Vida e obra de Cheikh Anta Diop: o homem que revolucionou o pensamento africano (original) (raw)
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Cheikh Anta Diop é frequentemente descrito como o mais importante investigador africano do século XX, um colosso intelectual que não apenas se destacou pela abrangência, profundidade e originalidade do seu trabalho, como também pela coragem e pela audácia de, perante os absolutos ocidentais sobre a origem das civilizações, proceder à reescrita da história da humanidade com vista a «desta car a participação dos negros na aventura da razão que é filha do tempo e da história» (p. 33). Nas palavras de Ela, foi esse o «propósito fundamental da vida e da obra de Cheikh Anta Diop» (p. 33).
Anais do 16º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia, 2018
Partindo da necessidade de aprofundar questões históricas, epistemológicas e curriculares no Ensino de Ciências capazes de tornar real o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e a Educação das Relações Étnico-Raciais nas escolas, pretendemos realizar um ensaio teórico que fundamente a construção e aplicação de Materiais Curriculares Educativos (MCE) a partir da seleção e análise histórica de fatos e aspectos do pensamento africano moderno, tendo como foco a produção científica e sócio-histórica de Cheikh Anta Diop. Estimular práticas educativas nesse sentido é romper o silenciamento sobre a contribuição da matriz civilizatória dos povos africanos e afrodescendentes para a ciência e tecnologia, ao invés de privilegiar uma "história única" que coloca a ciência em geral como um atributo essencialmente ocidental, desconsiderando o fato de que, assim como a humanidade, as primeiras civilizações, os primeiros passos da ciência, foram dados no continente africano (DIOP, 1974; MACHADO, 2014).
Histórias (In)visíveis nas Ciências. I. Cheikh Anta Diop: um corpo negro na Física
Revista da Associação Brasileira de Pesquisador s Negr s - ABPN
Este artigo aborda a vida e a produção científica de Cheikh Anta Diop, um dos maiores cientistas e intelectuais do século XX. O objetivo deste trabalho é refletir como a formação diversa de Cheikh Anta Diop foi fundamental para que este intelectual inovasse e criasse ideias que revolucionaram a ciência moderna. Faremos uma breve investigação biográfica buscando, primeiro, problematizar a ausência do corpo negro na História da Ciência, sobretudo nas Ciências Exatas e, segundo, mostrar que a biografia de intelectuais negros na História da Física do século XX, por vezes ainda influenciada pelo Racismo Científico, é fundamental para se compreender a experiência negra antirracista e a invisibilidade destes intelectuais em práticas pedagógicas, livros e
A trajetória de um intelectual africano
Tempo, 2006
* Determinação do governo federal americano, que dispõe sobre os centros de pesquisa que dependem de recursos do governo. Este subsídio governamental viabilizou a emergência de estudos africanos, latinos americanos e também de gênero.
2014
EnglishAssuming that the idea of Africa owes much to the understanding African nationalists had of their societies, the specific contribution of three nationalists is here discussed, although one of them, Frantz Fanon, is not of African origin, but from the Antilles. In this context, nationalism is understood as part of a larger movement, the African renaissance movement, cyclically evoked by African leaders and therefore must be understood as a long-term movement (longue duree). portuguesPartindo do pressuposto de que a ideia de Africa e, em muito, devedora do entendimento que os nacionalistas africanos tinham das suas sociedades, discute-se o contributo especifico de tres nacionalistas, conquanto um deles, Frantz Fanon nao seja de origem africana, mas sim antilhana. O nacionalismo e, neste contexto, entendido como parte de um movimento mais vasto, o do renascimento africano, ciclicamente evocado pelos lideres africanos e, deste modo, entendido como um movimento de longa duracao (l...
