Aira como autor de si-próprio? (original) (raw)
Related papers
Autoficção como um procedimento literário na literatura de César Aira
Pós-Limiar
A variedade das abordagens ao fenômeno autoficcional e o dissenso ainda em expansãoquanto à sua conceituação e limites são as motivações centrais para a proposta de ler aautoficção como um procedimento literário. Para tanto, parte-se da observação de queos efeitos provocados pela autoficção — evidenciar a ficcionalidade da própria ficção,num exercício especular; colocar em suspeição a reversibilidade imediata gerada pelametonímia: “Eu inscrito na própria ficção - Eu biográfico do escritor” —, decorrerão semprede um movimento particular. A autoficção, assim, será considerada neste trabalho comoo emprego, caso a caso, de fórmulas para a produção de narrativas cujo resultado tem semostrado sui generis, da ordem do “irrepetível”. O emprego de elementos composicionaisde longa tradição no cânone literário para a construção de autoficções será consideradotanto no movimento de fusão do nome do autor e de sua própria obra ficcional, quantona direção da ruptura e perturbação dessa identidade ...
Escrever a diferença - o exotismo segundo César Aira
Alea: Estudos Neolatinos, 2021
Resumo O ensaio discute os conceitos de exótico e de exotismo na obra de César Aira como chave para compreender o fazer literário e o consequente engendramento da capacidade de fabulação e de criação de mundos possíveis entre realidade e imaginação.
ESCRITA DE SI: UMA ILUSÃO AUTOBIOGRÁFICA
Este artigo realiza uma discussão em torno da escrita de si, tal como é apresentada em Michel Foucault, e da autobiografia, conforme é apontado por Philippe Lejeune, buscando evidenciar suas aproximações, limites e conflitos conceituais no que concerne às pesquisas autobiográficas na modernidade. Realiza-se então uma discussão em torno da Escrita de Si em seu aspecto mais geral e a seguir em seus aspectos mais específicos, que seja a sua concepção no universo greco-romano e no universo cristão. Em seguida apontamos para uma reflexão sobre a autobiografia na modernidade, evidenciando suas conceituações e características. Para então apontarmos para uma leitura particular a respeito da relação estabelecida entre a escrita de si e a autobiografia. De modo que o artigo interrompe as discussões apontando para os equívocos e os riscos em se aproximar em uma modernidade, a perspectiva de Escrita de Si de Foucault da abordagem de Autobiografia de Lejeune.
Particularidades Absolutas: a autoficção como um procedimento literário em César Aira
RESUMO: Este trabalho tem por finalidade maior propor a leitura da autoficção como um procedimento literário. Desde que Doubrovsky anunciou o conceito de autoficção, em 1977, e apresentou sua definição inicial, as discussões quanto a esse fenômeno só aumentaram. Na literatura contemporânea, apresentam-se narrativas autoficcionais muito diversas, indo daquelas assumidas pelos seus próprios autores àquelas cuja classificação se dá a partir das análises críticas. Não é intenção deste trabalho concentrar a abordagem da autoficção no cotejo entre vida e obra de um escritor nem nas tentativas de se delimitar um novo gênero literário entre romance e autobiografia, por exemplo. Este texto articula-se a partir do modo como César Aira se relaciona com os atributos comuns às autoficções. Afinal, se Aira não costuma reconhecer o valor das narrativas autoficcionais, por outro lado, se utiliza dos atributos autoficcionais para a construção de suas obras. As características sui generis da literatura de Aira e a falta de consenso nas abordagens teóricas da autoficção estão entre as principais motivações para a proposta de se compreender a autoficção como um procedimento literário. Para tanto, parte-se da observação de que os efeitos provocados pela autoficção -seu efeito especular, sua capacidade de denunciar a ficcionalidade da própria ficção, seu poder de reforçar e também de suspender a reversibilidade, suposta, entre Eu inscrito na própria narrativa e Eu biográfico do escritor -traduzem-se em narrativas peculiares. Em vista dessas particularidades, acredita-se relevante pensar a autoficção tendo em perspectiva o estranhamento literário. Desse modo, os fundamentos teóricos da investigação incluem os ensaios de Chklovski e Ginzburg sobre o estranhamento e sua importância para a história da literatura Ocidental. Se Chklovski atribuía a esse procedimento o poder de evidenciar as diferenças entre mundo e linguagem, seria possível dizer que a autoficção, por sua vez, parece produzir um deslocamento perceptivo quanto à primeira pessoa, quanto ao Eu e seus efeitos de verdade e/ou presença no texto. Para o desenvolvimento da análise pretendida, recorre-se a teóricos como Agamben, Klinger, Sarlo, Contreras, Foucault, Barthes entre outros, e ainda aos ensaios do próprio Aira. Afinal, a partir de Aira, a conceituação de procedimento implica também em considerar seu significado artístico: de exercícios combinatórios de sentidos para a criação literária, como aqueles postos em ação por Raymond Roussel, ou por Marcel Duchamp e o ready-made. A conclusão neste trabalho é de que seria útil compreender a autoficção enquanto procedimento literário. No entato, isso implicaria também em atentar para o seu modus operandi, quer dizer, para o emprego, caso a caso, de fórmulas e procedimentos capazes de gerar narrativas tão particulares, sui generis, e da ordem do irrepetível. Uma diferença entre o procedimento autoficcional e o estranhamento, nesse sentido, estaria no fato de que, a partir da literatura de Aira, a autoficção poderia ser compreendida como um procedimento ad hoc, isto é, como o resultado de uma combinação particular e provisória de procedimentos literários cujos efeitos de sentido operariam contra as possibilidades de definição, e/ou universalização das características e dos elementos composicionais que atuariam em cada autoficção.
