Jesuítas Na Índia Portuguesa: A Expulsão Dos Nativos Do Colégio De Goa (1548-1551) (original) (raw)
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Colégio de São Paulo, em Goa: um colégio jesuítico no oriente (1548-1558)
Estudos Ibero-Americanos
O artigo aborda a fundação do Colégio de São Paulo, em Goa, pela Companhia de Jesus, bem como apresenta o primeiro período de seu funcionamento, de 1548 a 1558. O Colégio de São Paulo foi fundado em Goa pelos jesuítas a partir das experiências obtidas na direção do Seminário de Santa Fé, fundado pelos portugueses em 1541 e posteriormente entregue à Companhia. De posse do Seminário, os jesuítas fundam, em 1548, o seu Colégio de São Paulo, ficando a primeira casa subordinada à segunda. Os trabalhos de formação de jesuítas europeus e também de nativos continua durante toda a primeira década sendo, em 1558, ordenado no Colégio o primeiro padre nativo, o “canarim” – goês – André Vaz. Procuramos analisar os principais fatos, em busca das linhas gerais de trabalho, dos métodos dos jesuítas no Colégio. Nossas fontes constam das coletâneas “Documenta Indica”, organizada por Joseph Wicki e “Documentação para a História do Padroado Português do Oriente”, de António da Silva Rego. O recorte tem...
A Inquisição de Goa e o delito de judaísmo (1561-1732)
Ágora, Suplemento 6, 2022
De entre os tribunais portugueses do Santo Ofício, a Inquisição de Goa foi a única cujo arquivo foi deliberadamente destruído. As limitações que esta circunstância impõe à investigação histórica sobre este tribunal atingem as mais variadas facetas da sua anterior actividade judicial. Este artigo pretende ser um primeiro contributo para colmatar as muitas incertezas relativamente à vigilância inquisitorial sobre uma das tipologias de réus que, sobretudo nos começos do Santo Ofício em Goa, mais preocupou o tribunal: os cristãos-novos. A partir do cruzamento sistemático da documentação enviada a Lisboa pela Inquisição de Goa – em especial o reportório de João Delgado Figueira e as listas de autos-da-fé –, o objectivo deste artigo é o de reconstituir o universo de cristãos-novos processados por delito de judaísmo pelo tribunal, bem como o de compreender ritmos persecutórios, perfis sociais dos condenados e atitudes colectivas face aos cristãos-novos no Estado da Índia.
Religiosos em armas: o motim dos agostinhos da Congregação da Índia Oriental (Goa, 1638)
Topoi (Rio de Janeiro)
RESUMO Este artigo analisa o movimento de independência e autonomia dos religiosos da Congregação da Índia Oriental, na tentativa de ruptura com a casa mãe da Província de Portugal da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, no ano de 1638. O uso de armas pelos religiosos sublinhou a violência da revolta. A década de 1630 correspondeu a anos de tensões para os agostinhos do Oriente com ressonâncias nos centros de poderes régio e eclesiástico em Goa, Lisboa, Madri e Roma. Parte-se da leitura de códices, com vasta documentação gerada no âmbito da burocracia da Congregação de Propaganda Fide em Roma, acrescida de um conjunto de missivas entre o vice-reinado do Estado da Índia e o centro de Madri. A reflexão desdobra-se em três segmentos: a ação missionária agostiniana no Oriente; as conjunturas imperiais da década 1630 e as instituições agostinianas em Goa; e o levantamento de junho de 1638.
Célia Tavares: jesuítas e inquisidores em Goa
Revista Brasileira de História, 2006
Em torno da complexa problemática da Inquisição moderna no quadro da história cristã ocidental paira um amontoado de noções, visões, imagens, umas distorcidas, outras ambíguas, a maioria delas hipertrofiadas. Estas percepções resultam de ilações simplistas, de associações temáticas e institucionais imprecisas, e ainda de muitos juízos que desconsideram o contexto mental do tempo histórico em que emergiu e vigorou o Santo Ofício como máquina judicial poderosa ao serviço da Igreja e dos poderes políticos que exigiram e subvencionaram a sua erecção. Entre essas visões cristalizadas e "pré-conceitos" acríticos podemos recordar alguns dos mais recorrentes que não são mais do que o produto de intensivos tempos de propaganda e polémicas que teceram uma "lenda negra" do Santo Ofício e de instituições que colaboram ou conviveram com este tribunal. Essa marcante cultura de propaganda e polémica deu origem a avaliações desfasadas na integração e valorização da Inquisição naquilo que podemos chamar a história universal da repressão. Eis algumas dessas hiper-focalizações. A exagerada concentração dos juízos em torno dos tribunais da Inquisição ibéricos como sendo muito mais temíveis, violentos e repressivos do que os seus pares de outros países católicos europeus, visão apriorística que tornou os outros tribunais aparentemente mais benignos e mais inofensivos. A excessiva valorização dos tribunais do Santo Ofício como as instituições judiciais que mais usavam de métodos repressivos violentos e atrozes, esquecendo-se que no mesmo período histórico as instituições judiciais do Estado usavam paralelamente de práticas e métodos repressivos tanto ou mais injustos e esmagadores. E ainda a hiper-focalização da atenção crítica nas formas institucionais de Inquisição católica, sonegando-se ou obnubilando-se que nas sociedades protestantes e em sociedades e culturas estruturadas por outros sistemas religiosos também coe
