RESENHA: Ciências de combate em tempos de capitalismo pandêmico (original) (raw)

SCIENCE WARS: UMA GUERRILHA CONTRA A CIÊNCIA MODERNA

Boletim Interfaces UFFRJ, 2009

Endereço: http://www.ufrrj.br/seminariopsi/2009/boletim2009-1/castanon.pdf No espírito do tema deste boletim, este artigo levanta questões sobre aquele que é considerado hoje o grande "desencontro" entre as ciências naturais e as sociais: as assim chamadas science wars. Essencialmente, essas são uma série de publicações de artigos, réplicas e tréplicas, assim como poucas edições coletivas de livros e revistas, que marcam um conjunto de disputas acadêmicas em torno da natureza da ciência que se acirraram no início dos anos noventa. Uma guerra tem que ter, no mínimo, dois lados. Mas as descrições sobre quem seriam os protagonistas da science wars variam de acordo com quem as faz. Quando a descrição é feita por um espectador relativamente alheio ao debate, geralmente se segue o apelido e se atribui a guerra a uma disputa entre as ciências sociais e as ciências naturais. Quando a descrição é feita por um cientista natural, geralmente aparece como uma disputa entre pós-modernistas e cientistas. Quando é a de um cientista social, geralmente aponta para uma guerra entre o reacionarismo autoritário de uma visão anacrônica de ciência e o progressismo de uma nova epistemologia social. Não se pretende aqui apontar a interpretação correta para a batalha em torno das science wars, mas sim oferecer uma nova interpretação para essas últimas. E esta é a de que não existe guerra alguma. O que existe é uma luta de um lado só, uma guerrilha sem esperança conduzida por acadêmicos relativistas radicais contra a mais bem sucedida atividade humana dos últimos trezentos anos, a ciência moderna. O que temos assistido claramente desde os anos noventa (e que tem se gestado desde os setenta) é uma confederação de acadêmicos, fora do foco do interesse público e financiamento estatal ou privado, investindo suas carreiras num ataque sistemático contra a concepção moderna de ciência. Particularmente, investem contra a ideia de objetividade científica, ou seja, a crença de que atividade científica possui uma forma de inquérito que oferece uma forma privilegiada de acesso a aspectos da realidade. Desta confederação fazem parte setores da antropologia, crítica literária, estudos culturais e sociologia da ciência, além da filosofia feminista e psicologia social pós-moderna.

O ANTICIENTÍFICO PARADÍGMA DAS CIÊNCIAS ECONÔMICAS

O sistema econômico (enquanto atividade produtiva) deveria estar submetida a um sistema maior chamado ambiente, e não o contrário. É questionável, portanto, o fato de ainda prevalecer no ensino das ciências econômicas, o paradigma que insiste em orientar tal campo do conhecimento baseando, como pressuposto de análise geral, apenas a visão do diagrama de fluxo circular, envolvendo empresas e famílias, de um lado, e os mercados de bens e serviços e de fatores de produção, de outro. Dessa visão estreita do sistema econômico sobre um fluxo circular “fechado” que não permite inputs do ambiente e outputs para o ambiente, é importante destacar que o diagrama do fluxo circular apresenta uma visão irreal de qualquer economia, por considerá-la como um sistema isolado no qual nada entra do meio ambiente natural e nada sai para o meio ambiente natural, uma vez que nessa concepção nada existe no exterior dele mesmo.

Rumos ‘pós-pandêmicos’ da Pesquisa, Educação e História de Ciências da Terra

Terrae Didatica

A notável recepção de manuscritos por Terræ Didatica em 2022 compreende mais de 80 contribuições inéditas. Os números indicam que a comunidade geocientífica nacional e internacional considera a revista um veículo ágil e eficaz para divulgar resultados de suas pesquisas. Os editores agradecem a generosa cooperação de dezenas de especialistas, altamente capacitados, do Brasil e do exterior, que compõem um exigente sistema de revisão por pares. A capacidade de processamento de novas contribuições ampliou-se, mas a resposta nem sempre ocorre na velocidade esperada. É digno de nota o relevante papel educativo do trabalho editorial junto aos/às jovens novos/as autores/as. A inusitada quantidade de 39 trabalhos rejeitados no ano se deve tanto a casos de submissão incompleta, quanto de baixa qualidade detectados pelos pareceristas, a quem compete aplicar rigorosamente os critérios de seleção. Para aprimorar os manuscritos, os editores tentaram adotar alguns mecanismos de interação junto aos...

As Ciencias Militares frente a pandemia do Covid

Editorial Estamos lançando a segunda edição de 2020 da Coleção Meira Mattos. A primeira durante a atual pandemia que traz enormes desafios à humanidade, aos governos de diversos países e também às Forças Armadas ao redor do mundo, muitas das quais envolvidas em medidas de enfrentamento ao Covid-19.

