Os mortos voltaram: Estratégias memorialísticas e literárias da morte no Jornalismo Narrativo (original) (raw)
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Representações de morte e desvio em narrativas jornalísticas da Amazônia urbana
O objetivo deste artigo é analisar como as narrativas jornalísticas produzidas na Amazônia Paraense apresentam as mortes por violência urbana, ancorando-as às representações sociais do bem e do mal, definindo e participando da construção social do fenômeno da violência e da rotulação de desviantes. As narrativas estão inseridas na rotina cotidiana de repercussões em um ambiente sociossimbólico, cujas representações sociais são alimento para as narrativas das mídias jornalísticas e são por elas alimentadas. Pensamos como a comunicação midiática rearranja o fenômeno, na produção de experiência social em uma cotidianidade. Analisamos as narrativas dos principais jornais impressos da região, Amazônia, Diário do Pará e O Liberal, cujo modus narrandi é permeado pela reiteração dualista das mortes por violência urbana, apresentadas como a morte inesperada dos bons e a morte naturalizada dos maus. Pensamos as representações sociais a partir do pensamento de Moscovici e Jovchelovitch, como sistema interpretativo formado por formas de conhecimento socialmente partilhadas, que ordenam e governam as condutas dos indivíduos, face aos objetos sociais da vida cotidiana, constituindo-a, por meio de processos de ancoragem e objetivação.
Morte anunciada: sentidos de memória e heterogeneidade no discurso jornalístico
In the ambit of Analysis of Discourse (French school), this article intends to investigate how the journalistic discouse enrolls senses as far as Dorothy Stang’s murder is concerned. Basing on the concepts of discursive memory and heterogeneity, we interpreted a linguistic corpus constituted by the first page of Folha de S. Paulo, as well as the electronic version Folha OnLine.
VI Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), 2008
O presente artigo analisa discursos do jornalismo que atribuem a denominação tragédia a classes específicas de fatos. A investigação abrange as estratégias que estabelecem o sentido trágico em acontecimentos que não cumprem com o principal valor-notícia referente à tal designação – a ver, o número de mortes. Como corpus representativo para tal reflexão analítica, são apresentados casos identificados jornalisticamente como tragédias, que foram alvo de ampla cobertura midiática em diferentes épocas: o caso “Isabella Nardoni”, em 2008; e o caso “Palace II”, ocorrido em 1998.
Considerando as significações da cultura presentes no interior das práticas sociais cotidianas e a comunicação como espaço privilegiado para esta observação, este artigo se propõe a traçar um caminho que percorre as diversas elaborações da morte como elemento expressivo na constituição do humano e do social, cujos sentidos se formulam, explicitam e circulam na enunciação das narrativas jornalísticas. Para reconhecer as tramas que compõem estas relações, faz-se necessário observar a concepção do homem como ser de cultura e ciente de sua finitude, bem como entender as relações e conseqüências desta consciência em sua organização social e orientação individual. A partir destas considerações, então, o artigo busca observar a participação da comunicação como instância que elabora, inscreve e reorganiza sentidos fundamentais para a construção da vida social.
JORNALISMO DESENHADO: A NARRATIVA DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS A SERVIÇO DAS REPORTAGENS
JORNALISMO DESENHADO: A NARRATIVA DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS A SERVIÇO DAS REPORTAGENS, 2013
O objetivo deste trabalho é analisar o Jornalismo em Quadrinhos, estilo de produção jornalística recente que une as técnicas de montagem de reportagens com o grafismo das histórias em quadrinhos. Com atenção a detalhes e uso de práticas como as entrevistas, o registro fotográfico e a análise de documentação, os quadrinhos – tradicionalmente associados com fábulas, super-heróis e outros devaneios infanto-juvenis – são tão válidos para a produção jornalística quanto o vídeo, o áudio ou a escrita. Atente para o fato de que não se objetiva provar uma dita superioridade dos quadrinhos ou ignorar suas limitações – é difícil pensar, por exemplo, num jornal diário com todas as notícias no formato de quadrinhos, devido em grande parte à demora com que sua parte artística, o trabalho do desenho em si, é montada. O que se pretende nessa monografia é simplesmente mostrar que os quadrinhos devem ser vistos sem preconceitos como mais uma mídia que serve ao propósito de enriquecer e aumentar a abrangência da produção jornalística. Para tanto, depois de realizada revisão bibliográfica – com destaque para os pensamentos de Muniz Sodré e Luiz Gonzaga Motta sobre narrativa -, serão analisadas as obras Notas Sobre Gaza, reportagem em quadrinhos de Joe Sacco, maior referência no gênero; e a brasileira Juventude: Tempo de Crescer, de Augusto Paim (texto) e Ana Luiza Goulart Koehler (arte), além da série de reportagens publicadas na seção Jornalismo em Quadrinhos da Revista Fórum, de autoria de CarlosCarlos(texto) e Alexandre de Maio(arte). Argumentamos que a linguagem dos quadrinhos usa de recursos narrativos que, ainda que não imediatamente reconhecidos como passíveis de serem usados no Jornalismo, são mais uma ferramenta para a construção do real que é a base mesmo das notícias e reportagens mais tradicionais.
