Novas subjetividades: documentário e autorrepresentação no período pós-verité (original) (raw)
Related papers
Uma representação de si para o mundo: afetos e subjetividades no documentário perfomático
Revista Razón y Palabra, 2013
Este artigo aborda as representações da negritude na mídia e no cinema brasileiro. Aponta o cinema documentário como um campo no qual surgem novas relações entre alteridade e pluralidade de vozes e sujeitos, a partir do qual discute o conceito de documentário performático (proposto pelo teórico norte-americano Bill Nichols) e analisa do filme “Ôrí”. Dirigido pela cineasta Raquel Gerber, esse documentário tem uma narrativa ancorada no texto poético, na narração e na trajetória de vida da historiadora e ativista negra, Beatriz Nascimento.
Ficção e subjetividade no documentário de Eduardo Coutinho
Anuário de Literatura, 2012
Resumo: A literatura e o cinema sempre mantiveram abertas as fronteiras que os separam, cultivando, ao longo de suas histórias, o exercício semiótico. Considerando essa perspectiva de influência mútua, este ensaio analisa a construção da narrativa fílmica no documentário de Eduardo Coutinho e levanta questões que também são pertinentes ao âmbito da teoria da literatura. Embora o documentário tenha, em sua acepção mais comum, o caráter de objetividade, o trabalho de Coutinho subverte essa perspectiva e faz emergir desse gênero a subjetividade. O cineasta é bastante sensível ao fato de que algo, diante de uma câmara, não é mais algo em si mesmo; esse algo diante de uma câmera, diante do outro já é linguagem e, portanto, é representação daquela coisa. Em Coutinho, a construção do real se mostra a partir de uma construção ficcional. Isso nos aproxima da construção narrativa literária e, também, de uma noção de sujeito da Psicanálise, cuja constituição se dá pela linguagem e na linguagem e a partir de uma estrutura de ficção. Palavras-chave: Literatura. Cinema. Psicanálise. Eduardo Coutinho. Literatura e cinema se reinventam Segundo Eisenstein (2002), Griffith, nos primórdios do cinema, atribui à leitura da narrativa de Dickens, a sua "invenção" de uma nova narrativa cinematográfica que alterna as tomadas panorâmicas e os "closes". Essa dívida inaugural, no entanto, encontra, na escritura dos autores da "escola do olhar"-dentre eles, Allain Robbe-Grillet e Nathalie Sarraute-o seu avesso, pois esses autores foram influenciados em seus escritos, pelo movimento de câmera. Assim, cinema e literatura constroem interstícios no bojo de seus modus operandi para que um receba, do outro, marcas linguísticas ou formas imagéticas em seus campos distintos. De um início fecundante, a relação entre literatura e cinema insiste em manter aberta a fronteira entre esses dois campos, possibilitando, assim, o constante exercício metalingüístico. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Artigo publicado no CDHIS, 2024
O artigo apresenta resultados obtidos de uma pesquisa teórica e bibliográfica da literatura sobre o Jesus Histórico especificamente elaborada na terceira etapa da pesquisa, esta conhecida entre os pesquisadores da temática por Third Quest, compreendida e melhor delimitada a partir dos anos 1980. Com esse estudo, buscou-se construir analiticamente, a partir de uma tentativa em explorar os discursos textuais dos indivíduos autores, suas ações transparecidas através de seus discursos textuais, estes que podem aparecer de forma explícita ou implícita, mas que, ao final, nos permitiu rastrear os tipos de sentidos e significados, esses dos mais variados atribuídos ao Jesus histórico. Para além disso, nosso estudo se pautou em duas hipóteses, sendo uma afirmativa, esta que questiona que a noção sobre o Jesus histórico padece de uma ilusão biográfica. A outra, foi a de demonstrar que a representação do Jesus histórico é resultado de uma subjetividade que o individua.
Letrônica, 2021
Os relatos sobre a Amazônia sofreram, em processos sócio-econômicos e históricos, uma associação subordinadora com relação aos discursos nacionais e internacionais. A literatura de Milton Hatoum surge como voz resistente neste contexto, reconstruindo discussão da imagem exótica da Amazônia brasileira. Os seus personagens, a partir de posições privilegiadas, valem-se da memória para orquestrar perspectivas que se fragmentam no tempo e no espaço. Os narradores das primeiras obras, a narradora inominada de Relato de um certo Oriente, Nael de Dois irmãos, Lavo de Cinzas do Norte, e Arminto de Órfãos do Eldorado, ao viverem à margem da casa principal (e da sociedade), reivindicam, via escrita, oralidade e estilização – modalidades facultadas pela prosa. Nessas obras, o relato, marca da escrita hatouniana, estabelece reconstrução de vozes para a consolidação de subjetividades. Analisaremos, pontualmente, as personagens subalternas Anastácia Socorro, de Relato de um certo Oriente, e Doming...
