Editorial: O Pensamento De Herbert Marcuse (original) (raw)
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Herbert Marcuse e a Teoria Crítica: Para Além Da Perspectiva Normativa Da Escola De Frankfurt
Revista Dialectus - Revista de Filosofia, 2019
Nosso ensaio procura compreender o sentido atual da Teoria Crítica de Herbert Marcuse. De início, fazemos a contraposição de Marcuse à versão mais contemporânea da Teoria Crítica, representada pela perspectiva normativa de Jürgen Habermas e Axel Honneth. Notamos, em seguida, a insuficiência deste modelo crítico diante dos desafios contemporâneos, conforme a crítica de John Abromeit e Amy Allen. Ambos apresentam os limites da segunda geração para compreender o avanço do pensamento conservador. Recuperamos aqui as reflexões de Marcuse sobre os limites da democracia burguesa nos anos 1970. Este será o mote para pensarmos uma perspectiva de Teoria Crítica diversa da normatividade. A experiência crítica de Marcuse é marcada pelo contorno dos acontecimentos e dos corpos, o conteúdo material das questões morais – elementos centrais para o embate contra a cultura do medo que alimenta o autoritarismo nas vias democráticas.
Utopia nas Margens da Realidade: Herbert Marcuse, crítico da ideologia
Aisthesis: Revista Chilena de Investigaciones Estéticas, 2024
O artigo procura analisar o conceito de utopia como central para a teoria crítica de Herbert Marcuse (1898-1979). Num primeiro momento, trataremos do debate que o autor desenvolve com a posição de Max Horkheimer. No ensaio fundamental «Teoria tradicional e teoria crítica», Horkheimer coloca a importância da utopia para a construção de uma imagem do futuro, mas suspeita das potências utópicas e seus vínculos idealistas. Em «Filosofia e Teoria Crítica» (1937), Marcuse responde a essa posição: a teoria crítica não deve temer a utopia. Ao invés de deixá-la ao futuro incerto, Marcuse lembra que as promessas utó-picas já se oferecem no presente e a isso também deve observar o pensamento crítico. Anos depois (1967), Marcuse reconhece a mudança da perspectiva utópica baseada na sociedade do trabalho. Com a tecnologia, as relações sociais se transformam. Mas isso não significa o que Jürgen Habermas afirmaria: um esgotamento das energias utópi-cas. Afinal, não são poucas as lutas sociais que surgem no período. Assim, as energias utópicas se renovam com Marcuse, recuperando um novo sentido de liberdade e da necessidade que advém dessas lutas.
Herbert Marcuse e os destinos da hipótese repressiva.pdf
Dissonância: Revista de Teoria Crítica, 2019
O artigo pretende desenvolver a questão marcuseana sobre a repressão enquanto fator constitutivo da sociedade. Seria a dinâmica repressiva um fator presente na sociedade contemporânea? Uma questão difícil, dado que Foucault problematiza a hipótese repressiva enquanto dispositivo crítico dos modelos sociais da biopolítica. Para o autor, a denúncia do modelo repressivo da sociedade é insuficiente para pensar as dinâmicas contemporâneas de poder sobre a vida, mediante as quais se “faz viver e deixa-se morrer”. Exercício novo do regime de liberdades que deixa sob suspeita a denúncia da repressão, que fala contra o poder e promete o gozo. Mas, nos questionamos: no cenário contemporâneo, é possível abandonar este conceito? Ou a dinâmica repressiva assume novas formas e mecanismos? Para tanto, investigamos os desdobramentos da repressão no pensamento de Marcuse. Movimento que nos faz descobrir novos aspectos do problema, como a “dessublimação repressiva”. Ao fim, à luz da biopolítica, perguntamos: o que resta de repressivo?
