HORÁCIO, OVÍDIO E PETRÔNIO: RECEPÇÃO DA ANTIGUIDADE GRECO-ROMANA NA OBRA DE PAULO LEMINSKI HORACE, OVID AND PETRONIUS: RECEPTION OF GREECE-ROMAN ANTIQUE IN THE WORK OF PAULO LEMINSKI (original) (raw)

PERÍODO VALENTINIANO: OS ASPECTOS DA SOCIEDADE ROMANA NA ANTIGUIDADE TARDIA ATRAVÉS DAS FONTES NUMISMÁTICAS. Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP -Campinas, setembro, 2012.

INTRODUÇÃO Ao longo da história, os séculos III, IV e V foram descritos como período de decadência e ruína do Império Romano. Porém quando analisamos profundamente, este período denominado por vários historiadores como Antiguidade Tardia, notamos que esta visão de ruína é um tanto equivocada, pois apesar dos períodos de crise, há também renovação política e cultural. Neste sentido, nosso trabalho tem por objetivo analisar o período em que Valentiniano I administrou o Império Romano do Ocidente (364 -375 d.C.), por meio de fontes escritas e materiais. Através das fontes numismáticas 2 podemos observar os vários aspectos da sociedade romana do período, tais como; cultura, religiosidade e política.

HOMOEROTISMO E PERFORMANCES: AS REPRESENTAÇÕES DOS CORPOS E DAS RELAÇÕES HUMANAS NA ANTIGUIDADE ROMANA A PARTIR DAS PINTURAS DE POMPEIA

Os estudos da antiguidade, dentre as disciplinas acadêmicas, são aqueles considerados como o mais conservador, no entanto, por meio da interdisciplinaridade, sobretudo a partir do diálogo com a Arqueologia, esta área de conhecimento tem conseguido alcançar perspectivas mais críticas, sobretudo, em pesquisas sobre o amor e a sexualidade. Nesse trabalho, dialogo, em grande parte, com as pesquisas produzidas pelo classicista Pedro Paulo Funari, que, por sua vez, inspirou diversos pesquisadores brasileiros a romper com os modelos normativos, questionando antigos conceitos e valores patriarcais a fim de trazer à tona uma antiguidade clássica mais libertária. Deste modo, apresento algumas discussões a respeito da sexualidade e do gênero na Antiguidade romana, incialmente, um debate de natureza teórica, e, num segundo momento trago algumas pinturas de relações eróticas com práticas diversificadas, com ênfase particular às relações homoeróticas, encontradas em uma terma suburbana do sítio arqueológico de Pompeia, a fim de evidenciar as diferentes maneiras que os indivíduos interpelavam as normas, bem como questionar as noções de pornográfico e trabalhar as relações das imagens com os seus contextos.

PAUSÂNIAS, MEMÓRIA E O PASSADO IDEALIZADO DA GRÉCIA SOB O IMPÉRIO ROMANO (SÉCULO II D.C.)

Revista Hydra: Revista Discente De História Da UNIFESP, 7(14), 270–294, 2024

Este artigo busca analisar como Pausânias, a partir da obra reunida sob o título "Descrição da Grécia," no século II d.C., retrata a Grécia sob domínio romano, resgatando a memória cultural mesmo durante a subjugação. Defendemos que sua descrição recria o sistema-memória grego por meio de ruínas e monumentos, evocando o passado idealizado da Grécia. Defendemos como Pausânias busca exaltar tal passado, promover a coesão entre os gregos e apresenta a Grécia contemporânea como um "museu a céu aberto", conectando-se com a memória histórica. O período Antonino contemporâneo ao autor é considerado como uma "era de ouro", destacando as artes e o meio intelectual, apesar de profundas divisões sociais relacionados ao contexto do domínio romano.

AS ANTICHITÀ ROMANE DE PIRANESI: UM PROJETO PARA CATALOGAÇÃO E CONSERVAÇÃO DAS RUÍNAS DA ANTIGUIDADE NO SÉCULO XVIII

Revista CPC (USP), 2019

Durante o século XVIII, o interesse pela arquitetura da Antiguidade Clássica se amplificou a partir de descobertas arqueológicas na Península Itálica. Nesse contexto, o arquiteto, arqueólogo e gravurista Giovanni Battista Piranesi teve um papel de destaque para o desenvolvimento de questões ligadas à historicização da arquitetura. Foi a partir de seu fascínio pelas ruínas e da observação e das aferições in loco, em especial de Roma e arredores, que Piranesi se estabeleceu como uma referência intelectual e artística, utilizando gravuras e textos como seus principais instrumentos retóricos. Este trabalho tem como objetivo verificar a influência de Piranesi na observação e preservação do passado, tendo como recorte uma de suas obras magnas: as Antichità Romane (1756) – uma publicação em quatro tomos embasada no intuito de conservar as antiguidades por meio da catalogação. A abordagem documental e criativa adotada para as Antichità Romane teve grandes repercussões, nutrindo os debates em curso sobre a investigação do passado, e apresentou reflexos que nortearam os preceitos do restauro moderno, que se cristalizariam a partir do início do século XIX. Pode-se concluir que Piranesi fez uma relevante contribuição para o amadurecimento da forma de se relacionar com o passado, objetivando estudos e a preservação das ruínas por meio de princípios que se tornariam fundamentais para o restauro, como o levantamento pormenorizado, a análise dos edifícios a partir de reconstituições hipotéticas e a predisposição para a conservação e para a mínima intervenção.