Topoi. Revista de História, 2020
Este artigo analisa o movimento de independência e autonomia dos religiosos da Congregação da Índia Oriental, na tentativa de ruptura com a casa mãe da Província de Portugal da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, no ano de 1638. O uso de armas pelos religiosos sublinhou a violência da revolta. A década de 1630 correspondeu a anos de tensões para os agostinhos do Oriente com ressonâncias nos centros de poderes régio e eclesiástico em Goa, Lisboa, Madri e Roma. Parte-se da leitura de códices, com vasta documentação gerada no âmbito da burocracia da Congregação de Propaganda Fide em Roma, acrescida de um conjunto de missivas entre o vice-reinado do Estado da Índia e o centro de Madri. A reflexão desdobra-se em três segmentos: a ação missionária agostiniana no Oriente; as conjunturas imperiais da década 1630 e as instituições agostinianas em Goa; e o levantamento de junho de 1638
História Unisinos, 2015
Resumo: O intervalo de oito anos entre a expulsão dos jesuítas da América lusa (1759) e os da América hispânica (1767) não pode ser visto como um fator de exclusão numa análise comparada entre ambas as realidades. Ao contrário, acontecimentos similares sucedidos nos respectivos reinos ibéricos, e os encaminhamentos dados pelos governos de d. José I e de Carlos III, possibilitam e estimulam pesquisas que contemplem esses dois países. O objetivo desse artigo é realizar um estudo comparado sobre como ocorreu a administração dos bens jesuíticos pelas Coroas portuguesa e espanhola, no momento posterior à expulsão, de modo a delimitar semelhanças e/ou diferenças na ação de ambas as monarquias. O enfoque de análise está concentrado no exame dos Colégios do Rio de Janeiro e de Córdoba.
A Companhia de Jesus e o Seminário de Santa Fé em Goa (1541-1548)
Historia Unisinos, 2020
O artigo aborda o periodo inicial da implantacao do Seminario de Santa Fe, fundado pelos portugueses em Goa, a chegada e cooperacao dos jesuitas nesta iniciativa e, por fim, a transferencia do Seminario para os cuidados da Companhia de Jesus, que foi disciplinado pelas “Constituicoes do Seminario de Santa Fe”. Procuramos analisar os objetivos do Seminario e sua relevância dentro do processo colonizador portugues, tendo em vista, principalmente, os relatos constantes nas fontes documentais da epoca, publicados na “Documenta Indica” (Wicki, 1948) e na “Documentacao para a Historia do Padroado Portugues do Oriente” (Rego, 1950). O recorte temporal utilizado vai de 1541, ano da fundacao do Seminario de Santa Fe em Goa, ao ano de 1548, quando os jesuitas fundam o Colegio de Sao Paulo e anexam o Seminario a esta instituicao. Conforme procuramos demonstrar, o Seminario de Santa Fe era uma instituicao voltada a cristianizacao e ao “aportuguesamento” das populacoes autoctones da India: era u...
Escritas do Tempo, 2020
Este artigo intenciona buscar elementos sociais, culturais, políticos e religiosos do Estado da Índia no século XVI relacionados à conversão de mulheres e homens asiáticos ao Cristianismo e à busca da normatização de seus habitantes na ordem portuguesa colonial e cristã, num processo aqui entendido como de confessionalização. Para isso, analisa-se por meio de provisões, correspondência e manuscritos do Santo Ofício as medidas tomadas a partir das primeiras décadas do colonialismo português na Ásia em prol não apenas do número de cristãos, mas também do controle da população, ao qual a criação do único tribunal inquisitorial além do Reino foi de grande importância. Por fim, explora-se os intuitos da ação do Santo Ofício de Goa a partir de seu início, em 1560, de modo a compreender como a confessionalidade católica era almejada também a partir da capital oriental do Império Português.
Topoi (Rio de Janeiro), 2020
This is paper analyzes the movement of independence and autonomy of the East India Congregation and the attempt of rupture with the Mother House of the Portuguese Augustinian Province in the year 1638. e use of weapons by religious men highlighted the violence of the upheaval. e decade of 1630 corresponded to years of tensions for the Augustinians of the East, with repercussions in the centers of royal and ecclesiastical powers in Goa, Lisbon, Madrid and Rome. e reading of a codex with extensive documentation, generated within the bureaucracy of the Congregation of Propaganda Fide in Rome is the starting point, in addition to a set of missives between the viceroyalty of the Estado da Índia and Madrid. e approach unfolds in three segments: the Augustinian missionary activity in the East, the imperial conjunctures of the 1630s and the Augustinian institutions in Goa, and the June 1638 uprising.