Nada em cima de invisível: Esaú e Jacob, de Machado de Assis: as aventuras do dinheiro na transição do Império à República (original) (raw)
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As vozes sem boca no manuscrito do cenógrafo Machado de Assis: Esaú e Jacob
Doutorado, FFLCH-USP, 2016
Resumo: Esta tese dedica-se ao estudo enunciativo das rasuras presentes no manuscrito de Esaú e Jacob, conservado na Academia Brasileira de Letras, por meio do qual se pretende problematizar os mecanismos de construção do sentido da obra e da ironia em Machado de Assis. Para tanto, parte-se da análise do binômio aqui denominado de o manuscrito da ficção e a ficção do manuscrito. No primeiro eixo, apresento uma descrição crítico-genética do manuscrito do referido romance e de alguns dos demais manuscritos do autor contendo marcas de algum trabalho de escrita para, em seguida, lançar-me na análise enunciativa das rasuras operadas no manuscrito, observando de que maneira ocorre uma problemática construção da voz narrativa e do agenciamento discursivo das vozes, apoiando-me mormente nas teorias de Émile Benveniste e de Jacqueline Authier-Revuz. No segundo eixo, na esteira sobretudo das análises de Abel Barros Baptista e de José-Luis Diaz, dedico-me ao estudo do autor ficcional, buscando observar em que medida tal recurso romanesco delineia uma complexa imagem autoral e define uma postura enunciativa que inviabiliza a percepção do autor como garantia do sentido do romance e, consequentemente, da ironia, desestabilizando a significação de forma ampla, mas fazendo com que seja recolocada a questão do corpo e da voz da literatura, além de permitir uma possível abertura em direção a novas partilhas do sensível, tal como indica Jacques Rancière. This thesis is devoted to the enunciative study of the deletions present in the manuscript of Esau and Jacob, preserved in the Brazilian Academy of Letters, whereby I intend to question the mechanisms of meaning construction and the mechanisms of irony in the work of Machado de Assis. For this purpose, an analysis is based on the binomial denominated, here, the manuscript of fiction and the fiction of the manuscript. In the first part, I present a description from a genetic criticism perspective of the referred novels manuscript and other manuscripts from the same author containing signs of a certain working of writing. I proceed to the enunciative analyses of the deletions done in the manuscript, observing how a problematic construction of the narrative voice and a discursive arrangement of the voices occur, basing myself mainly on Émile Benveniste and Jacqueline AuthierRevuzs theories. In the second part, following chiefly Abel Barros Baptista and JoséLuis Diaz analyses, I dedicated myself to the study of the fictional author, aiming to examine to what extent this fiction resource delineates a complex authorial image and defines an enunciative posture that makes infeasible the authors perception as the guaranty of the meaning of the novel and, consequently, the irony. This unbalances the signification widely, but reestablishes the matter of the body and the voice of literature and also enables a possible path towards new distributions of the sensible as Jacques Rancière suggests.
Niilismo Político e galhofa em Esaú e Jacó, de Machado de Assis
O objetivo geral deste artigo é argumentar que o niilismo político é um leitmotiv do romance "Esaú e Jacó", aparecendo como perspectiva a ser galhofada. A principal reivindicação do presente estudo é que Machado de Assis teve uma aguda consciência do caráter complexo e multifacetado da presença do niilismo em seu tempo. The main purpose of this paper is to argue that nihilism is a leitmotif of Esau and Jacob, presented as a perspective to be mocked. The fundamental claim is that Machado de Assis had an acute awareness of the complex and multifaceted nature of the presence of nihilism in his time.
O narrador em abismo: uma análise de Esaú e Jacó, de Machado de Assis
Graduando: entre o ser e o saber, 2020
Elegemos como corpus para este artigo o romance Esaú e Jacó (1904), de Machado de Assis. O livro, aparentemente contado por um narrador onisciente, se debruça sobre a vida de dois irmãos gêmeos, Pedro e Paulo, marcados pela rivalidade desde o nascimento, e a paixão que ambos nutrem por Flora. Entretanto, ao romper com inúmeras características do gênero e com as expectativas do leitor, ele inventa um modo próprio de discurso ficcional. Assim, objetivamos analisar de que maneira se constitui o narrador e quais são as implicações da construção dessa categoria narrativa para a percepção da estória pelo leitor. Metodologicamente, realizamos uma revisão bibliográfica da fortuna crítica da obra e de discussões sobre o narrador. Concluímos que, por trás de um pretenso narrador onisciente, há, na verdade, um personagem da obra: o Conselheiro Aires, o que retira o caráter imparcial do texto. Machado de Assis surpreende por disfarçar a não confiabilidade de seu narrador ao distanciá-lo, no momento da enunciação, da estória da qual ele fez parte.
