RESENHA: Brincar, fazer parentes e outras saídas: A Cosmopolítica dos Animais (original) (raw)
2021, Matos, M. de A. (2021). Brincar, fazer parentes e outras saídas: A Cosmopolítica dos Animais / A cosmopolítica dos animais, de FAUSTO, Juliana. Revista De Antropologia, 64(3). https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2020.189659
A Cosmopolítica dos Animais, de Juliana Fausto, muito mais do que caracterizar e atribuir aos chamados "animais" uma determinada modalidade de política (como a preposição de seu título poderia sugerir), instaura, pelo movimento mesmo do texto, uma série de situações cosmopolíticas, que forçam as leitoras a ralentar o pensamento, se perguntando pelo sentido de suas posições e por seus limites. O livro obriga a lançarmo-nos no meio do problema, a exemplo da própria autora: ela está lá, diante dos gatos, narrando histórias e abdicando das perspectivas do juiz, do pensador, etc. "Diante", como escreveram Deleuze e Guattari, "é uma questão de devir. (...) Pensamos e escrevemos para os animais. Tornamo-nos animais, para que o animal também se torne outra coisa" (apud. Fausto, 2020: 47). Estamos, pois, diante (!) de um livro que quer se tornar, ele mesmo, um animal ("que este livro possa latir", diz Fausto, 2020: 342), para que os bichos também se tornem outra coisa. O livro é habilmente composto pelo entrelaçamento de narrativas e análises cujo propósito é abrir passagem para que se possa pensar a política para além da redução de seres a animais. Ele é, em certo sentido, mais jurisprudencial que demonstrativo, além de relativamente propedêutico. Sua leitura atenta servirá...