AUSPÍCIOS E RITUAIS DE ADIVINHAÇÃO NA ROMA ANTIGA

The text intends to introduce a specific public divination practice: the auspice, during the last two centuries of the Roman Republic and the beginning of the Empires (second and first century B.C.) aiming to understand its role in roman society at this time. Introdução Você já leu seu horóscopo hoje no jornal? Apesar de vivermos num mundo dominado pela racionalidade e pelo cientificismo, o interesse humano em pretender saber o que lhe pode reservar o futuro ainda se mantém com bastante constância como se observa em qualquer jornal ou revista, seja popular ou não, em programas de rádio e em revistas televisivas. Mesmo expressando incredulidade, desconfiança e/ou concordando com as críticas às práticas divinatórias, consideradas como um saber falso e repudiado pela razão, as pessoas continuam a buscá-las. É a coluna do horóscopo, são as cartas, é o I Ching, é o Tarô, são as pedras das Runas; é o jogo dos búzios, é a interpretação dos sonhos, são as linhas da palma da mão, é a bola de cristal, são os números, é a borra de café, enfim proliferam atualmente uma infinidade de práticas. A adivinhação seria então parte da natureza humana? Para Raymond Bloch (1985: 7), sim: " Perdido na imensidão de um mundo que não é de sua medida, o homem busca multiplicar os pontos de apoio nos quais possa se agarrar. " Portanto, não devemos olhar com estranheza nem com preconceito ao nos debruçarmos sobre este fenômeno na Antigüidade. Nas sociedades antigas, a adivinhação era um meio privilegiado de contato entre o homem e a divindade e, especificamente, na sociedade romana, inseria-se no esforço em manter a pax deourum, ou seja, a paz com os deuses, que garantia o bem-estar da comunidade, sem a qual a cidade não podia seguir o seu destino. Era, portanto, parte integrante do mundo da religião cívica, da qual inclusive se constituía num importante ramo. Desenvolveu-se como um sistema preciso e complexo que governava a vida da comunidade. Enquanto na Grécia Antiga a adivinhação dedutiva e intuitiva inspirada ao homem diretamente por uma divindade, mediante sonhos ou num estado de êxtase, era mais comum, tal como o Oráculo de Delfos; em Roma, predominou a adivinhação indutiva ou baseada em sinais, considerados, mais do que anúncios do futuro, manifestações – geralmente encolerizadas – da vontade das divindades, que deviam ser apaziguadas com rituais expiatórios para restaurar a pax deorum. Atribuía-se à vontade divina a capacidade de poder modificar a ordem natural para manifestar a sua presença e expressar o que queriam. Os romanos eram cautelosos em relação aos oráculos e profecias que escapavam às altas autoridades do Estado, a tal ponto que, dentro de Roma, não havia templos oraculares, apesar de existirem no resto da Itália (por exemplo, o templo da Fortuna Primigenia em Preneste). Buscavam conservar sua liberdade de ação graças a uma sutil disposição de ânimo em relação aos sinais divinos. A adivinhação em Roma tornou-se uma técnica humana, consciente e precisa, que revelava o acordo dos deuses com o consultante através de uma consulta empírica e direta com as divindades. Esta consulta divina assemelhava-se à consulta aos magistrados: uma questão precisa era respondida afirmativa ou negativamente sendo organizada sob a direção autoritária dos magistrados. Neste aspecto, revela-se o espírito prático, organizador e zeloso do romano em garantir a vida do cidadão e da cidade e em conservar o favor divino sem comprometer o desenvolvimento normal e necessário de toda atividade. Estabeleceram-se assim rituais respeitando rigorosamente a tradição, condizente como uma das características do paganismo romano: a " ortopráxis " , ou seja, a execução correta dos ritos prescritos (SCHEID, 1998: 20). Dentre as diversas práticas divinatórias romanas, havia:  Omnia: Presságios que se escutavam ao acaso, sendo considerados uma advertência enviada pelos deuses para guiar os homens. Sua interpretação interessava ao indivíduo e à sua vida diária. Cabia à inteligência e à sensibilidade do indivíduo inferi-los. O indivíduo podia dar voz e vida ao que se anunciava se declarava que os aceitava: omen accipere. Mas, também poderia recusá-lo caso fosse funesto – omen excecrari, abominari – ou ainda transformar o seu sentido por meio de palavras adequadas que modificassem o seu valor. Assim, conservava-se a liberdade de ação do homem concomitantemente à preocupação em respeitar os deuses.  Auspicia: Presságios que se relacionavam à vista. Sua interpretação interessava ao indivíduo e, principalmente, ao Estado, pois o respeito ao direito augural era condição primordial para a

MITOS E LENDAS DA ROMA ANTIGA

Mitos e Lendas da Roma Antiga, 2005

Além de discutir os conceitos de «mito» e «lenda», este livro aborda as narrativas da Roma Antiga que se inserem nesse âmbito.

A NARRATIVA ROMANESCA E O DISCURSO SOBRE A IMAGEM DE PAULO NO TEXTO ATOS DE PAULO E TECLA.

The aim of this work is to share with the academic community a Portuguese translation of the original Greek text Acts of Paul and Thecla, and in so doing to contribute to the study and research on the image of Paul as portrayed in that century. In order to achieve this goal, as a first step the text was tentatively defined as what is known as ancient novel, of the discursive genre. The study attempts to comprehend how that novel builds and interprets the image of Paul, starting from the concept of grotesque body as proposed by Mikhail Bakhtin, while interacting with Paul Zanker´s ideas on therole of image in the ancient world, viewed as an assertion of the ideal of virtue up held by the Greco-Roman pólis, that is, kalokagathía.