Diaristas: “Novas Domésticas” em Tempos de Trabalho Precário? (original) (raw)

Vivências e Narrativas De Trabalhadoras Domésticas Diaristas

REVISTA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - POLÍTICA & TRABALHO, 2019

No contexto atual do mercado de trabalho, persiste a informalidade, condição em que se encontram as diaristas, trabalhadoras domésticas sem vínculo formal, foco deste estudo, que tem como objetivo a análise das representações e percepções sobre a informalidade do contrato de trabalho e dos riscos à saúde de trabalhadoras domésticas diaristas. Este trabalho está baseado nas histórias de vida de quatro trabalhadoras, residentes nas cidades do entorno do Distrito Federal, em municípios localizados no estado de Goiás, Brasil, que atuam como diaristas, realizando trabalhos domésticos em Brasília, Distrito Federal. As narrativas dessas mulheres apresentaram temas relativos às “trajetórias ocupacionais”, “práticas cotidianas na faxina” e “percepções de saúde”. Essas histórias de vida revelam contextos de exclusão social, marcados pela violência de gênero, racismo e violência nas relações trabalhistas, ao mesmo tempo em que apresentam estratégias de subversão dessas práticas por essas mulhe...

As Representações Cotidianas do Trabalho Doméstico

O tema de nosso artigo, As Representações Cotidianas do Trabalho Doméstico apresenta uma interface entre sociologia do trabalho e sociologia da cultura, já que aborda representações cotidianas, que fica na esfera da sociologia da cultura, e trabalho doméstico, pertencente ao ramo da sociologia do trabalho. Assim, o trabalho aparece como sendo o trabalho doméstico, a atividade efetuada pelas "empregadas domésticas". Contudo, o objeto de estudo não é o trabalho doméstico em si, e sim as representações produzidas sobre ele, ou seja, as formas de consciência produzida sobre o trabalho doméstico, e delimitamos não a forma de consciência de todos os indivíduos na sociedade ou de todos os envolvidos com esta forma de atividade, mas apenas as representações dos empregadores, isto é, aqueles que utilizam os serviços domésticos. Neste sentido, o trabalho pode ser considerado da área de sociologia da cultura, mas também da sociologia do trabalho. A fronteira entre as sociologias especiais é bastante tênue e isso é visível neste caso, no qual a temática envolve elementos tanto da sociologia do trabalho quanto da sociologia da cultura. A sociologia do trabalho é uma das sociologias especiais mais desenvolvidas e esteve presente nas obras dos clássicos da sociologia (Marx, Weber, Durkheim). Os estudos mais especializados em sociologia do trabalho surgem na Europa e Estados Unidos. Também chamada "Sociologia da indústria", a sociologia do trabalho teve um grande desenvolvimento na França com as obras de Georges Friedmann, Pierre Naville, Alain Touraine, entre outros. Na Itália, os estudos de Bologna, Lazzaratto, entre outros, entram nesta linha. No Brasil, a sociologia do trabalho obteve a contribuição de Leôncio Martins Rodrigues, Azis Simão, Troyano, Luiz Pereira, entre outros. Já os estudos sobre representações são mais recentes. Inicialmente houve os estudos sobre consciência e cultura popular, senso comum. Posteriormente, ocorreram os estudos das representações sociais, a partir da concepção inaugurada por Moscovici (1977). Depois disso, vários pesquisadores apresentaram estudos sobre representações sociais na área da psicologia e, em menor grau, na sociologia. Um número menor de estudos foi dedicado às representações sociais do trabalho Sato, 1995).

MUDANÇAS NO MERCADO DE TRABALHO RETIRAM FAMÍLIAS DA POBREZA? DETERMINANTES DOMICILIARES E AGREGADOS PARA A SAÍDA DA POBREZA NAS REGIÕES METROPOLITANAS BRASILEIRAS

2008

Resumo: O objetivo do artigo é estimar a probabilidade de famílias saírem da pobreza e os determinantes deste evento, considerando o tempo de permanência nesta situação. Um interesse particular é avaliar se mudanças de curto prazo no mercado de trabalho afetam a probabilidade de famílias permanecerem na pobreza. Sendo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) o único painel disponível no Brasil que permite este tipo de estudo, imputamos valores para renda não-trabalho. Considerando que esta pesquisa possui um período curto de acompanhamento dos domicílios, adotamos técnicas de estimação que controlam tanto a censura à direita como a censura à esquerda. Entre os resultados, podemos destacar: quanto mais tempo a família fica na pobreza, maiores são suas chances de permanecer nela; entre as características domiciliares, a presença de idoso é a de maior impacto sobre a probabilidade de saída; os domicílios na situação de pobreza mais extrema não são os com maiores chances de permanência. No mercado de trabalho, mudanças na taxa de desemprego não afetam diretamente a permanência de famílias na pobreza. O efeito do desemprego ocorre, na realidade, indiretamente por meio da sazonalidade da atividade econômica e da variação na massa salarial.