Marcuse e o conceito de trabalho
Idéias
Este artigo discute o conceito de trabalho em Herbert Marcuse, tema importante em sua produção teórica, assim como na de outros teóricos críticos frankfurtianos. As formulações de Marcuse sobre o tema mantém forte relação com a concepção de trabalho de Marx, segundo a qual o trabalho desempenha papel fundamental na constituição do ser humano. Por outro lado, seus escritos exerceram grande influência sobre movimentos sociais que, entre outras coisas, contestam a centralidade do trabalho na sociedade contemporânea. Além disso, sua discussão do trabalho alienado em Razão e revolução, inspirada nos Grundrisse de Marx, antecipa o debate atual sobre a emergência do imaterial.
Comentário sobre a esperança em O homem unidimensional, de Herbert Marcuse
Viso: Cadernos de estética aplicada
De acordo com o modelo adotado pelo Grupo de Trabalho em Estética, o presente escrito é um comentário ao texto do colega Bruno Guimarães, “Arte, liberdade e política, em diálogo com Danto”. “Somente para os desesperados é que nos foi dada a esperança”: essa frase enigmática, com a qual Marcuse encerra o livro One-Dimensional Man, aparece na última parte do trabalho comentado e é o foco desse ensaio. Trata-se de uma citação que Marcuse faz de Walter Benjamin que com ela também termina seu ensaio sobre As afinidades eletivas, de Goethe (“Goethes Wahlverwandtschaften”). Cabe a pergunta: o que o homem unidimensional tem em comum com a novela romântica de Goethe? Tendo como foco a ideia de esperança, discorremos sobre os três textos – o de Marcuse, o de Benjamin e o de Goethe – com o propósito de esclarecer o, quase desesperado, conceito de esperança que brilha no final das obras de Benjamin e de Marcuse. A escolha foi motivada por duas razões: por o outro comentador, Rodrigo Duarte, ter...
Os Problemas Filosóficos Da Tecnologia Moderna Segundo Herbert Marcuse
Problemata, 2016
Herbert Marcuse é considerado um dos representantes da Teoria Crítica do Século XX. Através da formulação de uma teoria social crítica, ele buscou compreender, as condições sociais de seu tempo no que diz respeito à cultura, à antropologia, à tecnologia, ao trabalho, ao capitalismo, ao totalitarismo, entre outros temas afins. Com o objetivo de compreender seu posicionamento teórico a respeito dos problemas filosóficos da tecnologia, este trabalho, cuja coleta de dados é essencialmente bibliográfica, resgata inicialmente o posicionamento marcuseano, pontuando as análises, as influências e as principais conclusões de Marcuse acerca da tecnologia expostas em suas principais obras escritas entre os anos de 1941 a 1964. De posse desta caracterização, pretende-se aprofundar o sentido político e crítico de seu pensamento acerca da tecnologia, sobretudo, no que diz respeito à categoria do uso político da tecnologia, da racionalidade tecnológica, da unidimensionalidade e da emancipação. Por fim, analisa-se a crítica marcuseana da tecnologia e a sua importância para a atualidade, considerando as manifestações atuais da globalização e da sociedade da informação. Deste modo, conclui-se com as principais perspectivas que o pensamento marcuseano pode apontar na direção de uma transformação qualitativa da condição humana no tempo presente.
Marcuse e a importância política da sensibilidade
Argumentos - Revista de Filosofia, 2009
Na sua obra Um Ensaio sobre a Libertação (1969), Marcuse procura fundamentar a necessidade humana por liberdade em bases pulsionais, "biológicas", retomando diversos temas trabalhados por ele anteriormente e analisando os acontecimentos políticos do final da década de 1960. O conceito de "sensibilidade" ganha importância política por representar uma dupla práxis: a negação do estabelecido e a afirmação do desejo de libertação. Apesar do compromisso de Marcuse com a teorização da libertação estar fortemente presente no Ensaio, isto não isenta suas perspectivas sobre o socialismo e a libertação de falhas sociais, históricas e políticas, nem de problemas conceituais importantes.