A existência como "cuidado": elaborações fenomenológicas sobre a psicoterapia na contemporaneidade (original) (raw)
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Alguns apontamentos sobre a origem das psicoterapias fenomenológico-existenciais
Resumo: A Psicologia foi marcada por fundamentos filosóficos na Fenomenologia, Existencialismo e Humanismo. Tais perspectivas modificaram a forma de se conceber o homem e de se fazer ciência, contribuindo também para o surgimento das psicoterapias de cunho fenomenológico-existenciais. O artigo faz um breve percurso histórico pelas principais linhas de pensamento que embasam as psicoterapias de tal abordagem, mencionando os filósofos e psicoterapeutas mais importantes. O estudo inicia discutindo as primeiras mudanças de perspectivas, quando, superando a visão mecanicista, o homem começa a ser considerado parte de um sistema funcional de interconexões com o mundo, surgindo, posteriormente, a Psicologia do Ato de Brentano e a Fenomenologia de Husserl. Em seguida, apresenta o Existencialismo, quando o homem passa a ser reconhecido como um ser livre e capaz de construir sua própria história; e o movimento Humanista, quando foram despertados muitos valores humanos como a potencialidade e a tendência ao crescimento. Por fim, discutem-se as principais noções e conceitos chaves que, oriundos das correntes de pensamento citadas anteriormente, caracterizam as psicoterapias de cunho fenomenológico-existenciais como sendo uma abordagem que reconhece a liberdade humana e respeita o cliente como um ser capaz de encontrar seu próprio caminho uma vez que se encontre em um ambiente favorecedor. Palavras-chave: Fenomenologia; Existencialismo; Humanismo; Psicoterapias.
A noção fenomenológica de existência e as práticas psicológicas clínicas
Estudos de Psicologia (Campinas), 2011
Este artigo apresenta o modo de ser do homem como "existência", tal como elaborado por Heidegger em "Ser e Tempo", como uma das contribuições mais fundamentais da fenomenologia para a psicologia clínica. A noção de "existência", também relacionada às de "ser-aí "(Dasein) e "ser-no-mundo", é compreendida como abertura originária ao ser dos entes, como pré-compreensão do ser enquanto tal, vinculada à condição de "estar-lançada "em uma facticidade temporal. Entende-se que a noção heideggeriana de "existência "demarca uma atitude clínica nitidamente diferenciada e oferece novas possibilidades de tematização dos fenômenos psicológicos e da prática clínica. As práticas psicológicas clínicas de perspectiva fenomenológica existencial, ao tomarem a experiência de si e do outro como "ser-no-mundo-com", apresentam-se como espaços de cuidado/desvelamento dessas possibilidades de "ser-com "e não de um sujei...
A medicalização da existência segundo a fenomenologia de Merleau-Ponty
Arquivos Brasileiros de Psicologia, 2018
A medicalização da existência segundo a fenomenologia de Merleau-Ponty RESUMO Este artigo tem como objetivo discutir a medicalização da existência segundo a fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty, considerando sua noção de corpo próprio. No contexto dos transtornos mentais e comportamentais, foco da pesquisa, a medicalização se manifesta pelo crescimento massivo de intervenções psicofarmacológicas. Deste modo, realiza-se uma investigação das noções vigentes de corpo, uma vez que, tais intervenções são administradas no mesmo. Este estudo se ancora nas duas primeiras grandes obras do autor: A estrutura do comportamento e Fenomenologia da percepção. O pensamento do filósofo revela uma noção de corpo e psiquismo, os quais não se reduzem ao entrecruzamento de causalidades físico-químicas. Ressalta-se a hipótese de que a medicalização da existência ignora o caráter fenomenal do corpo como expressão quando tem como único objetivo suprimir os sintomas em detrimento da possibilidade de compreensão dos mesmos.
Análise Psicológica, 2012
Realiza-se uma síntese dos dados mais recentes da investigação em psicoterapia incluindo do quadro existencial. São abordadas algumas controvérsias presentes na comunidade psicoterapêutica que conduz a um hiato entre terapeutas e investigadores. Sugere-se a importância do paradigma “change process research” para o desenvolvimento de investigação que permita melhor informar sobre os processos que promovem a mudança terapêutica e informar os diferentes agentes envolvidos: pacientes, terapeutas, supervisores, responsáveis de serviços de saúde mental. Salienta-se a necessidade e incrementar maior número de programas de investigação psicoterapêutica em Portugal.
O Aqui-e-agora na Gestalt-Terapia: um Diálogo com a Sociologia da Contemporaneidade
Resumo: Este trabalho explora, problematiza e discute, em uma perspectiva teórica, a relação do fundamento da Gestalt-terapia – o aqui-e-agora – com alguns estudos sociológicos, como os de Bauman, Giddens e Elias, sobre as condições psíquicas e concretas do homem contemporâneo. Como ponto de partida, pressupõe-se que a forma como cada sociedade lida com o tempo é histórica e culturalmente determinada. Sociólogos têm argumentado que a vida moderna colocou o sujeito em uma nova condição de tratamento com o tempo e, consequentemente, com seu funcionamento psíquico, onde existe um constante projetar-se para o futuro e para o passado. A Gestalt-terapia, por sua vez, dá ênfase à tomada de consciência, favorecendo o contato autêntico consigo. Observamos, portanto, uma tensão entre a vivência individual proposta pela Gestalt-terapia e a sociedade ocidental moderna. Com isso, objetivamos um aprofundamento teórico sobre o conceito do aqui-e-agora, discutindo os limites e possibilidades de manter a consciência focada no tempo presente. Estudos como esse servem para fornecer elementos teórico-conceituais para investigações em Gestalt-terapia bem como para fomentar discussões acerca de posicionamentos clínicos. Proceder a uma investigação, tomando análises sociológicas para compreender fatos psicológicos, permite aprofundar o entendimento do humano, que nunca é esgotado em um único campo do saber. Palavras-chave: Gestalt-terapia; Aqui-e-agora; Sociologia.
A formação do psicanalista na contemporaneidade
FOLHETIM: Revista de Psicanálise do Fórum do Campo Lacaniano do Rio de Janeiro, 2023
O presente trabalho tem como objetivo pensar o lugar dos discursos na prática psicanalítica, focando nos efeitos da predominância, na contemporaneidade, do discurso universitário e do discurso capitalista, no que diz respeito à formação do analista. Para isso o trajeto escolhido foi de apresentar a Teoria dos Discursos, trazer as elaborações da psicanálise sobre a contemporaneidade e, então, alinhavar os possíveis efeitos da contemporaneidade nos três níveis do tripé da formação analítica: análise pessoal, estudo teórico e supervisão.