HISTÓRIA ORAL E FOLKCOMUNICAÇÃO: em busca de uma abordagem interdisciplinar na Festa do Divino Espírito Santo de Natividade –Tocantins (original) (raw)
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História, memória e religiosidade na festa do Divino Espírito Santo em Natividade -TO
2016
Describes the process of organizing and preparing the community around the festivity of the Holy Spirit in Natividade - TO, through observation and interaction with devotees and revelers, and its relation to religion, space and place, relating to concepts folk communication and oral history. It recounts the history of the beginning of the celebrations of the feast in Portugal and its expansion across the European continent and Portuguese colonies, and in Brazil, places that followed the model of "empire" of Swindon. It indicates that the devotee seeks divine design to feel close to his divinity, for faith and devotion of revelers and their relationship with the party are passed on to each generation.
Universidade Federal do Maranhão, 2012
ABERTURA (à guisa de introdução) O primeiro passo na trajetória que iniciou esta pesquisa deu-se através do contato com festas do Divino Espírito Santo em 2002 e, mais tarde, em 2007 através do Grupo de Pesquisa em Estudos Culturais-Crisol, coordenado pelo Profº. Dr.Alexandre Fernandes Corrêa. Nesse grupo interdisciplinar pôde-se aprofundar conhecimentos sobre os temas relacionados à Cultura, e ainda relacionar o tema desta pesquisa com outras áreas do conhecimento como a Antropologia, a Sociologia, a Psicanálise e a História. O primeiro resultado desse processo está no trabalho monográfico: "O Teatro das Memórias: Uma Análise da Festa do Divino na Casa das Minas", na ocasião orientado pelo Prof. Dr. Alexandre Corrêa, defendido em 2007. Em 2008, após quatro anos de intenso envolvimento com a Festa do Divino, houve um primeiro contato com a Etnocenologia, um novo campo dos estudos relacionados às ciências do espetáculo que têm por objetivo transcender os limites da especialização científica e em colaboração com outras áreas do conhecimento, como a Antropologia, a Sociologia, e as assim chamadas Etnociências 1 , compreender e analisar as manifestações humanas em sua dimensão teatral e/ou espetacular. Iniciada em 1995 em colóquio internacional na França, a Etnocenologia começou a dar fortes sinais no Brasil através dos estudos do Prof. Armindo Bião, da Universidade Federal da Bahia, do prof. Jorge da Graça Veloso, da Universidade de Brasília, dentre outros pesquisadores que nas mais diversas áreas, como Dança, Teatro, Música, Performance e Artes Visuais têm colaborado com estudos relacionados a essa nova ciência. Em 2010, a partir da entrada para o Programa de Pós-Graduação Mestrado Cultura e Sociedade e dada a variedade de possibilidades de investigação que a Festa do Divino ainda apresentava, houve a necessidade de estendê-la para esta dissertação, porém agora 1 Vertente científica de cunho interdisciplinar surgida nos Estados Unidos dos anos 60 que engendra os diferentes modos de conceber a ciência realizada pelos grupos humanos. No campo da Etnocenologia já existem importantes estudos que evidenciam a importância da Etnociência como ferramenta de pesquisa nos estudos sobre manifestações humanas espetaculares.
As Joias Tradicionais Em Filigrana Nas Festas Religiosas De Natividade - Tocantins
Revista Escritas, 2019
Resumo O ofício da ourivesaria e a arte dos mestres filigraneiros, aponta Iphan (2007) não pode ser visto desatrelada de outras manifestações religiosas nativitanas, como a celebração do Divino Espírito Santo, a festa da padroeira Nossa Senhora da Natividade e a festa do Nosso Senhor do Bonfim, bem como a confecção de bolos e biscoitos de D. Naninha – está tudo entrelaçado: as festas, as práticas, personagens e saberes que identificam a cultura imaterial de Natividade. Desse modo, o presente artigo busca demostrar a relação das joias artesanais que marcam o espaço e lugar nativitano e as festas religiosas seculares e presentes no dia a dia e no imaginário local.
