Política e poder na Antiguidade Tardia: uma abordagem possível. (original) (raw)
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Cultura política e administração na Antiguidade Tardia
Os Curiales eram autoridades importantes na administração das cidades do Império Romano durante o período da Antigüidade Tardia. Em Antioquia, podemos observar que os Curiales estiveram no centro de alguns eventos importantes como, por exemplo, o Levante das Estátuas. Libânio, o imperador Juliano, Amiano Marcelino e o Código Teodosiano oferecem dados ricos sobre Antioquia e acerca dessas autoridades municipais que ainda merecem uma investigação mais detida sobre sua educação, seu papel durante o século IV d.C., sobre os problemas e os conflitos em torno dos Curiales sob um ponto de vista diferente. Logo, nos propomos, no espaço deste artigo, refletir sobre a Cúria e os Curiales de Antioquia de modo a compreender os problemas que cercavam os Curiales dessa cidade a partir da perspectiva de Libânio e recorrendo à documentação de Juliano e ao Código Teodosiano. Palavras-Chave: Antigüidade Tardia; Império Romano; Conflitos sociais.
Autoridade episcopal e conflito político na Antiguidade Tardia
Nesse artigo, tempos por finalidade discutir alguns aspectos referentes à afirmação da autoridade episcopal na Antiguidade Tardia, centrando nossa análise na atuação dos bispos como líderes que apresentam, entre os séculos III e V, uma preocupação recorrente com tudo aquilo que, em sua opinião, coloque em risco a integridade da Igreja, não apenas em termos de doutrina.mas também em termos disciplinares, o que os leva a investir em discursos e práticas visando a restabelecer a ordem na congregação. Nosso propósito é lançar alguma luz sobre a atuação dos bispos no cotidiano, destacando os desafios do cargo episcopal num momento de transição entre duas fases da Igreja, uma marcada pelo estranhamento com o poder imperial e outra na qual o cristianismo, embora reconhecido como religião oficial do Império, não deixa de suscitar pontos de divergência com as autoridades públicas. Para tanto, tomaremos como estudo de caso dois bispos que desempenharam, na Antiguidade Tardia, um importante papel no sentido de reforçar a autoridade episcopal: Cipriano, bispo de Cartago entre 249 e 258, e João Crisóstomo, bispo de Constantinopla entre 397 e 404.
DA TEORIA À PRÁTICA POLÍTICA: O EXERCÍCIO DO PODER NA ANTIGUIDADE TARDIA.
Revista de História Helikon, 2014
Ao estudarmos períodos tão recuados como a Antiguidade Tardia (séculos II – VIII) deparamo-nos com personagens portadores de grande prestígio e autoridade, como os imperadores romanos e os reis romano-bárbaros. Contudo, devemos recordar que tais indivíduos dificilmente governariam sozinhos, contado com apoio de outros aliados, os grupos aristocráticos e nobiliárquicos, com os quais partilhariam sua autoridade. Esse estudo pretende avaliar como o poder dos imperadores e reis tardo antigos era de facto exercido e quais seriam os mecanismos políticos por eles utilizados para alcança-lo. Para tanto, utilizaremos exemplos limitados cronologicamente entre o reinado de Trajano (98-117) e o regnum gothorum da Aquitania (418-507). The study periods as indented as Late Antiquity (II - VIII centuries) we find characters bearers of great prestige and authority as the Roman emperors and Roman-barbarian kings. However, we must remember that such individuals hardly govern alone, counted with the support of other allies, the aristocratic nobility, groups with whom they would share their authority. This study aims to assess how the power of emperors and kings late antique was de facto exercised and what are the policy mechanisms used by them to reach it. To this end, we use examples chronologically limited to the reign of Trajan (98-117) and Gothorum Regnum of Aquitaine (418-507).
Administração Imperial e aquisição de poder na Antiguidade Tardia
Com base na análise comparativa entre o Código Teodosiano, especificamente as leis promulgadas no IV século, e os discursos De Regno e De Providentia de Sinésio de Cirene, produzidos por ocasião de sua embaixada a Constantinopla, refletimos sobre as estratégias de aquisição de poder político no Império Romano tardio, tendo em vista os mecanismos institucionais legais e não-legais que asseguravam o ingresso a cargos políticos na administração imperial e de que maneira tais mecanismos reafirmaram a teoria de declínio do Império Romano pela historiografia contemporânea.