A (des) construção do romance e a revelação da escrita em "Esaú e Jacó", de Machado de Assis
O artigo busca analisar o romance Esaú e Jacó, de Machado de Assis, levando em conta a fragmentação da narrativa em unidades menores denominadas por André Jolles como formas simples. Partindo de leituras consagradas como as de Eugênio Gomes, Alexandre Eulalio, John Gledson e Roberto Schwarz, este trabalho propõe como principal hipótese a de que o romance é composto em movimento de dissolução da narrativa em estruturas textuais cristalizadas e de ressignificação dessas unidades menores. Também propõe estabelecer uma leitura cruzada com Memórias póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro, no intento de verificar a existência desses procedimentos nas obras anteriores do escritor.
Em demanda da identidade: a duplicidade em Esaú e Jacó de Machado de Assis
2000
Ao Professor Doutor Arnaldo Saraiva pela amizade e paciência que me dispensou e pelas obras que gentilmente me disponibilizou. Agradeço, ainda, o facto de ter sugerido e estimulado este trabalho, bem como todo o interesse que sempre lhe dedicou. À Professora Doutora Maria de Fátima Marinho e ao Professor Doutor Luís Adriano Carlos pelos novos horizontes que abriram com os seus interessantes seminários. À Dr 3 Graciete Vilela e ao Professor Doutor Mário Vilela pelo estímulo, pela amizade e pela vasta biblioteca que colocaram à minha disposição. Aos colegas deste Curso de Mestrado porque sabem tão bem como eu quão difícil é enfrentar e ultrapassar este desafio. Uma menção especial para a Marta Norton, companheira de viagem que me abriu a porta às questões do sujeito. Aos meus alunos do passado, do presente e do futuro porque são os destinatários últimos deste esforço. À minha família e aos meus amigos pelo apoio dado a este projecto. À Teresa, que comigo embarcou nesta aventura, pela amizade de sempre. Aos meus pais, a quem tudo devo, por serem quem são. Ao Sérgio, pela paciência, pelo espírito de sacrifício, mas sobretudo pelo amor sem limites.
Bem-aventurados os que leem: formas simples em Esaú e Jacó, de Machado de Assis
O presente estudo propõe-se a analisar o romance Esaú e Jacó, de Machado de Assis, levando em conta a fragmentação da narrativa em unidades menores denominadas por André Jolles como Formas Simples. Tal procedimento resulta na composição do romance como um mosaico faz com que o processo composicional se sobreponha à história que se conta. Partindo de leituras consagradas como as de Eugênio Gomes, Alexandre Eulalio, John Gledson, Roberto Schwarz e Hélio de Seixas Guimarães, este trabalho propõe como principal hipótese a de que o romance é composto em movimento de dissolução da narrativa em estruturas textuais cristalizadas e de ressignificação dessas unidades menores. Propomos que tal estrutura se apresenta como forma ideal para a reflexão proposta por Machado de Assis à medida que corrobora a visão desalentadora do processo de transição do Império para a República no Brasil do século XIX e suas implicações no cotidiano burguês e individualista da sociedade carioca.
Tapas e Beijos Em Esaú e Jacó: Uma Leitura De Machado De Assis
faat.com.br
O presente estudo buscou, no romance machadiano de sua última fase, Esaú e Jacó, as referências à tradição literária presentes no texto para executar paralelismo entre as situações vividas pelas personagens. Ao fazê-lo, verificou-se que as referências bíblicas, clássicas e românticas relacionadas às cenas do romance, ainda que semelhantes, quando colocadas lado a lado, destacam o que há de diferente, o que desprestigia, expondo as mazelas e iniqüidades da sociedade brasileira do final do século XIX.
Um para o outro: um conto inédito de Machado de Assis
Remate de Males, 2010
Com base nas condições de produção literária oferecidas pela revista A Estação (1879-1904), este trabalho propõe uma análise do conto “Um para o outro” (1879), o qual permaneceu parcialmente perdido durante os cem anos decorridos da morte de Machado de Assis. Situado no ponto de convergência das polêmicas fases de produção, o interesse de examinar esse conto, recentemente recuperado, está na possibilidade de redefinir os conceitos críticos estabelecidos em torno dessa dicotomia. Investindo numa perspectiva dialética que considere a interação entre aperfeiçoamento e permanência, pretende-se demonstrar que, no período de criação das inusitadas Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis continuaria a incorporar em sua ficção os influxos das demandas imediatas de cada meio de divulgação literária a que estava vinculado.
Tolo ou todo-poderoso? – leituras em torno de Machado de Assis e a escravidão
Revista De Letras, 2008
Machado de Assis’s understanding of slavery and mainly of the abolitionist process is in the core of the readings which support a close linkage between Assis’s literary work and Brazilian society under the Second Reign. Such understanding is not, however, consensual among experts on the writer’s work. The issues dealt with in this paper concern the different visions of how Assis portrayed abolition and the slaves themselves, as well as the relation such visions bear with historiography of slavery in Imperial Brazil. Keywords: Critique of Machado de Assis. Historiography of slavery. “Bons Dias!”.