Comentário a “Outros Inconscientes: Desconstruindo a Translucidez da Consciência Sartriana” (original) (raw)
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O Soi sartriano - ou da infelicidade da consciência
Phainomenon, 2002
A tese de que o Ego esta numa relac;;ao de transcendencia com a cons ciencia, expendida em La Transcendance de l'Ego• (T. E.), toma por pressu posto um entendimento do que seja a consciencia em termos muito defini dos. Tai pressuposic;;ao deve ser realc;;ada, nao s6 pelo simples facto de a tese que afirma a transcendencia do Ego nao ser mais do que um seu corolario, mas sobretudo pela sua importancia, crucial como veremos, para o ensaio de ontologia fenomenol6gica que Sartre tenta levar a cabo em L'Etre et le Neant* (E.N.). Por isso, sendo meu prop6sito discutir as raz6es que condu zem Sartre a votar a consciencia a infelicidade, raz6es que se prendem com essa pressuposic;;ao, importaria comec;;ar por interrogar, logo em T.E., o que e a consciencia. Ora, na conferencia de 1936, Sartre descreve a consciencia, na sua pura imanencia, como uma certa identidade entre ser e aparecer: a consciencia s6 e enquanto aparece. Nao fosse essa estatuto excepcional da consciencia apa recente-Sartre <lira mesmo que "a consciencia e fen6meno" 1-e nao seria possf vel alimentar a esperanc;;a de chegar a realizar uma ontologia fenome nol6gica. E porque para a consciencia ser e aparecer, e porque para ela "ser e aparecer fazem um", que Sartre se autoriza a passar de uma fenomenologia da consciencia a uma sua ontologia em E.N ..
Phainomenon
sabre a psicanalise, a sua critica a hip6tese freudiana de um inconsciente, o seu p r6 p rio p rograma de psicana lise existencial suscitaram ao longo da se g unda metade do Seculo XX muitas reac 9 6es, nao raras vezes excessivas, redundando em leituras equivocas do seu pensamento: Aqui, perfilharei a posi 9 ao de Betty Cannon quando afirma que o existencialista frances " (...) concebeu uma filosofia ao mesmo tempo p or e contra Freud"'. Lon g e, pois, estou daqueles que denunciam um even tual p roblema narcisico de p ersonalidade ou um mundo esquiz6ide em Sartre (p osi 9 6es defendidas por James Masterson e Dou g las Kirsner, res p ectiva mente). Mesmo q ue fosse o caso, e dificil estabelecer al g uma relevancia neste forma de ar g umentar, sobretudo p ara al g uem, como Sartre, q ue recusou classificar o outro de 'doente mental' e afirmou, como ainda ha al g >-= u=n=s ____ _ anos Michel Contat lembrou, q ue " (...) a 'loucura' e a p enas uma maneira entre outras, possiveis, de 'realizar a condi 9 ao humana' ." 2 Limitar-me-ei, na p resente ocasiao, a introduzir o pro g rama sartreano de uma psicanalise existencial, mas centrando a aten 9 ao no debate sobre a existencia, ou nao, de uma t6pica do p siquismo humano que reserve um lugar para o lnconsciente (lcs). lsto, tendo como interlocutor p rivile g iado Sigmund Freud. Assim, p rocederei a uma ex p osi 9 ao em tres p artes:-Primeiramente, ex p orei um con j unto de ob j ec � oes, que classificarei de ordem ontol6 g ica ou, se se p referir, metafisica, a hip6tese freudiana da existencia de um lcs, ob j ec 9 6es q ue valerao sobretudo como afirma 9 ao de um determinado entendimento do q ue e, e deve ser, segundo Sartre, o Cs.
2020
Este trabalho apresenta breve analise de edicoes, traducoes e conceitos presentes no texto “Ensaio sobre o desenvolvimento do psiquismo” de A. N. Leontiev (1903-1979) em relacao a sintese psiquica (termo que, neste artigo, abarca as ideias de consciencia e reflexo), cuja estrutura semântica engloba tambem termos afins, como a relacao entre sentido e significacao, palavra e consciencia sensivel. Dividido em tres partes, o Ensaio aparece no livro O desenvolvimento do psiquismo . No presente artigo, apresentamos um estudo das edicoes e traducoes do Ensaio no contexto da historia da ciencia sovietica nas linguas portuguesa e inglesa, recorrendo aos originais em russo. Os resultados apontam ainda alteracoes nas diferentes edicoes do Ensaio em russo, alem de nuances semânticas importantes necessarias a compreensao do conceito de consciencia e afins na obra de Leontiev.
A Descoberta do Inconsciente e o Percurso Historico de sua Elaboracao
Resumo: O texto aborda o conceito de inconsciente na obra freudiana, acompanhando o percurso trilhado por Freud na sua descoberta e na elaboração do seu conceito. No seu interior, busca-se demonstrar que a teoria do inconsciente é fruto de um longo e laborioso processo de construção. Com a finalidade de efetuar a investigação histórica da construção de seu conceito, partindo de sua origem até alcançar os desenvolvimentos subseqüentes, o texto tem início com as elaborações teóricas produzidas no período dos "Estudos sobre a Histeria" (1893-1895) e culmina com as elaborações efetuadas no interior da primeira e da segunda tópica freudiana. No decorrer do texto, é formulada a estreita relação do inconsciente com os conceitos de representação, recalque, desejo e resistência. O texto aborda ainda a articulação entre a teoria e o método da livre associação. Palavras-chave: Inconsciente. Recalque. Desejo. Associação livre.
EXPLODIR PARA BAIXO Como o Problema Duro da Consciência altera o Inconsciente
2006
Por que razao existe consciencia no mundo fisico quando e pensavel a sua nao existencia? Esta e a formulacao geral do problema duro ou dificil da consciencia. De facto, a pergunta sugere apenas que poderiamos ser totalmente inconscientes e ter um comportamento ponto a ponto indiscernivel do comportamento de seres conscientes. A pergunta nao e escandalosa porque este tipo de questoes pode ser colocado a respeito de qualquer coisa a nossa volta. Alias, este tipo de questoes faz parte da essencia de qualquer terapia porque, se nao se assumir que uma doenca ou disturbio pode nao existir, cada uma destas condicoes parecera tao inabalavel quanto uma lei da natureza. Esquecemo-nos muitas vezes, porem, que tal como o patologico pode nao existir, deixar de existir ou existir de modo diferente, tambem o normal pode nao existir, deixar de existir ou existir de modo diferente. Existe, contudo, uma formulacao que sublinha os aspectos particulares do problema duro. Por que razao a consciencia e c...