33ª Reunião Brasileira de Antropologia, 2022
Este artigo visa analisar duas iniciativas de associações étnicas italianas em Colombo, Região Metropolitana de Curitiba-Paraná, voltadas ao Talian, língua de imigração. Essa cidade teve sua formação a partir da emancipação de antigas colônias italianas nos arredores da capital paranaense, no final do século XIX. Na década de 1940, a sua população, como a de várias cidades que acolheram imigrantes dessa etnia, também foi alvo da Campanha de Nacionalização do Governo Vargas, que vetou o uso da língua italiana, assim como o alemão e o japonês. As marcas dessa repressão se refletiram no silenciamento dos falantes, que limitaram a transmissão da língua para as novas gerações. (CUNHA & GABARDO, 2020). Os movimentos de valorização da cultura imaterial, a partir dos anos 2000, possibilitaram o início de uma mudança neste cenário, que em 2014 repercutiu no reconhecimento do Talian como Referência Cultural Brasileira pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Em novembro de 2021, Colombo recebeu da Assembleia Legislativa do Paraná, o título de Capital do Talian. Nesse município, duas entidades se destacam na promoção de ações voltadas a esta língua: a Associação Italiana Padre Alberto Casavecchia e a Associazione Veneti nel Mondo-Colombo. Para além da institucionalidade formalizada por esse título, o artigo busca analisar dois eventos promovidos por essas associações: a Santa Messa in Talian e o Filò, realizados desde 2006, principalmente durante a Settimana Italiana di Colombo. O objetivo deles é o de sensibilizar a comunidade local sobre a importância da manutenção do Talian, cujas raízes remontam à formação do município. Ao esmiuçar essas práticas, percebe-se que essas associações se utilizaram da Santa Messa in Talian, enquanto tática e estratégia (CERTEAU, 2014), para chancelar a valorização desse patrimônio cultural imaterial perante a comunidade, tendo em vista o capital simbólico (BOURDIEU, 1987) que a prática religiosa católica para ela representa. Assim como a missa em Talian, a promoção do Filò pode ser também entendida como uma invenção das tradições (HOBSBAWN, 2020), na qual uma prática comum de imigrantes se visitarem é reinterpretada como um encontro de descendentes e interessados pela cultura para falar a sua língua de herança (ORTALE, 2016) e fazer memória de seus antepassados. Por fim, constata-se que essas apropriações e ressignificações de eventos públicos reforçaram a importância do Talian em Colombo e contribuíram, de certa forma, para galgar o reconhecimento pelo Governo Estadual.
O fado, gênero musical considerado canção nacional em Portugal, surge na periferia da cidade de Lisboa na década de 1840. A partir dos anos 1860, já é possível observá-lo circulando entre as diversas camadas da sociedade portuguesa. Este trabalho investiga duas “imagens” do fado compostas entre a segunda metade do século XIX e os primeiros anos do século XX, a fim de desemaranhar a tessitura que tramou tais retratos através do tempo. Busca-se, assim, demonstrar a historicidade na construção dos símbolos nacionais, bem como o caráter mutável do conceito de nação, através da apreensão dessas “imagens” do fado construídas em dois momentos da história de Portugal: ora como elemento incapaz de figurar como símbolo da nação portuguesa, ora como objeto cultural genuinamente português. Constituídas no contexto em que se percebe a alteração da perspectiva temporal de análise da história de Portugal, quando a intelectualidade portuguesa rompe com uma tradição passadista na concepção da nação e descortina a possibilidade de repensá-la segundo pressupostos com condições de consolidação no futuro, as “imagens” do fado em questão, defende-se, estiveram ligadas às “estéticas de recomposição identitária” desenvolvidas pela cultura portuguesa. Através da articulação das temporalidades expressas pelas categorias de “espaço de experiência” e “horizonte de expetativa”, aponta-se, assim, a elaboração das referidas “estéticas” por duas lógicas de pensamento vinculadas às ideias em torno de dois agrupamentos de intelectuais. A primeira, demarcada pela chamada Geração de 1870, de cunho cientificista ligado à corrente literária realista e a um modelo racional de nação de inspiração classicista-humanista, encontra síntese nas obras de Eça de Queirós, O Primo Basílio (1878) e A Ilustre Casa de Ramires (1900), nas quais o fado é desconsiderado como símbolo nacional. A segunda lógica de pensamento, atribuída à dita Geração de 1890, cujas ideias caracterizam-se por um viés nacionalista relacionado ao contexto pós-Ultimatum de 1890, ligada à corrente literária simbolista e a um modelo etnocultural de nação de inspiração romântica, estão presentes nas obras dos olisipógrafos Pinto de Carvalho, História do Fado (1903), e Alberto Pimentel, A Triste Canção do Sul (1904), nas quais o fado figura como expressão da “alma nacional”.
