A Censura em Portugal (1926-1974) (original) (raw)
1999, José Barreto, "Censura", in A. Barreto e F. Mónica, Dicionário de História de Portugal – Suplemento, vol. VII, Porto: Figueirinhas, 1999, pp. 275-284
A Censura em Portugal (1926Portugal ( -1974 Artigo publicado originalmente, sob o título "Censura", em A. Barreto e F. Mónica, Dicionário de História de Portugal, vol. VII, Porto: Figueirinhas, 1999, pp. 275-284. Dispositivo repressivo crucial, de par com a polícia política, para a criação e manutenção do regime autoritário de Salazar, a instituição da censura espelha antes de tudo a longa opressão a que foram sujeitas as correntes de opinião contrárias ao Estado Novo, impedidas de formular críticas ao poder, de propagar as suas ideias, de marcar as diferenças existentes entre si próprias e de se organizarem à luz do dia. Enquanto a opinião pública era assim remetida a uma situação de opacidade, dependência e indiferenciação, a vida partidária em Portugal era forçada a extinguirse ou retrogradar a um estádio embrionário, reunindo-se deste modo as condições propícias ao triunfo do projecto autoritário. Não foram, todavia, as forças oposicionistas nem as vozes inconformistas em geral o alvo exclusivo da acção censória do salazarismo. Todo o fluxo de informação e todo o pensamento publicamente expresso, incluindo o proveniente de áreas do poder e sectores seus aliados, passava pelos filtros da censura. Se a palavra crítica ou "subversiva" foi o alvo primário dos censores, era também suprimido, independentemente da sua origem, objectividade ou intenção, tudo o que pudesse causar "alarme e intranquilidade na opinião pública", a informação julgada de efeito nefasto para o funcionamento da economia, as matérias