A respeito da recepção de Levinas no Brasil: encontro com Luiz Carlos Susin (original) (raw)

A recepção da obra de Lucien Goldmann no Brasil

Anais do X Seminário Nacional Sociologia & Política, 2019

Este trabalho trata sobre a recepção da obra de Lucien Goldmann no Brasil a partir dos seguintes autores: Carlos Nelson Coutinho, Leandro Konder, Michael Löwy e Celso Frederico. Tais autores não foram escolhidos de forma arbitrária, mas considerando seus papeis imprescindíveis na difusão das obras de Goldmann. Consideramos que Coutinho e Konder foram os responsáveis pelo pontapé inicial da divulgação das obras deste intelectual a partir dos anos 1960; Löwy, por sua vez, surge como um “discípulo”, utilizando-se dos conceitos goldmanianos; Frederico, por fim, aparece como alguém que resgata Goldmann nos anos 2000, apresentando seus principais conceitos de modo vasto, mas a partir de uma lente crítica de matriz lukácsiana. Para expor tais elementos, primeiramente apresentaremos um panorama histórico do momento da introdução da obra deste autor no Brasil. Em seguida, exporemos as abordagens de Konder, Coutinho, Löwy e Frederico em relação a Goldmann. Por fim, em nossas considerações finais, apresentaremos a especificidade de cada autor em suas abordagens do intelectual estudado.

“A mais importante visita recebida até agora pelo ishuv do Brasil”: Polêmicas acerca da visita de Nachum Levin ao Brasil

WebMosaica, 2017

resumo O presente artigo tem como intenção analisar a visita do importante dirigente sionista Nachum Levin ao Brasil. Apesar de pouco documentada, a vinda do dirigente sionista ao país promove um dos rimeiros encontros entre a comunidade judaica brasileira (no caso a fluminense) e dirigentes sionistas, após a criação do Estado de Israel. Este primeiro encontro não passou sem obstáculos e desentendimentos. Perspectivas típicas do sionismo clássico colidiram com posicionamentos de uma comunidade tradicional e, apesar de sionista, extremamente vinculada com os valores do judaísmo diaspórico. palavras-chave Sionismo; Comunidade Judaica; Brasil; Diáspora; Nachum Levin. abstract This article has the intention to analyze the important visit of the Zionist leader Nachum Levin to Brazil. Despite the lack of documentation, the Zionist leader's presence in the the country promotes one of the earliest encounters between the Brazilian Jewish community (in the case from Rio de Janeiro) and Zionist leaders, after the creation of the State of Israel. This first meeting did not occur without obstacles and misunderstanings. Typical perspectives of classical Zionism clashed with views of a traditional and, albeit Zionist community, extremely tied to the values of diasporic Judaism.

Liberdade e proximidade em Levinas

Veritas (Porto Alegre)

O objetivo deste artigo é mostrar que a concepção de liberdade situa-se no rol da crítica levinasiana à ontologia ocidental e no cenário da ética como filosofia primeira. Levinas concebe, então, a liberdade como acolhimento do Outro. A liberdade deve cessar de manter-se na certeza solitária da supremacia do Mesmo sobre o Outro. Assim, Levinas distancia-se da ontologia e recorre à proximidade não como estado de consciência que conceitua, mas como relação proximal que clama por justiça e responsabilidade. PALAVRAS-CHAVE – Levinas. Liberdade. Proximidade. Ética. Ontologia. Justiça. Outro. ABSTRACT The aim of this article is show that the conception of freedom lies in the roll of levinasian’s critique on the occidental ontology and on the scenery of ethics as first philosophy. Levinas conceives freedom as reception of Other. The freedom must cease maintaining on the solitary certainty of the Same’s supremacy above Other. Consequently Levinas distances himself from the ontology and runs ...

