Historiografia e poder: o valor da história, segundo o pensamento de Isidoro de Sevilha e de Valério do Bierzo (Hispania, século VII) (original) (raw)

Legitimidade e poder da realeza hispano-visigoda, segundo a Historia Wambae de Juliano de Toledo (segunda metade do século VII).

The Hispano-Visigoth Kingdom of Toledo can be considered as a typical institutional setting of Late Antiquity. The century marked between the conversion of the Goths to Catholicism (589) and the rebellion against the Duke Paul King Wamba (672) was characterized by various attempts at usurpation of royal power, demonstrating an intense dispute between the various aristocratic and nobility groups that questioned the authority and the legitimacy of kingship. Advocated by ecclesiastical segments of the kingdom, the Hispano-Visigoth royal councils met in an important vehicle to enhance their theoretical and ideological supremacy over the whole of Gothicae Gentes. This ecclesiastical environment important authors defended the legitimacy and power of the Hispano-Visigoth kingship emerged, among which the bishop Julian of Toledo, author of an interesting historical work, the Historia Wambae, source showed that the victory of legitimate and sacred princeps Wamba on the infidel and traitor Duke Paul.

Religiosidade e Cultura literária na Hispania em época Visigoda: um estudo a partir do pensamento de Isidoro de Sevilha

Revista Trilhas da História

É bem sabido pelos especialistas que o final do século VI contemplou um processo de profundas transformações na vida social, política e cultural da Península Ibérica. Nada é mais característico da Espanha visigótica dessa época, desde o ponto de vista da cultura, que esse conjunto de transformações, que podem ser interpretados como uma forma de “renascimento”, impresso nas variadas ordens daquela sociedade. Este renascimento que havia se iniciado por obra de insignes eclesiásticos, atingiu seu auge no século VII, do qual nossa referência maior é, sob todos os prismas, Isidoro, bispo de Sevilha, representante máximo da vida política e cultural do reino de Toledo. À luz dessas observações, o presente artigo objetiva analisar esse desenvolvimento do horizonte cultural na Hispania Visigoda através da atuação e do legado cultural e religioso deste eminente prelado.

Reflexoes sobre um projeto de pesquisa em História comparada: hagiografia, sociedade e poder na Península Ibérica medieval

2011

Desde fins de 2008 coordenamos o projeto coletivo de pesquisa intitulado Hagiografia, sociedade e poder: um estudo comparado da produção visigótica e castelhana medieval, envolvendo alunos de graduação, pós-graduação e egressos. Esta investigação foi proposta visando à articulação de dois projetos de pesquisa coletiva já em curso, a saber, O processo de organização eclesiástica e a normalização da sociedade nos reinos suevo e visigodo: perspectivas analítica e comparativa e Hagiografia e História: um estudo comparativo da santidade. Ao desenvolvermos este projeto, temos como principais metas: o aprofundamento do estudo das hagiografias medievais ibéricas em perspectiva comparada, em harmonia com a área de concentração do Programa de Pós-graduação em História Comparada – PPGHC, em que atuamos; a consolidação do Programa de Estudos Medievais da UFRJ como um núcleo de estudos sobre a hagiografia, a normatização da sociedade e as relações de poder na Idade Média, e a formação de novos p...

CONSIDERAÇÕES SOBRE O DEBATE HISTORIOGRÁFICO ACERCA DO PODER ECLESIÁSTICO NO REINO DE TOLEDO (IV-VII)

Ensinar e Aprender Idade Média, 2021

Esta comunicação é fruto de reflexões preliminares acerca da revisão das relações estabelecidas entre a Igreja e a aristocracia no contexto do Regnum de Toledo. A opção por tal estudo se dá por que tal dinâmica se insere no âmbito dos elementos de caracterização da aristocracia visigoda. A instituição religiosa que se apresenta no contexto supracitado seria composta, portanto, por facções da mesma classe aristocrática. As relações entre aristocratas laicos e religiosos, para além das questões metafisicas, estão ancorados, em grade medida, em relações concretas, que impactam nas relações de produção e nas forças produtivas. Assim, deve se ter em vista que a distribuição de riquezas, direitos e privilégios entre os aristocratas religiosos e laicos na sociedade visigoda tem por meta a sedimentação, reforço e reprodução do poder entre os membros desta classe dominante. Por fim, se deve considerar que esta comunicação, por ter como premissa teórica o materialismo histórico, busca uma compreensão geral da classe aristocrática visigoda segundo seu lugar nas relações de produção. O que implica em considerar que as formas de dominação e apropriação do excedente das classes exploradas estão condicionadas às conjunturas históricas em que aquelas se estabelecem. E ainda que no caso do reino visigodo aqui analisado tais modalidades de domínio se impõe, de forma equivalente, tanto pelos os bispos, quanto os leigos aristocratas.

