Imaginários e imagens: literaturas e cinemas (original) (raw)
2012, Anuário de Literatura
De acordo com o calendário chinês e japonês, o ano de 2012 é o ano do Dragão, uma criatura que vislumbra o imaginário coletivo de inúmeras culturas, e que angaria para si peculiaridades inerentes ao olhar de determinados povos. No Japão e na China, por exemplo, representa a paz e é celebrado a cada Ano-Novo. Seja na lembrança de uma serpente ou de um réptil, sua marca primordial é a luz púrpura que divisa de suas narinas. Pela luz divisada, do fogo, luz que remete à tela do cinema, vemos na imagem do dragão, analogamente, a do refletor, o emissor da verdade que se transfigura pelo olhar. É por conta desse fogo, dessa luz divisada, que escolhemos para capa da presente edição a imagem de um Dragão (sem título, técnica sumi-ê, pintura em nanquim sobre papel) elaborada pela artista Nadir Ferrari, que adotou Santa Catarina para criar raízes. Um dragão em vias de movimento, que pressupõe preparação para o ataque, atitude que precede um ritual, em posição de reverência, circundado por peixes-discípulos que o cerceiam, ciceroneiam. O cinema inclui uma poética que está intrínseca à retina. Olhos e ouvidos atentos para o que se configura diante da imagem refletida: dragão-refletor. Luz viva, luz negra, vibrante furta-cor. Cinema, literatura, adaptar uma ação: adaptação. Diálogos. Polissemia. Vozes em movimento. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.