Economias domésticas. Trabalhar em casa em tempos de precariedade. Novas profissões e espaços de vida

Laplage em Revista, 2018

Devido à instabilidade progressiva dos contratos de trabalho e à fragmentação geral do ambiente de trabalho, os limites entre público e privado, produção e reprodução, valorização e depreciação são cada vez mais frágeis. Para muitas mulheres, a multiplicação de empregos não padronizados ofereceu a oportunidade de participar no mercado de trabalho, introduzindo, porém, características típicas do trabalho "doméstico" nos aspectos organizacionais de seu trabalho "profissional": a ausência de um cronograma rigoroso; a dificuldade de obter reconhecimento e pagamento por tarefas. Com base em uma pesquisa recente que explora as semelhanças singulares entre as demandas progressivamente diversificadas de "desempenho do trabalho" e as características desse trabalho vivo (melhor exemplificado pelo trabalho doméstico), o artigo se concentrará em como as trabalhadoras (trabalhadoras autônomas, consultoras, freelancers) mudaram o emprego para o espaço doméstico.

PERSPECTIVAS DAS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NO MERCADO DE TRABALHO

O presente trabalho monográfico trata do tema “as perspectivas das mulheres vítimas de violência doméstica no mercado de trabalho”. Pretende-se, à luz de pesquisa em registros históricos, análise de legislações, atuais e antigas, e dados estatísticos, analisar, discutir e apresentar aspectos históricos que justificam e demonstram a atual situação das vítimas de violência doméstica e quais medidas deveriam/devem ser tomadas com a finalidade de melhorar tais condições. Com isso, utilizando de método de pesquisa hipotético-dedutivo, partindo de análise crítica da história das mulheres no mercado de trabalho, legislações garantidoras de direitos para as mesmas e pesquisa de dados estatísticos sobre os números da violência, busca-se identificar políticas públicas e normas garantidoras das quais o nosso sistema jurídico ainda carece. A importância de tal tema faz referência ao grande número de casos de violência doméstica ainda encontrados em nossa sociedade e a preocupação com a qual a sociedade, como um todo deveria dispensar, trazendo medidas que garantissem a estabilidade da mulher vítima em seu trabalho.

Empregada doméstica: Modos de usar. A PEC das Domésticas como acontecimento no jornalismo de revista

Este trabalho tem como objeto de estudo a cobertura da aprovação da emenda constitucional 72/2013, a “PEC das Domésticas”, que garantiu os direitos trabalhistas às empregadas domésticas, nas revistas semanais Época e Veja. O corpus textual selecionado são duas reportagens de capa, uma de cada veículo, ambas publicadas em abril de 2013. Parte-se do argumento de Jessé Souza (2003, 2009) de que a desigualdade social brasileira é legitimada devido à manutenção de sua invisibilidade. Assim, com enfoque nesta problemática, analisa-se como o contexto cultural e socioeconomico do Brasil incide sobre a segunda vida do acontecimento, ou seja, a construção de sentido acerca deste evento através de sua transformação em discurso jornalístico (FRANÇA, 2012), bem como busca-se compreender de que maneira esta cobertura contribui para a cegueira brasileira quanto a sua própria disparidade social. Conclui-se que a aprovação da PEC foi constituída como um evento que diz respeito às classes dominantes. Nas coberturas, os patrões, e não as domésticas, foram tidos como os protagonistas deste acontecimento. Através do apagamento da empregada doméstica de suas narrativas sobre a categoria, as revistas contribuem para a manutenção da invisibilidade destas trabalhadoras e, assim, para a legitimação da desigualdade social.

“Todo dia en uma casa diferente”: entre trajetórias, sentidos e o cotidiano laboral de diaristas

No contexto atual de trabalho persistem as informalidades, campo no qual se situam as diaristas, trabalhadoras domésticas sem vínculo formal, foco da presente pesquisa, efetivada para investigar os sentidos produzidos por essas mulheres em seu cotidiano de trabalho. Trata-se de pesquisa qualitativa, realizada por meio de entrevistas com oito trabalhadoras. As informações foram analisadas pelo procedimento de núcleos de significação, gerando três núcleos: trajetórias ocupacionais, práticas cotidianas e sentidos do trabalho na faxina. Os resultados revelam trajetórias ocupacionais descontínuas, geralmente associadas ao feminino, nas quais a opção por ser diarista, apesar das precariedades, está associada às vantagens atribuídas à ocupação e à possibilidade de conciliar com outras atividades. De modo astucioso e criativo, as diaristas equilibram as exigências cotidianas.