Estranhos Em Permanência: A Negociação Da Identidade Portuguesa Na Pós-Colonialidade (original) (raw)

Estrangeiridade e busca de identidade em Persépolis

Uniletras, 2019

Resumo: A elaboração deste texto veio da necessidade em depurar a experiência da personagem principal de Persépolis com a estrangeiridade. Apresentando excertos da HQ juntamente com teóricos, procura-se perceber como esta personagem iraniana é vista pelos grupos majoritariamente ocidentais ao seu redor, e como se dá a recepção destes olhares e pensamentos dirigidos a ela. Analisando o quadrinho, vemos que as pessoas ao redor de Satrapi, tratam-na como "o outro", não familiar e estrangeiro. Alguns personagens encontrados por Marji ao longo do quadrinho reproduzem essa visão que busca manter o Oriente como algo a ser constantemente silenciado. Ao se defrontar com tal realidade, a protagonista vê a necessidade de reafirmar sua identidade. Na tentativa de se afirmar francesa, em Viena, sente que deixa seu povo e sua história para trás, este é o momento que Marjane percebe a necessidade de retomar sua identidade iraniana.

Repensar Portugal - Diálogos sobre Identidade e Atraso

Self-knowledge is an exercise that countries in crisis situations use to cherish. It is not clear, moreover, that crisis is not something permanent, apart from rare golden ages. Portuguese people has a long history of thinking about themselves. But not always have escaped from some idealization of what they are the what and their role should be. After the classical visions of Antero de Quental and Teixeira de Pascoaes, for example, and the "mythical psychoanalysis of Portuguese fate" due to Eduardo Louren- ço, the sociologist Fernando Pereira Marques takes a lucid and unclouded look over what the Portuguese have been. Specially reflecting upon the causes of the proverbial national "underdevelopment".

A identidade do “Outro” colonizado à luz das reflexões dos estudos Pós-Coloniais

Em Tempo de Histórias

O presente artigo contempla a construção e desconstrução da identidade do “Outro” colonizado vislumbrada por intelectuais como Homí.K.Bhabha, Frantz Fanon, Albert Memmi, V.S Naipaul, Spivak, Edward Said, dentre outros, através da ótica dos estudos Pós-coloniais. Para Bhabha, a representação da diferença não deve ser vista como reflexos de traços culturais ou éticos inscritos por meio de discursos e estratégias que tentam fixar por meio de binarismos excludentes a identidade do Outro. A mímica constituiu-se em uma estratégia ambivalente apropriada pelo colonialismo com o intuito de legitimar o discurso de superioridade do colonizador sobre o colonizado.

Luso(A)fonias. Memórias cruzadas sobre o colonialismo português

Estudos Ibero-Americanos, 2019

Neste artigo revisitamos um conjunto de estudos sobre as representações sociais da história nacional realizados junto de jovens em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e Timor-Leste. Em cada um desses países foram recolhidos dados com vista a examinar as representações sociais da história nacional e as emoções associadas aos acontecimentos considerados mais marcantes, entre os quais se destacaram os referentes ao processo de colonização e as guerras de libertação. Os resultados apontam para ambiguidades, ambivalências e contradições nas representações sociais da história que “liga” os países de língua oficial portuguesa. De um modo geral, observa-se um “desencontro” das memórias sobre o passado colonial. Esse desencontro das memórias sobre o “passado comum” é particularmente evidente quando comparamos as memórias históricas de jovens angolanos e de jovens portugueses: enquanto os participantes portugueses destacam os descobrimentos os participantes angolano...

A identidade trágica em O esplendor de Portugal ou sobre como exilar-se de si

2017

Through the recovery of the ambiguous concept of exile towards the establishment of a tragic identity in Oedipus Rex, this article investigates to what extent the understanding of this identity can illuminate the characterization of the characters in the novel O Esplendor de Portugal, by Antonio Lobo Antunes. From an analysis of the formal aspects of the narrative, this article aims to identify how this novel problematizes the Portuguese colonial and postcolonial experience featuring the tragic identity of the characters through the symbolic exile from themselves.

Cais Brasileiros da Desconstrução: Etnocentrismo e Diferença Colonial

Revista de Estudos Literários, vol. 14, 2024

A desconstrução teve um por-vir fecundo e plural no Brasil. Este artigo pergunta--se sobre a disseminação de alguns gestos do pensamento derridiano no Brasil e sobre como o pensamento da diferença contribuiu à emergência de um certo caráter liminar do Brasil e da América Latina, no chamado “Ocidente”. Interpretam-se aqui os conceitos de “entre-lugar” (Silviano Santiago), “transcriação” (Haroldo de Campos), “diferOnça” (Viveiros de Castro) ou “literatura pensante” e “pensamento vegetal” (Evando Nascimento) como intervenções e cais (“jetées”) teóricos que ativam a herança da desconstrução, fazendo dela um uso criativo e não reverencial. Deconstruction has had a fruitful and plural existence in Brazil. This article explores the dissemination of some gestures of Derridean thought in Brazil and how the thought of difference has contributed to the emergence of a liminal character of Brazil, and Latin America, in the so-called "Occident". The concepts of "entre-lugar" (space in-between) (Silviano Santiago), "transcreation" (Haroldo de Campos), "differOnça" (difference-jaguar) (Viveiros de Castro) or "thinking literature" and "vegetable thinking" (Evando Nascimento) are interpreted here as theoretical interventions and jetties that activate the heritage of deconstruction by making creative and non-reverential use of it.

Islão transnacional e os fantasmas do colonialismo português

Relações Internacionais 30, pp. 71-82, 2011

Este artigo examina a forma como as políticas colónias portuguesas de enquadramento do Islão na Guiné e em Moçambique evoluíram de uma representação do muçulmano como ameaça para uma imagem mais conciliadora, pela qual os muçulmanos poderiam ser potenciais aliados do poder português na guerra contra os movimentos nacionalistas. Sendo ambas as representações marcadas pela ambivalência, a primeira predominou até ao final da década de 50 e a segunda desenhou-se em meados dos anos 60, acompanhando o restante trajecto das guerras coloniais. As duas imagens corresponderam a diferentes formas de lidar com a dimensão transnacional do Islão e com o seu alegado impacto sobre o colonialismo português em África. O artigo analisa essas estratégias, abordando a participação que nelas teve a Igreja Católica, o aparelho central de poder e as suas ramificações locais nas colónias. This article examines the evolution of Portuguese colonial policies regarding Islam in Guinea and Mozambique. Such policies turned from an image of Muslim as foe to a more reconciling picture, in which Muslims could be presented as potential allies of the Portuguese power in the war against nationalist movements. Being both marked by ambivalence, the first image prevailed until the end of 1950s and the second one emerged in the mid-60s to be part of the last stage in the colonial wars. These images corresponded to different ways of addressing the transnational dimension of Islam and its supposed impact on the Portuguese colonialism in Africa. The article analyses those strategies and the actors that were behind them: the Catholic Church, the core of political power and its local ramifications in the colonies.