Outro Baudelaire: Sobre a forma livre de "O Spleen de Paris" e das "Memórias póstumas de Brás Cubas" (original) (raw)
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“Um livro singular e fácil de vender”: O Spleen de Paris na correspondência de Baudelaire
Alea: Estudos Neolatinos
Resumo O presente artigo tem por objetivo abordar a obra O Spleen de Paris, publicada postumamente em 1869, a partir da correspondência de Charles Baudelaire, considerando um recorte temporal que se inicia por volta de 1857, ano que marca a aparição das primeiras referências, no âmbito da correspondência, a um projeto de livro de poemas em prosa. Iniciamos a reflexão sobre o gênero epistolar (MORAES, 2009; SANTIAGO, 2002) e sobre as especificidades da correspondência de Baudelaire (PICHOIS, 1973), para, em seguida, analisar seus numerosos comentários (COMPAGNON, 2014, GUYAUX, 2014) sobre O Spleen de Paris. Em suma, a leitura dessas cartas é imprescindível para um pesquisador do poeta das Flores do mal.
A poética pictórica de Charles Baudelaire: breve estudo do imaginário de Le Spleen de Paris
Revista Científica/FAP, 2024
Ao retratar a vida moderna por meio da prosa poética, Charles Baudelaire encontra na pintura um de seus aliados para a criação de cenas e narrativas. Interrogando as interfaces entre a literatura, a pintura e a sociedade em O spleen de Paris, este artigo se propõe a estudar os recursos presentes nos poemas "O bolo", "Os olhos dos pobres", "O brinquedo do pobre" e "O velho saltimbanco", enfatizando a ambivalência que caracteriza a modernidade baudelairiana. Para tanto, após revisar a importância da pintura no itinerário do poeta e a inovação estilística da obra estudada, desenvolve-se um comentário sobre os poemas elencados. Dessa análise, sugere-se que O spleen de Paris constitui tanto uma experimentação estética quanto uma reelaboração poética e ambivalente da realidade.
Memórias póstumas de Brás Cubas e o Ser-para-a-morte de Heidegger
2015
As bases do pensamento fenomenológico de Heidegger estão intrinsicamenterelacionadas à criação de um projeto de hermenêutica. Martin Heidegger aborda aquestão do ser-para-a-morte no primeiro capítulo da segunda seção de Ser e tempo. Asreflexões sobre a morte precedem a ontologia da vida. O ser-para-a-morte é o anteciparpoder-ser, no que concerne à sua possibilidade mais extrema. Diante disso, é possívelconsiderar que Brás Cubas tem a condição de um Ser-no-mundo temporal e finito. Anarrativa machadiana, em Memórias Póstumas de Brás Cubas, conduz o leitor aconhecer a trajetória do protagonista que, conforme Ser e tempo de Heidegger, é um serpara-a-morte
Retrato de uma face velada: Baudelaire e a fotografia
2008
Graças a um célebre texto de 1859, Baudelaire tornou-se exemplar da má receptividade da fotografia entre críticos e artistas, no século XIX. Apesar da dureza de suas palavras, uma releitura do texto integral e alguns dados de sua biografia permitem repensar seu descontentamento num âmbito mais amplo da arte de seu tempo. Quanto à fotografia, podemos constatar que ela foi, nesse momento, um alvo emblemático mas, ao longo de sua vida, uma forma de expressão que não deixou de seduzi-lo.
UM FLÂNEUR PERDIDO NA METRÓPOLE DO SÉCULO XIX: História e Literatura em Baudelaire
2020
Durante os últimos quatro anos trabalhei neste projeto que arranha as várias leituras possíveis da magnífica obra de Charles Baudelaire. Se ele viu com perplexidade o mundo transmudando sob seus pés, não é menor o nosso espanto-seus leitores-frente ao século XXI que a todos devora-nos com seu vórtice. Impossível agradecer aqui a todos aqueles que conviveram comigo através do trabalho e colaboraram para que ele fosse o que é. Agradeço, primeiramente, a Deus, que sempre adubou meu jardim com o melhor nutriente feito da ajuda de pessoas maravilhosas que só contribuem para o crescimento das flores que trazem a cor da alma de cada uma delas. Se espinhos feriram minhas mãos foi porque, antes, eu quisera violar as flores para sentir sua delicadeza e sua textura. O que segue é apenas um ponto de partida. Pela energia, as idéias, o apoio e o amor, meu profundo agradecimento aos colegas do Núcleo de Estudos em História Social da Arte e da Cultura do
Releituras baudelairianas: o lirismo crítico e a pós-poesia
2015
The critical lyricism and post-poetry are different expressions of the literary landscape of contemporary French poetry. Their main representatives are, respectively, Jean-Michel Maulpoix and Jean-Marie Gleize. Although they have different aesthetic proposals, both the critical lyricism and the post-poetry find a support for their thematic and formal constructions in the reinterpretation of Charles Baudelaire's work. Elaborating the longings of the poet of modernity in a contemporary setting, they indicate new paths for the contemporary French poetry.
A paideia machadiana nas Memórias póstumas: de Aquiles a Brás Cubas
Itinerarios Revista De Literatura, 2010
Maria Celeste Tommasello Ramos criando episódios que preencheram as lacunas deixadas por Homero, construindo uma espécie de "ciclo de Aquiles", que inspirou outros poetas trágicos e épicos de toda Antigüidade, até a época romana. Aquiles, quase invulnerável, já na Ilíada, é apresentado como o possuidor do cavalo chamado Xanto. Sua mãe, a nereida Tétis, a mais bela fi lha do "velho do mar", Nereu, deu-lhe de presente os dois cavalos imortais-Xanto e Bálio-que Posídon havia lhe dado por ocasião de suas núpcias com Peleu. A genealogia dos dois é a seguinte: Automedonte depressa os fogosos cavalos atrela, Xanto e Balio, que os ventos velozes no curso, igualavam. Tinham a harpia Podarga por mãe, concebidos de Zéfi ro quando ela, outrora, pascia, nas margens do Rio Oceano. (HOMERO, Ilíada, XVI, 148-151).
A poesia incognita: elementos para um estudo da poética do Spleen de Paris
Revista Remate de Males, 2017
This paper proposes a reading of The Spleen of Paris, by Baudelaire, as a significant poetic corpus, despite its fragmentary character and the editorial manipulations that the book has suffered in its posthumous publication. After an analysis of the main editorial problems that pervade the book I propose an interpretation of the set, starting from the image of the unknown poet, to the image of the incognito poetry, as I nominate it, that is, the poetry that desguises itself to be part of the common space of newspapers without, however, abandon its critical potential.
Baudelaire na Triple Frontera: considerações sobre a rasura da origem
Caderno de Letras. Revista do Centro de Letras e Comunicação UFPEL, 2019
RESUMO: O artigo analisa a transcriação do poema L'albatros, de Charles Baudelaire, realizada por Douglas Diegues e editada em 2015 por uma multinacional cartonera. A transcriação é pensada com Walter Benjamin, a partir do ensaio "A tarefa do tradutor" (1923), que traz reflexões sobre a tradução como um "continuum de transformações", uma potência de desdobramento de um texto de partida que deixa de ser um original divinizado, ao qual se deve fidelidade e similitude, para ser a origem da qual emerge o contato com o divergente e o atravessamento pelo estrangeiro. A transdeliração de Diegues aparece como um gesto barroco de apropriação transgressiva da tradição, ao traduzir para uma "língua impura", com elementos paródicos e patéticos, um poema que se traduz para o português brasileiro desde 1878 de modo sublimador.