Sim, elas são bissexuais: representação de personagens bissexuais femininas nas telenovelas da Globo (original) (raw)
2021, Monografia
A presente pesquisa analisa a representação bissexual feminina na teledramaturgia da Rede Globo e os sentidos disponíveis para circulação sobre bissexualidade. Para tal, em um primeiro momento, é apresentado levantamento bibliográfico sobre estudos de gênero e sexualidade, com foco na teoria queer e um diálogo com as abordagens decoloniais das sexualidades no sul global, a crítica queer racializada. Visitamos as epistemologias bissexuais e as perspectivas acerca do monossexismo e do apagamento da bissexualidade, como o contrato epistêmico de Kenji Yoshino (2000) e as propostas subversivas de Shiri Eisner (2013). O aporte teórico sobre representação e identidade está fundamentado nos Estudos Culturais, especialmente em Hall (1997, 2016), no que diz respeito às vinculações entre cultura e mídia. Apresentamos a força da televisão e especialmente, das telenovelas no Brasil. Com as suas narrativas, as telenovelas não só tem caráter pedagógico como contribui para a formação da identidade nacional, seja através das suas narrativas, seja por meio das ações socioeducativas. Para discutir tais questões, consideramos Lopes (2003); Fechine et al. (2013), Fechine et al. (2019). Para delimitar o objeto de estudo, foi feito um mapeamento prévio de todos os personagens com práticas bissexuais nas telenovelas da Globo, sendo identificados 44 personagens em obras exibidas de 1979 a 2019. A partir disso, restringimos esta análise às personagens femininas - 15 dentro do universo mapeado, presentes em 13 novelas. Baseados nos princípios da Análise de Conteúdo de Bardin (2011), acompanhamos as cenas das personagens, disponíveis na plataforma Globoplay, consultamos o acervo do Memória Globo e outras fontes como jornais e revistas, para assim analisar como a sexualidade delas foi construída e apresentada aos telespectadores. Por fim, verificamos o reforço do apagamento bissexual em todas as representações e de estereótipos considerados negativos na maioria delas, mostrando que as telenovelas brasileiras ainda estão longe de cumprir um papel pedagógico na representação da bissexualidade e contribuir no combate à bifobia.