A Voz do Libedade (original) (raw)

2021, Instituto Fronteiras

É num embalo quase rítmico de ir e vir no tempo que as memórias dos autores desta obra se fundem no intuito de ecoar suas vozes e nos presentear com os registros de suas histórias de vida e seu(s) modo(s) de viver na floresta. Ao adentrar cada parágrafo deste livro é possível mergulhar em um mundo particular de identidades, culturas, crenças e costumes. Mundo esse que não precisa ser sincrônico para que as coisas tenham sentido, pois quem determina essa sequência é o narrar autoexplicativo de cada autor, para os fatos que vivenciaram, viram ou ouviram, mas não necessariamente nesta ordem. Em cada causo, estórias, histórias, seja do jovem ou idoso, (r)existe um povo, uma comunidade que tem muito em comum, suas falas e afazeres dão formas ao homem e a mulher tipicamente nortista, amazônico(a), ribeirinho(a) e agricultor(a) que vive conforme manda os ciclos naturais do meio ambiente; se faz noite ou dia, se faz chuva ou sol, se o rio seca ou enche, e assim são alguns determinantes para suas atividades diárias. É ainda nos versos das poesias e nas rimas das canções que se denota a voz e a vez desse ecoar impetuoso que esta obra quer apresentar ao mundo. A escrita simples e carregada das expressões e do linguajar ribeirinho possibilita o leitor a ficar mais perto desse contexto de vida dos narradores/autores da Resex Riozinho da Liberdade. Mais do que isso, percorrer as páginas seguintes é interpretar as raízes históricas de uma geração que vem sendo formada desde o tempo da seringa até os dias atuais. É adentrar em uma variedade de conhecimentos de mundo na medida que essas informações vão sendo narradas e escritas. É a própria História contada de um jeito bem peculiar. Deitar-se em uma rede e se deixar levar pela profundidade das narrativas, dos poemas e saberes, como as águas do Rio Liberdade, que sobre as pedras formam cachoeiras renovando-se a cada novo olho d’ água, eis aqui uma sugestão de leitura para o Voz do Liberdade.