Levinas na filosofia brasileira: legados e perspectivas

2019

Vivemos em tempos de mutações. As transformações por que passamos no campo do conhecimento, das relações humanas, da cultura, do direito e da própria ética mostram uma transitividade que não conta mais com a busca de estabilidade e identidade que nortearam o modo de pensar do Ocidente. O tempo, que até então tinha uma direção e apontava para uma finalidade, que permitia ao ser humano confiar no progresso e na melhoria da humanidade, compreende-se hoje como experiência de pura finitude. "Entramos bruscamente num tempo que não vai a lugar nenhum. Talvez seja um bem, talvez não, pois que nada mais tem sentido" 1. Eis por que nossa época se compreende como um oceano de possibilidades em que vários tipos de tentação emergem. Por exemplo: é nítida a aspiração que hoje temos de transformar a realidade humana, corporal e vulnerável, recorrendo a um aparato biotecnológico cada vez mais sofisticado, capaz de mudar radicalmente nossa pobre e frágil condição. O problema, a nosso ver, não está nos recursos, nas possibilidades, nos meios disponíveis ou passíveis de construção, mas na aceitação acrítica das mutações e do que elas pretendem oferecer aos não excluídos do mundo do consumo. Por medo ou insegurança, podemos ser tentados a conferir estabilidade àquilo que, por essência, está destituído de toda fixidez. Pode-se, assim, afirmar que os tempos de mutações se caracterizam por um paradoxo. Tratase de uma época que anuncia e enuncia, a uma só vez, pelo menos duas possibilidades contrastantes: a) o desejo de hibridação com a alteridade (transumanismo), isto é, a relação com o outro (com a própria natureza) sob a forma de autocriação infindável e imprevisível, dando continuidade ao primado do mesmo em detrimento da alteridade; b) a tomada de consciência de que sempre podemos falar, agir, testemunhar, responder pelo dano que causamos ao mundo, ao outro ser humano e à própria natureza. O eu respondente é imune a toda hibridização! Enquanto tal, é capaz de assumir a responsabilidade pelo sofrimento de tantas vítimas de nossa história. Ser eu é poder despertar para o fato de que estamos sempre às voltas com uma espécie de juventude e desregramento, com um Dizer capaz de se desdizer. "Juventude que é ruptura do contexto, palavra que decide, palavra nietzschiana, palavra profética, sem estatuto no ser, mas sem arbitrariedade, pois brotada da sinceridade, quer dizer, da própria responsabilidade pelo outro" 2. Ora, com tal desregramento não se anuncia uma inconsequente defesa do caos, o enaltecimento do não-sentido, mas sim uma luta interminável contra a possível desconstrução do humano. Juventude de uma palavra balbuciada, enfronhada num autoerotismo, mas, em todo caso, abertura de um espaço de encontros e busca de alteridade. Busca que IV Seminário Internacional Emmanuel Levinas procurou incentivar, coordenar e possibilitar. O tema fala por si só: "O sentido do humano: ética, política e direito e tempos de mutações". As conferências desse volume que ora apresentamos retratam, com maestria e vigor filosófico ímpar, os desafios que o título do evento anuncia. São trabalhos que abordam temas desafiadores de uma época sem bússola: o tempo messiânico que nos individua como subjetividades respondentes, a ideia filosófica de cultura, o tema da idolatria da razão, as relações da ética com o direito, a política, a sociedade em geral. Esperamos que a leitura dessas belas e notáveis conferências possa despertar o leitor para a fecundidade de um diálogo com um modo de pensar que se tornou, hoje em dia, um novo paradigma filosófico.

Entre a literatura e a filosofia: pensar com Levinas é pensar além

2020

The encounter between literature and philosophy in the work of Emmanuel Levinas, is the focus of our attention here. Far from trying to exhaust the topic, but seeking to understand their relationships and showing points where these two activities intertwine, the intention that guides us is to indicate from which perspectives literary action influences Levinas. In fact, in many of his theses there is a close relationship with what already vibrates as "insigths" in classic works of literature, mainly those of Russian literature. Alongside the sacred scriptures of Judaism, literature is also a source of inspiration for the theses that throughout his work he will defend. The interest is also to highlight how enriching it is when thinkers join other areas of knowledge, as is easily demonstrated in history. Literature is for Levinas the place where we connect to the thrill of life, the locus of the pulse of something that can, yes, animate the philosophical doing and, more than that, discourse capable of making one's own thinking go further.

Sobre a Recepção De Spinoza No Brasil

2020

Pelas condições materiais ao CNPq, ao Departamento de Filosofia da PUC-Rio, bem como à Biblioteca Central desta instituição e seus funcionários. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-Brasil (CAPES). Código de Financiamento 001. Agradeço pelos ensinamentos e orientações, ao corpo docente do Departamento de Filosofia da PUC-Rio e à funcionária Edna. Pela amizade generosa, agradeço aos professores Jefferson da Costa Soares, Nythamar de Oliveira, Edgard José, Maxime Rovere e Remo Mannarino Filho. Em especial, agradeço a disponibilidade dos professores que participaram da Comissão examinadora. Aos meus pais, pela educação, atenção e carinho de todas as horas. Aos meus colegas da PUC-Rio e aos amigos e familiares que me incentivaram.

Levinas e a Educação

Revista Sul-Americana de Filosofia e Educação (RESAFE)

Objetivamos, neste texto, estabelecer uma aproximação entre ética e educação, a partir do pensamento de Levinas. Apresentaremos uma (re) avaliação crítica da pedagogia da Totalidade, fundada no saber técnico-instrumental, ensinada pela maestria do Mesmo. Demonstraremos que Levinas não é só um crítico da filosofia e pedagogia tradicional, mas que sua reflexão abre vias para se pensar os desafios da educação contemporânea, recolocando a urgência do resgate de um outro-modo-de-ser pedagógico, fundamentalmente, Ético. Defenderemos que a grande contribuição de Levinas para a educação, consiste na (re)significação de um outro modo de Ensino, agora fecundamente baseado e fundado no ensinamento proveniente do Outro, enquanto condição ético-crítica de todo o saber.