Mortes que não comovem: o papel da narrativa jornalística na configuração de corpos abjetos
Nossa intenção neste artigo é refletir sobre as formas com que o poder disciplinar busca conformar os corpos dentro de uma matriz que exclui os sujeitos trans. A partir dessa inquietação partimos para uma problematização do papel do jornalismo e da narrativa jornalística na constituição e disseminação de sentidos que transformam os corpos desses sujeitos em corpos abjetos. Para tanto, iremos adotar um procedimento de leitura crítica das narrativas que tratam de assassinatos de travestis e transexuais à luz, principalmente, das discussões teóricas de Judith Butler, Michel Foucault e Paul Beatriz Preciado acerca da disciplinarização e normatização dos corpos na sociedade.
Jornalismo e Literatura – a Composição Das Memórias Naveanas
Revista SOLETRAS, 2009
Ao estruturar a sua obra, Pedro Nava valia-se de vasto material armazenado durante toda a sua longa trajetória. Dentre este material encontram-se fichas, organizadas pelo autor em formato de arquivo, fotografias, caricaturas, desenhos, diagramas e vários recortes de jornal, alguns do início do século passado, contendo informações valiosíssimas para a composição de suas memórias. O percurso encontrado na conexão entre os arquivos de Pedro Nava e as páginas de sua autoria fazendo uso desses registros, apresenta um conjunto de etapas, procedimentos, ações em sequência, que merecem atenção e são reveladoras de princípios, atitudes e modos de pensar que, seguidos, resultam em expansão da competência discursiva do autor. Nava nos mostra que é necessário construir espaços para anotações a fim de se codificar os elementos a serem transformados em componentes do discurso. Tais anotações que vão sendo reunidas compõem o conjunto que se designa documentação no sentido mais amplo.
Regrar O Tumulto Das Palavras, Pensar as Práticas De Escrita Da Narrativa Histórica
História da Educação, 2018
Pensei num labirinto de labirintos, num sinuoso labirinto crescente que abrangesse o passado e o futuro e implicasse de algum modo os astros. (BORGES, 2007). oltam os labirintos... Na ficção Borges inventa a imagem de um labirinto de labirintos. Na literatura ele pode assim jogar com as palavras e suas imagens refletidas. Não se trata aqui de fixar um sentido ou significado a essa invenção, mas de propor a epígrafe para pensar nosso ofício, irremediavelmente atado à costura de palavras em textos historiográficos. Haverá labirintos de labirintos nos processos em que estamos imersos como historiadores? Os labirintos das "palavras arquivadas" (FARGE, 1989), das palavras ditas e dos não ditos do passado e das palavras que escolhemos para fazer falar nossos arquivos e dispô-los em textos? A cada vez, a cada número, e não menos nesta edição 56 de História da Educação, o leitor poderá observar algumas "batalhas das palavras", na acepção de Jacques Rancière (2014). Umas palavras foram habilmente domadas, outras ainda estão em disputa ou em excesso, algumas estão desgarradas, perdidas, escorridas, mais outras orquestram uma arquitetura poética ou um hábil argumento que nos surpreende porque formula o não pronunciado até o momento. Assim, diversas estão habilmente costuradas, lançam luz a tramas complexas e inspiram a percorrer seus labirintos. V Hist. Educ. (Online) Porto Alegre v. 22 n. 56 set./dez. 2018 p.