Religião, Filosofia e Poder na Antiguidade Tardia
Eunápio de Sardes é um sofista grego que prestou serviços à administração imperial no âmbito municipal de Sardes, cidade localizada na província da Ásia Menor, sob o reinado do imperador Juliano (Exc. De Leg. Gent. 3apud BLOCKLEY, 1983,p.35). Tornou-se conhecido como biógrafo a partir de 399 d. C. com a publicação de "Vidas de filósofos e sofistas", no interior da qual encontramos a coleção de biografias de 13 filósofos, 13 sofistas e 4 médicos, todos neoplatônicos, que viveram antes de Eunápio e, em sua maioria, contemporâneos a ele. Conforme indicamos, investigaremos, nessa obra, a intencionalidade dos artifícios retóricos apregoados, por Eunápio, à edificação da figura dos neoplatônicos da Ásia Menor no cenário político da sociedade romana oriental tardia, entre eles, a emergência do "homem divino" ou a divinização das realizações pessoais dos neoplatônicos biografados na administração imperial, o dom de receber presságios e, por fim, a valorização de acontecimentos políticos atinentes à cultura clássica grega, os quais são mencionados pela historiografia, em geral, como principal característica da Segunda Sofística. Há, no entanto, poucos estudos que associam tais construções literárias ao clima de competitividade política entre as elites cristãs e não-cristãs no final do IV século, fato que nos levou a refletir sobre o tema.
Romanos, bárbaros e a História Política na Antiguidade Tardia
Heródoto: Revista do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Antiguidade Clássica e suas Conexões Afro-asiáticas
Existem convenções historiográficas que guiam o trabalho do historiador. Dentre elas o balizamento da cronologia histórica é, sem dúvida, uma das mais importantes para que se possam oferecer explicações mais precisas sobre os tempos curto, médio e longo imersos no âmbito da temporalidade da História. Inserida no espectro temporal situado entre o passado helenístico e o medieval, a Antiguidade Tardia (séculos III – VIII) vem ganhando destaque no último meio século desde a renovação dos estudos socioculturais proposta por Peter Brown. No início do século XXI, associado aos movimentos políticos e institucionais ocorridos no final da centúria passada, se propôs um novo “giro” ao estudo da História política e institucional que colocou no centro do debate historiográfico sobre a Antiguidade Tardia tanto o Império Romano tardio (séculos III – VI) como as monarquias romano-bárbaras (séculos V – VIII) nos territórios romanos ocidentais. Como estas entidades político-institucionais foram forj...
Boatos, Crises e Oportunidades Políticas Na Antiguidade Tardia
História (São Paulo), 2016
RESUMO Comparado à organização política do Principado, o regime imperial da Antiguidade Tardia obteve um controle muito maior sobre a circulação da informação política em decorrência da centralização do poder e do número ainda maior de funcionários qualificados dedicados a coligir, cotejar e recuperar informações em todo o Império. Ainda assim, a vastidão do Império Romano e a lentidão das comunicações continuavam a representar as principais ameaças ao poder absolutista, especialmente nos momentos de crises políticas, quando a própria ausência de informações oficiais alimentava os canais subterrâneos e incontrolados de notícias. Do ponto de vista da plebe urbana e dos atores políticos locais, o recurso a essas notícias clandestinas que nós chamamos de "boatos" podia representar uma tentativa de avaliar a abertura de oportunidades para a ação em um ambiente político marcado por uma profunda incerteza. O objetivo deste artigo é explorar como a plebe urbana, as facções religi...
A Ideia de História na Antiguidade Tardia
CRV, 2021
Editora CRV-versão do autor-Proibida a impressão JERÔNIMO DE ESTRIDÃO: um intelectual tardo-antigo no qual a História Providencial, Teologia e a Política providenciais deveriam estar a serviço da consolidação ecumênica da Igreja Cristã .