Fronteiras
O conhecimento sobre igrejas evangélicas tradicionais e pentecostais no Brasil, no ano que se comemora os 500 anos da Reforma Protestante, requer incursões em pesquisas que cercam as escritas históricas sobre esse campo religioso, realizadas em várias regiões do país. É com essa intenção que pretendemos apresentar, neste artigo, os estudos sobre igrejas evangélicas tradicionais e pentecostais no Tocantins, estado localizado na Região Norte do Brasil. Consideramos um texto dessa natureza importante no sentido de expor as pluralidades de estratégias e representações religiosas verificadas no campo evangélico brasileiro – um campo ainda muito complexo e lacunar. Partimos da premissa de que é necessário escrever sobre denominações religiosas tomando como ponto de partida os saberes sobre práticas de conquista de fiéis, formação de identidades, normatização de condutas, estruturas de poder, o gênero, entre outros, sempre com o cuidado de se explicitar as fontes e bibliografia utilizadas,...
Religiosidade afro-gaúcha e Folkcomunicação: discussões a partir do documentário Cavalo de Santo
Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación
Este artigo trata sobre religiões afro-gaúchas no campo da Folkcomunicação. Iremos observartrês festas tradicionais (Festa de Oxum, Festa de Iemanjá e Encontro de Quimbandeiros), apartir do documentário longa-metragem Cavalo de Santo (FICHTNER, CARAMEZ 2021),inspirado em livro homônimo. Para isso, evocamos autores clássicos, como Beltrão (2014) eMarques de Melo (2008), por meio de uma análise das imagens suscitadas pelo documentário.Entendemos que as festas configuram, de fato, expressões folkcomunicacionais e a análise dareligiosidade afro-gaúcha, sob o prisma da Folkcomunicação, é território fértil para novasreflexões no campo. PALAVRAS-CHAVE: Folkcomunicação ; Batuque ; Religião ; Festas .
O Profano No Território Sagrado Das Festas Religiosas Populares No Tocantins
Revista Temporis[ação] (ISSN 2317-5516)
Festas populares religiosas como as de padroeiros, as Folias do Divino Espírito Santo ou as Procissões e Romarias são características marcantes da cultura em todo território brasileiro, carregadas de sentidos e significados simbólicos e míticos e apresentam duas dimensões, a sagrada e a profana, cada uma com características próprias. O objetivo deste artigo é analisar a dimensão profana destas festas populares no estado do Tocantins a partir dos corpos e de suas sexualidades, tendo como base de discussão a geografia cultural (CORRÊA, 2009; MERLEAU-PONTY, 1994) e das religiões (ROSENDAHL, 2003; ELIADE, 2004) e, para isso, optou-se por uma revisão bibliográfica sobre o tema e trabalhos de campo, conversas informais com participantes e atores das festas e a observação direta durante a realização das festas. O problema da pesquisa se baseia no questionamento sobre até que ponto o corpo e a sexualidade que nele está presente impedem a experiência de viver sem pudor e culpa a sexualidade ...