Negacionismo científico e tecnologias algorítmicas em tempos pandêmicos

Revista Opinião Filosófica

O artigo apresentado resulta de uma pesquisa etnográfica realizada mediante observação participativa em três grupos de WhatsApp bolsonaristas, em que foram examinados os conteúdos das conversas e outros tipos de publicações neles compartilhados visando promover o engajamento político daqueles que se reconhecem como conservadores, sobretudo, pelo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e pelo polemista e autointitulado filósofo, Olavo de Carvalho. O objetivo desta investigação consistiu em identificar: 1) o alinhamento das narrativas negacionistas da pandemia de Covid-19 e das medidas sanitárias destinadas ao seu controle com os discursos que vêm sendo manejados para garantir apoio e estabilidade ao governo Bolsonaro; e 2) evidenciar a chamada guerra cultural como dispositivo de desinformação que atua como máquina de guerra a partir do uso do WhatsApp, apresentado como máquina técnica.

Educação-Ciências No Brasil: As Dores Do Nosso Tempo, a Resistência Necessária

Revista Geadel, 2021

Talvez eu esteja aqui com você, com vocês, com um outro, com outros, ainda que poucos, em busca de uma intervenção, pequena que seja, ou mesmo que não seja, mas apontando para essa direção como muito do que tenho tentado fazer. Talvez eu assuma aqui diversos pontos de vistas, inclusive, os de meus piores inimigos, desde os quais também falo para tentar retirar suas armas, desarmá-los, ao expô-las.

Em guerra e sem armas: a pandemia mundial e o desmonte das ciências no Brasil

Confluências – Revista Interdisciplinar de Sociologia e Direito

A comunidade de pesquisadores e quadros científicos no Brasil têm sofrido restrições de toda sorte: de ordem política, com os ataques à autonomia universitária e ingerências sobre agências de fomento à pesquisa; econômica, face aos cortes e contingenciamentos que afetam as pastas de Educação e de Ciência e Tecnologia; e incluso ética e moral, dados os impropérios proferidos por autoridades públicas que acusam os ambientes de investigação científica como lugares de “balbúrdia”, negando-lhes a devida relevância social e em nome de uma agenda de costumes que impõe o fundamentalismo neopentecostal sobre agendas propriamente científicas; isso em tempos de pandemia mundial tem demonstrado o notável despreparo do governo federal para o adequado enfrentamento à pandemia, em defesa dos extratos mais vulneráveis da sociedade brasileira, historicamente alijados das estruturas de poder e desassistidos de direitos sociais. Em razão do desprestígio manifesto à ciência, pelas autoridades públicas que deveriam gerir o setor, apresentam-se basicamente duas indagações: em que medida o regular investimento em pesquisa poderia contribuir no combate ao Covid-19 e quais motivações levam às políticas governamentais que comprometem o alcance dos necessários resultados. Este trabalho tem como escopo analisar a correlação entre as práticas de desmonte das ciências no Brasil e a subsequente incapacidade de enfrentamento aos diversos males que decorrem da pandemia mundial e dentre os quais a crise sanitária não constitui sua única e exclusiva dimensão; de maneira específica, pretendemos diagnosticar as condições orçamentárias, físicas e materiais com que têm trabalhado as instituições públicas incumbidas dessas pesquisas. Para isso, adotamos o modelo descritivo e exploratório, a fim de darmos conta ainda de impressões iniciais acerca do tema-problema, visto estarmos em meio à crise que pretendemos analisar. A investigação dos dados públicos que informam a envergadura da crise e que permitem mensurar a falta de recursos para o desenvolvimento das ciências no Brasil, demonstrará (assim pretendemos) a correlação entre desinvestimentos em ciência e a crescente vulnerabilidade das camadas sociais subalternas aos efeitos mais nefastos da pandemia.

Breve glossário dos tempos pandêmicos

revista pimentalab, 2021

Nesse episódio entrevistamos Allan de Campos, geógrafo, tradutor e prefaciador do livro "Pandemias e Agronegócio: Doenças infecciosas, capitalismo e ciência" escrito pelo pesquisador de epidemiologia evolutiva Rob Wallace e publicado no Brasil em 2020 pelas editoras Elefante e Igra Kniga. Wallace pesquisa há mais de 20 anos a relação do modo de produção capitalista do agronegócio e as epidemias. Allan de Campos vem investigando os complexos agroindustriais no Brasil e as relações entre o trabalho nessas configurações, a saúde pública e a produção de doenças infecciosas.