MULHERISMO AFRICANA E A UNIDADE CULTURAL DA ÁFRICA NEGRA: UMA RECEPÇÃO DA OBRA DE CHEIKH ANTA DIOP
Isadora Pires Garcia , 2024
No ano de 2023, Cheikh Anta Diop, historiador senegalês, completaria cem anos. Em comemoração ao seu centenário, o presente trabalho busca evidenciar a vivacidade de sua obra para os estudos afro-diaspóricos contemporâneos. Anta Diop nasceu em 1923, em Caytou, e experienciou a dominação colonial francesa e, posteriormente, os processos de luta pela independência de inúmeros países africanos. Intelectual pan-africanista comprometido com a luta anticolonial, reivindicou-conforme construía-o continente africano enquanto uma unidade histórica, cultural e linguística que fora dividida e mutilada pela ação europeia colonial. Tal processo de reivindicação previa a "fabricação" de uma nova história para a África, uma história que desse conta dos anseios e projetos políticos dos Estados africanos recém independentes. Ciente destas questões, Anta Diop dedicou-se a buscar, e estabelecer, uma anterioridade africana que fosse oposta e, sempre que possível, superior à europeia. Consoante ao pensamento do autor, o Egito antigo-civilização negra, africana e matriarcal por excelência-era a matriz dessa unidade. Longe de ser ingênuo ou ilusório, pensar a África enquanto unidade fazia parte de um repertório político e intelectual palpável que estava sendo gestado durante os processos de independência. Nesse sentido, busca-se examinar a construção teórica e argumentativa do conceito de "unidade cultural da África Negra", basilar para a compreensão da obra de Anta Diop e para como este é recepcionado no campo do Mulherismo Africana, movimento estadunidense criado na segunda metade da década de 1980, por meio dos escritos da socióloga Nah Dove. Estudiosa da obra de Anta Diop, seus estudos concentram-se na resistência africana e da diáspora frente à dominação cultural europeia com foco nas ações de mulheres negras. Em sua obra, o conceito de "unidade cultural da África Negra" é modificado, desvincula-se do resultado de uma formação estatal e transforma-se em uma "amálgama", uma cultura compartilhada, com dimensões antropológicas, que promove a mudança social e a recuperação de um povo flagelado pelo colonialismo. Para além da diferença temporal e espacial que afasta ambos os autores, o conceito diopiano, quando recepcionado por Dove, recebe aplicações políticas e sociais distintas. Sob este prisma, a pesquisa em questão dialoga com as áreas da História Intelectual e da História dos Conceitos na medida em que busca refletir acerca do trânsito de pessoas, de ideias, de sociabilidades e da construções de redes, bem como suas articulações em espaços e tempos distintos. Além disso, dedica-se a examinar a transformação de conceitos que circulam, ao longo do tempo, em diferentes campos por meio dos estudos acerca da recepção e dos usos do passado. Por fim, entende-se que o conceito analisado contempla um conjunto de ideias sobre a África que proporcionam seus múltiplos processos de disputa e invenção.
Terror à negritude, amor ao seu sangue: Diop e o Senegal na Primeira Guerra Mundial - Hiasmim Silva
O trabalho é a tentativa de analisar a história dos soldados senegaleses que lutaram na Primeira Guerra Mundial por uma reflexão crítica. Nesse sentido, recorro ao livro: irmãos de alma de David Diop. O livro narra de forma surpreendente a trajetória de um soldado e suas experiências no front e para estabelecer uma leitura crítica sobre esses acontecimentos além de se mobilizar a história, utilizo o pensamento de Frantz Fanon para produção de uma análise fanoniana.
EGITO: HISTÓRIA ANTIGA DA FILOSOFIA AFRICANA
A Companion to African Philosophy, 2004
OBENGA, Théophile. Egypt: Ancient History of African Philosophy. In: KWASI, Wiredu (ed.). A Companion to African Philosophy. Massachusetts: Blackwell Publishing, 2004, p.31-49. Tradução para uso didático, para o projeto de pesquisa Dissecando o racismo epistêmico: a urgência de outra perspectiva no ensino de filosofia, por Vinícius da Silva (viniciuxcostasilva@gmail.com).