Las escrituras del yo através del tiempo (original) (raw)
2012, Revista HISTEDBR On-line
Mnemosyne, um dos mitos mais antigos da cultura ocidental, mãe das nove Musas, nascidas de sua relação com Zeus, inspirou o título da obra organizada por Antonio Castillo Gómes e Verónica Sierra Blas, professores da Universidad de Alcalá, Espanha. Concedendo ao homem a capacidade da memória, Mnemosyne possibilitou aos autores a organização de uma obra cujo olhar está voltado à escrita de histórias de ontem e de hoje, repletas de lembranças e esquecimentos, de vida e morte, de amor e desamor. O subtítulo do livro-"as escritas do eu através do tempo"-remete às múltiplas formas de manifestação do eu, por meio de livros, cartas, livros de família, diários íntimos, autobiografias, memórias. O livro possui 418 páginas que contemplam dezoito artigos escritos por autores franceses, espanhóis, italianos, portugueses e brasileiros. Com editoração impecável, o trabalho agrupa os resultados de pesquisa em torno de cinco eixos: papéis domésticos, variações sobre o diário, memórias, escrita epistolar e outras representações do eu. Na introdução, Gómez ressalta que, para os fins da obra, não importa que memória e história sejam termos com significado diverso, uma vez que seu objetivo é "explorar as manifestações, formas e avatares dos escritos nos quais se identifica uma vontade maior ou menor de recorrer à escrita para buscar e ir construindo a identidade de quem escreve ou se dispõe a fazê-lo" (p. 12). Os artigos tratam de testemunhos ligados a uma memória eminentemente prática e instrumental, como também de manifestações de caráter mais íntimo, como os diários, a partir de pessoas de diferentes condições, articulando sua memória pessoal, familiar e social. O primeiro eixo, "Papéis domésticos", é composto por cinco artigos. Em "Maux dits, maux écrits: du soin de soi à l"attention aux autres dans les écrits du for privé français, XVe-XVIIIe siècle" (pp. 17-37), Sylvie Mouysset, da Université de Toulouse-Le Mirail, busca identificar as diferentes formas pelas quais se inscreve a doença nos livros de memória, com a menção dos males que afetam aqueles que integram o pequeno mundo do escritor. Os detalhes sobre a morte dos pais e as doenças que afetam as crianças se encontram em primeiro lugar, vindo em seguida a figura da esposa, mais frequentemente referida do que os esposos, são "memorizados" no livro de famìlia. Outros membros do clã familiar, parentes próximos ou longìnquos, verdadeiros amigos ("amis charnels") e empregados domésticos merecem também atenção dos chefes de família. Outra é a referência que esses autores fazem de sua própria história, porém, significando que muitas vezes estão ausentes de seu próprio livro. Dos escritos se extrai preciosos testemunhos dos laços que unem os seres, com manifestações de cuidados aos doentes em tempos de grandes epidemias, que contribuem para a história da vida privada. Daniel Piñol Alabart, da Universitat de Barcelona, escreve sobre "Salud, dinero y amor sobre el papel: usos domésticos de la escritura em Reus (siglos XVIII-XIX)" (pp. 39-54). De acordo com os estudos de Alabart, tudo o que se considera importante na vida pode ser resumido em três itens: a saúde, o dinheiro e o amor, a partir dos quais analisa os usos que lhes são dados na escrita dentro do círculo familiar. Foram analisados Revista HISTEDBR On-line Resenha