Variações à volta do desejo ('O Jornal' Agosto de 1989) (original) (raw)

Reinventar o Desejo ou o corpo do texto in Germano Almeida

Uma das características da escrita pós-modernista em geral, e de Germano Almeida, especificamente, é a capacidade de fazer confluir os paradoxos. Não necessariamente conciliando-os mas simplesmente fazendo-os habitar o mesmo espaço. E o espaço do desejo não é excepção a esta regra. Resta-nos descobrir qual a solução que Germano Almeida propõe para efectivar esta confluência.

Os paradoxos do desejo (na formação) do psicanalista

Stylus, 2019

Lacan founded his School in 1964, in order to restore the cutting edge of Freudian truth, denouncing the deviations and compromises that encumbered its progress, so that psychoanalysis could assume its duty in the world. After establishing the general rules for the functioning of his school, in 1971 Lacan added a note, in which he expressed the problem of a psychoanalyst formation, a strong issue that had been deviated by the analysts from the International Association. If the psychoanalyst's formation in the International resulted in the obedience and the observance of several standardized rules from a hierarchical structure, in Lacan's School that formation must necessarily include the fact that "psychoanalysis is constituted as didactics by the desire of each one, and that he/she must be warned that the analysis is going to challenge that desire while he/she gets closer to it" (Lacan, 1971/2003d, p. 240). So, refering to the formation of a psychoanalyst, Lacan added the function of the desire, against that IPA standardization. Therefore, it is interesting to discuss that 1971's formulation, articulating it to what Lacan was warning in his "Proposition of 9 of October", that there was a real in a psychoanalyst's formation. If in the International School this obstacle used to be avoided or denied systematically, in Lacan's School it would be a stone in lapidation. This paper deals with this real into a psychoanalysis treatment, which can bring psychoanalyst's desire, never established as a priori, but the product of an extraction.

Inventário de Sonhos: um desejo de arquivo

Correio da Appoa, 2021

O Museu das Memórias (In)possíveis vai receber uma outra coleção de sonhos que começou a ser recolhida a partir de março de 2020, no início da pandemia do coronavírus no Brasil. Este projeto, nomeado de “Inventário de Sonhos”[1], já recolheu até o momento mais de 1200 sonhos de várias regiões do país. As narrativas evidenciam os impasses dessas memórias difíceis que ficarão como uma anotação preciosa para entendermos um pouco mais sobre tudo o que ainda estamos vivendo em nosso país. Com a transmissão dessas narrativas oníricas, abrem-se espaços de memória, de revolta, de luto, de elaboração, de esperança, de dor. O Inventário continua aberto para aqueles que ainda quiserem doar seu relato onírico para esse arquivo.[2]

Barthes com Lacan: o fantasma do desejo no Diário de Luto

Revista Trama Interdisciplinar, 2014

Resumo-"Che vuoi?-que quer você?", a provocação, retirada de Lacan (Escritos), repercute a indagação sobre o desejo de texto, sobre o desejo no texto, sobre o fantasma do desejo nos textos de Diário de luto e Incidentes, livros confessionais de Roland Barthes. Essas modulações sobre esse Outro especular e fantasmático, incluindo-se nesse Outro a própria materialidade da escrita, as inscrições do corpo tematizadas, a confissão barrada pelo signo do silêncio lutuoso e/ou amoroso, serão objetos que pretendo articular neste artigo. O texto é esse Outro que interroga o desejo do escritor: inversão de papéis.

Esquecer-se e lembrar-se: o desejo em questão

A resenha apresenta a obra A memória, o esquecimento e o desejo, que contempla três capítulos que perpassam escritos de Freud, de Nietzsche e de Agostinho de Hipona. Do primeiro autor se examina o recordar e o esquecer, do segundo, a potência do esquecer, e do terceiro, a vontade, o desejo e a memória. Como resultado, conclui o autor que os temas da memória, do esquecimento e do desejo, embora não de forma estrutural, intencional ou mesmo programática, estão presentes em diferentes autores ao longo da história do pensamento humano.

1989, Não desejarás o teu próximo...

1989 “Não Desejarás o Teu Próximo: A Homossexualidade como Pecado, Crime e Doença. Espelho da Construção Social da Sexualidade, do Género e dos Afectos”, Baptista, F.O. et al (eds.), Estudos em Homenagem a Ernesto Veiga de Oliveira. Lisboa: JNICT, pp. 851-860.

Notas de uma vida inesquecível: variações

O ensaio procura pensar algumas relações entre tempo, esquecimento e vida feliz. A partir das leituras do dionisismo empreendidas por Furio Jesi, propõe como o conceito de inesquecível é pressuposto à possibilidade da vida feliz. Analisa como a perda do passado pode ser lida não numa dimensão culposa – de arrependimento pelo não realizado – mas como a dolorosa assunção da potência enquanto característica dos homens (ao menos na tradição em questão). Por fim, pensa a conexão necessária entre ação ético-política e a vida feliz como um modo de suprimir, por meio de um niilismo benjaminiano, a mitologia contemporânea de uma vida plenamente feliz.

A vontade segundo Jacotot e o desejo de cada um

Educação & Sociedade, 2003

Relato circunstanciado da experiência de trabalho com o livro O mestre ignorante, de Jacques Rancière, num curso de formação continuada para educadores de jovens e adultos do estado do Rio de Janeiro no segundo semestre de 2002. A questão da vontade, envolvida no ato de aprendizagem, é abordada a partir das reações dos cursistas aos princípios de uma educação emancipadora, elaborados por Joseph Jacotot (França, século XIX), que são apresentados no livro.

“Rosita ou o Império como um objecto de desejo”, Público, 25 de Agosto de 2013.

2013

Na fronteira ténue entre o espectáculo e a antropologia, a cultura popular e a cultura científica, os zoos humanos serviram diferentes discursos coloniais. Expuseram também práticas de um racismo e de um sexismo que hoje subsistem sob outros formatos Os "jardins zoológicos humanos" foram um fenómeno muito popular, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos, entre 1840 e 1940. Consistiam em grupos de "selvagens" ou "nativos", como eram designados, expostos em jardins zoológicos, jardins de aclimatação, exposições universais e coloniais ou circos itinerantes. O contexto colonial europeu deste período foi especialmente propício a estes eventos e foram poucas as vozes contemporâneas que os condenaram.