Isidoro de Sevilha nos legendários abreviados mendicantes hispanos do século XIII: uma abordagem historiográfica em perspectiva comparada

Anos 90, 2021

Isidoro de Sevilha, falecido em 636, foi alvo de veneração durante todo o medievo. Contudo, com a trasladação das suas relíquias de Sevilha para Leão, ocorrida em 1063, diversas legendas, que sistematizaram e transmitiram novas informações sobre o Sevilhano, começaram a ser compostas. Desta forma, ocorreu a ampliação da memória hagiográfica sobre o bispo, finalizada na primeira metade do século XIII. Nos capítulos dedicados ao prelado nos legendários abreviados elaborados na Península Ibérica na segunda metade desse século pelo Dominicano Rodrigo de Cerrato e o Franciscano João Gil de Zamora, tais memórias são incorporadas. Por meio da comparação desses dois textos, em perspectiva historiográfica, foram identificados aspectos comuns e particulares, que foram analisados à luz do contexto de produção. A conclusão proposta é que os legendários imprimem sentidos distintos à figura de Isidoro. Enquanto o cerratense apresenta o bispo como um santo com perfil universal, o egidiano delineia um santo com uma vinculação particular com a monarquia castelhano-leonesa.

O Impacto da Promagistratura de Júlio César na Hispania Ulterior (61-60 a.C) : um confronto entre a literatura clássica e os dados arqueológicos

2024

It was sought to develop the knowledge about the promagistracy of Julius Caesar in Hispania Ulterior (Farther Spain), in 61-60 BC., through the confrontation between the classical literary productions and the archaeological record, analysing, above all, its impact to the peninsular communities. The classical literature tells us that Julius Caesar was in need of paying debts and pursuing the consulship at Rome. To achieve that goal, he marched against the Lusitanians and executed a naval incursion with the assistance of Gades to the northwest of the Iberian Peninsula. As a result, he obtained the right to a triumph and the acclamation by the troops as Imperator. To the accomplishment of this work, we recurred to the literary and archaeological records to delineate the study of certain archaeological sites that provided evidences to understand this period of time. Until recently, the majority of the studies that dwelled about this chronological stamp didn’t reflect the archaeological inquires, yet these have been adding up since the final decades of the 20th century. Therefore, the objective of the thesis was the archaeological clarification of the economical and sociocultural transformations in the post-sertorian period. It was considered that the presence of Caesar in the Ulterior was due to political propaganda in way to obtain the consulship. Within the archaeological scope, we’ve come to notice that several of the observed transformations occurred due to certain consequences resultant of the Sertorian Conflict, as for example at the level of the military and amphora sets. In regard to the Northwest, it was analysed the dichotomy between the regions of Rías Baixas and the Artabrian Gulf, whilst recognising the plausible impact that Caesar’s campaign might have provoked in both territories.

COMO SE ESCREVIA A HISTÓRIA NO SÉCULO XVII: O USO DOS TRATADOS ESPANHÓIS, ITALIANOS E FRANCESES PELOS HISTORIADORES PORTUGUESES

Revista de História Universidade de São Paulo, 2020

Ana Paula Torres Megiani e André Sekkel Cerqueira Como se escrevia a História no século XVII: o uso dos tratados espanhóis, italianos e franceses pelos historiadores portugueses rev. hist. (São Paulo), n.179, a06718, 2020 http://dx.Resumo Durante a Época Moderna, o gênero histórico passou a ter um papel relevante na configuração do Estado, sobretudo no processo da Restauração portuguesa na segunda metade do século XVII. Este artigo apresenta uma reflexão acerca das práticas de composição dessas narrativas e o uso das regras ditadas nas preceptivas, em específico as de Cabrera de Córdoba, Agostino Mascardi, San José e Le Moyne. Nesse sentido, o texto trata da maneira como letrados portugueses teceram suas obras utilizando os tratados sobre o gênero histórico. Como se escrevia a História no século XVII: o uso dos tratados espanhóis, italianos e franceses pelos historiadores portugueses rev. hist. (São Paulo), n.179, a06718, 2020 http://dx.