A produção da subjetividade no contexto institucional de um seminário católico
Estudos de Psicologia (Campinas), 2002
Esta pesquisa visa estudar a produção da subjetividade no contexto institucional de um Seminário Católico. Este estabelecimento funciona em regime de internato no qual atualmente 70 seminaristas estudam Filosofia durante 3 anos, numa etapa preparatória para o sacerdócio. Pesquisamos o funcionamento da vida institucional através da observação participante e utilizamos entrevistas semi-estruturadas para entender como o seminarista experiencia sua vida. Os resultados preliminares indicam que a vida no contexto institucional do Seminário produz diversas modalizações da subjetividade nos seminaristas internados no estabelecimento: há uma perda considerável de autonomia pessoal, da liberdade de ir e vir, agir e decidir, originando comportamentos de dependência excessiva, de resistência à mudança, de conversão ao papel proposto, de rivalidade fraterna. A contradição detectada entre o aparelho repressivo e o discurso participativo parece produzir nos indivíduos características marcadas pela...
Franciscanum, 2020
Resumo Descreve-se a ruptura epistemológica entre a racionalidade moderna e a racionalidade pósmoderna, no que tange à experiência religiosa e o evento da subjetividade a partir do pensamento teológico de Carlos Mendoza Álvarez. Se a concepção do sujeito autônomo implicou a negação da alteridade e o abandono das metáforas de transcendência para a salvação, a irrupção da subjetividade pós-moderna marca a impossibilidade de conceber a humanidade fora da religação com o outro e com a transcendência. Nesse novo contexto, o fenômeno do retorno do religioso surge como sinal dos tempos pós-modernos: sinal de reencantamento da cultura e abertura à outra ordem da existência. É a oportunidade de reabilitar a experiência com o Mistério transcendente do real, cultivado por todas as tradições religiosas, que em linguagem monoteísta chamamos Deus.
A produção da subjetividade na formação contemporânea do clero católico
2011
Aos bispos e padres formadores responsáveis pelo seminário teológico, pela abertura a essa investigação em análise institucional. Aos seminaristas estudantes de teologia, pela intensa convivência ao longo das visitas e entrevistas, pela sua amizade, confiança e sinceridade. Ao orientador Prof. Dr. Geraldo José de Paiva por me receber como orientando no doutorado, por sua imensa gentileza, solicitude e cordialidade. Ao Prof. Dr. Abílio da Costa-Rosa, por sua amizade e disponibilidade analítica, pelo prazer de pesquisar e publicar juntos. À Profª. Drª. Maria da Graça Chamma Ferraz e Ferraz, por todos esses longos anos de amizade intensa. Aos Marianistas, amigos e irmãos queridos, pelo incentivo e apoio ao longo dos anos. Aos colegas professores Rosana Maria Figueiredo e Paulo Rogério Lustosa, companheiros imprescindíveis de muitas peripécias profissionais. A Marcio José de Araújo Costa, colega genealogista, pesquisador dos devires seminarísticos. À Ângela Ianuário, leitora atenta em busca de caminhos outros para a existência. A Carlos Roberto Merlin, revisor exímio, especialista meticuloso das filigranas da língua portuguesa, amigo querido. À CAPES, pelo financiamento desta pesquisa.
Psicologia e Pós-Verdade: a Emergência da Subjetividade Digital
PSI UNISC, 2018
A partir de uma análise crítica do que se entende por Pós-verdade, o trabalho discute dois pontos interligados. No primeiro investiga o importante papel que a Psicologia está desempenhando dentro de uma nova ambiência sócio-antropológica, com repercussões políticas e, principalmente, econômicas. O segundo ponto detém-se no aprofundamento do conceito de subjetividade. Mostra como estão sendo atingidas, com o predomínio do tecnoliberalismo que faz uso das novas mídias, diferentes dimensões do ser humano. Esse processo propicia a construção de uma nova subjetividade, que poderia ser denominada de subjetividade digital. A investigação procura evidenciar que na implementação dessas práticas midiáticas é o próprio ser humano que está sendo objeto de manipulação. Aprofunda-se a administração digital da vida humana que vai sendo transformada num novo objeto de consumo. As novas mídias procuram atingir todas as sequências da vivência do ser humano produzindo uma mercantilização integral da vida