Educação e Contemporaneidade em Michel Serres (original) (raw)
Foi em clima informal e de amistosa receptividade que o filósofo Michel Serres nos acolheu para dois dias de entrevista na França em janeiro de 2014. O primeiro deles em Paris, em um Café na Place de la Sorbonne; e o segundo em sua agradável residência em Vincennes. A acolhida afetuosa foi muitas vezes reafirmada em razão da simpatia pelo Brasil e pelos brasileiros, que o filósofo frequentemente evocava. Serres ressaltou, em muitos momentos, as lembranças carinhosas que tinha do Brasil, do período em que ele deu aulas em São Paulo, na década de 1970; da cultura brasileira que ele muito apreciava; e dos amigos que ele cultivou aqui. Nascido em 1930, em Agen, no sul da França, cursou matemática na Escola Naval Francesa e filosofia na Escola Normal Superior de Paris, tendo sido aluno de Canguilhem. Defendeu em 1968 sua tese de doutorado sobre Leibniz e, nesse mesmo ano, participou da criação da Universidade de Vincennes com Michel Foucault, onde trabalhou como historiador das ciências. No mesmo período, foi professor também na Universidade de Clermont-Ferrand. Pela impossibilidade de trabalhar com filosofia na França, aceitou ser professor nos Estados Unidos, onde atuou nas universidades de Baltimore, Buffalo, Nova York e, a partir de 1980 até 2013, em Stanford. Autor de mais 60 livros publicados ao longo de 50 anos de trabalho, Serres ocupa, no entanto, uma posição ambivalente no espaço público e intelectual. Na tentativa de trabalhar a língua como um poeta, sem, contudo, perder o rigor e a precisão dos saberes, a produção de Serres ou seus conceitos filosóficos seguem