposto de que o jornalismo se constitui em uma prática discursiva. Sendo assim, seus textos são entendidos como discursos, pelos quais ele constrói a realidade, embora no exercício da profissão persista a busca pela objetividade, entendida neste trabalho como uma estratégia para produzir efeitos de sentido de "realidade", "verdade" e "imparcialidade". Também partimos do pressuposto de que atualmente a prática jornalística passa por transformações decorrentes da midiatização, recorrendo a estratégias de autorreferencialidade, compreendida como a competência discursiva que os dispositivos midiáticos possuem de poder falar de si mesmo e de outros campos sociais. Para tanto, a nossa reflexão sobre a prática e a teoria do fazer jornalístico se estabelece por meio da observação dos produtos midiáticos que celebram os 45 anos do jornal Zero Hora-RS.