Tuberculose latente em profissionais de saúde: concordância entre 2 testes diagnósticos (original) (raw)

2015, Revista Portuguesa de Saúde Pública

Tuberculose latente Profissionais de saúde Prova tuberculínica Testes in vitro de libertação do interferão-gama Tuberculose r e s u m o O diagnóstico de tuberculose latente (TL), designadamente em profissionais de saúde, tem sido efetuado ao longo dos anos através da prova de tuberculina (PT). Mais recentemente, surgiram os testes Interferon-ʎ Release Assays (IGRA) que, ao contrário da PT, não positivam com a vacina Bacillus Calmette-Guérin (BCG) nem com a maioria das micobactérias não tuberculosas. Na ausência de um gold standard para o diagnóstico de TL, o objetivo deste estudo consistiu em analisar a concordância entre as 2 técnicas de diagnóstico da TL, através da determinação do coeficiente Kappa e da taxa de concordância entre a PT e o teste IGRA em profissionais de saúde de um hospital central universitário português. Trata-se de um estudo transversal, retrospetivo, em que se efetuou a análise dos registos das PT e dos testes IGRA realizados em simultâneo (até 15 dias de intervalo) no serviço de saúde ocupacional, em 2010 e 2011 (n = 137). A grande maioria tinha efetuado BCG e 44,5% tinham efetuado 2 ou mais inoculaç ões. O diâmetro médio da PT foi de 17,5 mm (DP 4,3). Apenas 2 profissionais apresentaram PT < 10 mm, sendo o teste IGRA negativo. Dos 135 participantes com PT positivo, apenas 53 (39,3%) apresentaram também o teste IGRA positivo. O nível de concordância entre a PT e o teste IGRA foi determinado através do coeficiente Kappa. Respetivamente, para um cut off da PT de 10, de 15 e de 20 mm, os níveis de concordância foram de 0,019 (p = 0,26), 0,19 (p = 0,001) e de 0,26 (p = 0,003). As taxas de concordância foram, respetivamente de 40, 54 e 65%. Verificou-se que a concordância entre os 2 métodos aumentou quando o cut off para a PT também aumentou. Contudo, seria expectável uma taxa de concordância mais elevada para cut off's de 15 mm e, sobretudo, de 20 mm, uma vez que a vacina BCG administrada na infância habitualmente induz respostas menores. É possível que a existência de mais do que uma inoculação de BCG na amostra estudada, especialmente depois da infância, possa ser responsável pela baixa concordância entre os 2 métodos, não se podendo também excluir a possibilidade de falsos negativos do teste IGRA.