Perspectivas de uma escrita de si
Linha D'Água
A circulação de textos em primeira pessoa que tematizam a escrita de si em tons (auto) biográficos é presença cada vez mais marcante na atualidade. Não somente em gêneros tradicionais da esfera literária, mas também sob outras formas que tem se proliferado cada vez mais numa sociedade altamente midiatizada. O presente artigo apresenta uma análise comparativa de discursos no gênero autobiografia considerando-o em relação à confluência de formas (auto) biográficas que compõem o horizonte contem-porâneo do espaço biográfico (ARFUCH, 2010). Nossa abordagem teórico-metodológica centra-se no diálogo entre estudos voltados para análise comparativa de discursos (GRILLO, GLUSHKOVA, 2016) e os postulados do círculo bakhtiniano. Pensando na esteira da metalinguística bakhtiniana, buscamos comparar construções discursivas produzidas em contextos linguísticos e extralinguísticos distintos. Nosso corpus é então composto por duas autobiografias de autores conceituados em seus respectivos contextos...
A ética do abandono: César Aira e a nova escritura
2008
This thesis studies the écriture (Barthes) of the Argentinian writer César Aira (Coronel Pringles, 1949). It is fundamentally based on disperse material where the conference "O a-ban-do-no" (Abandonment) plays an important role, for it is the point of departure for a reading of Aira's production. An immitation as well as a search for a procedure which goes backwards and forwards, it relates to other mechanisms of his own writing (écriture) such as the continuous, translation and singularity, and will characterize a prosopopaeic way of arranging documents. Finally, abandonment institutes an ethics (Badiou) by which a subject is infinitely drawn beyond the already-known. From abandonment to a new writing (a new écriture).
Reading once more, besides other critical texts, some excerpts of the letters written by Fernando Pessoa and sent to Adolfo Casais Monteiro, on January 13 and January 20 of 1935, this paper tries to reconstruct Pessoa’s idea of authorship as an idea deeply connected to the concept of genius and, therefore, to a superior order where writing and publishing always obey to historical and transcendental designs. As “author of authors”, creator of the heteronyms, this hyper-author that Pessoa tried to be is not the outcome of a critique or of the destruction of the modern idea of author, but indeed the effect of its hyperbolic exacerbation. This idea is consistent with a fragment written in English (probably, in 1913) where Pessoa sustained that art (mainly, literary art) “is self-expression striving to be absolute”. In the end, a remark is made on the difficulties of Pessoa’s fight for the status of European “supreme poet”, mainly because it hardly can be said that there was in the 20th century any European culture for which such status still made any sense at all.
(Per)curso de autoria: enxergando-se autor da própria história
2017
Este produto Educacional e a proposta de um Curso de curta duracao de 40 horas, cujo intuito e servir de base para que o Professor do Ensino Tecnologico e/ou outros leitores disponham de um subsidio para desbravar os caminhos da Autoria, a fim de enxergarem-se autor da propria historia, estabelecendo o protagonismo da propria formacao, ressignificando as praticas pedagogicas e (re)construindo caminhos para tornar o Ensino Tecnologico mais apropriado a contemporaneidade e que, inclusive, considere a trajetoria pessoal, academica e profissional do professor e/ou de qualquer cursista. Ele e um produto oriundo do processo de investigacao que adotou o percurso de autoria como fenomeno investigado e culminou com a escrita da dissertacao: Percursos de Autoria de Professores no Ensino Tecnologico, a partir das vivencias e experiencias do pesquisador, advindas atraves do Mestrado Profissional em Ensino Tecnologico do Instituto Federal de Educacao, Ciencia e Tecnologia do Amazonas – IFAM camp...
Voltar ao Moreira, escrever a leitura: experiência e risco em César Aira
Alea: Estudos Neolatinos, 2021
Resumo Retomamos a narrativa de Moreira, de César Aira, considerando-a em sua rede discursiva e nas disputas interpretativas de que ela participa, para, a partir dela, discutir como a leitura constitui-se num elemento central de sua poética. Inscrevendo-se no interstício em que escritura e experiência se conectam e problematizando a oposição entre o relato e sua interpretação, entre sincronia e diacronia, a leitura funciona como potência que articula e dá origem ao autor, à obra e ao leitor de Aira em Moreira e, desse modo, torna-se um dos elementos do jogo convocados na configuração do “efeito Aira”.
Autobiografia: relação fantasmática entre as escritas do eu e as escritas de si
2015
This paper, by means of the Sartrian autobiographic project, whose literary production proposes us several manners of “self-writing”, highlights debates on singularity and alterity, the self and the other, the “bio” and the “graph”, to exam how the scriptural trajectory of this project allows us to revisit the nuances that mark out the problematic identity of the writer.