Para além da superfície da imagem: disputa de narrativa por fotógrafos da África (original) (raw)
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Fotonakirigrafias: Narrativas De Uma África
Revista Docência e Cibercultura, 2019
Fotografia: “escrita/narrativa” com luz. Fotonakirigrafia: “escrita/narrativa” com luz dos que são “de outro lado” e estão em travessias/movimentos. Por volta do século XIII, nakirikai foi uma marca dada a todas as pessoas que “moravam de um lado” e faziam travessias para “o outro lado” da península que abriga atualmente a capital da República da Guiné. Nessas travessias cotidianas, e nos encontros que elas necessariamente provocavam, os nakirikai compartilhavam uns com os outros suas histórias, culturas, saberes e conhecimentos. Parte de uma produção de mais de 2000 imagens, as fotografias com as quais aqui nos encontramos são chamadas de fotonakirigrafias pela sua potência de provocar deslocamentos ao trazerem outros saberes de/com África, contando outras histórias dessas populações africanas geralmente narradas por flashes e lentes eurocêntricas/coloniais/racistas. Todas elas foram feitas por meninas e meninos estudantes do 4º ao 6º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública...
Fotografias De África: Entre Invenções e Aventuras
Para Onde!?
O artigo intenciona problematizar fotografias didáticas de África presentes na Geografia Escolar. Trata de dois exercícios de mobilização de pensamento em um espaço de formação inicial de professores de Geografia: o primeiro trata de compreender qual ideia de África está presente em um livro didático e suas implicações para a construção de saberes sobre o continente e o segundo intenciona deslocar, através de fotografias do cotidiano dos africanos disponíveis em rede social, o pensamento para a existência de práticas pedagógicas em Geografia que viabilizem discussões e enfrentamento das questões raciais e da educação pelas imagens na Educação Básica. Os exercícios oportunizaram espaços de discussões sobre a ideia de África que permeia a Geografia Escolar, mostraram, ao mesmo tempo, a força das fotografias na validação e reprodução de discursos hegemônicos eurocêntricos e um descompasso com as diretrizes para a Educação das Relações Étnico-raciais, mas também proporcionaram encontros...
A fotografia como protagonista de histórias: casos de reportagens no Marrocos
Semiótica e História: Fotografia e Informação, 2018
Esse artigo apresenta resultados de uma investigação teórico-prática a partir de conceituações sobre a imagem na ecologia dos meios, uma abordagem histórica da fotogra a e seu papel na construção de narrativas e, nalmente, o relato de uma reportagem fotojornalística multiplataforma que con rma o poder da fotogra a como protagonista no contar história. A loso a metodológica adotada neste artigo é a investigação quase-experimental, pois resulta de uma observação em que os resultados estão diretamente relacionados com os executores do experimento. No caso deste artigo, a experimentação foi realizada por apenas um autor (Jorge Vázquez), tendo sido suportada teorica- mente pelos outros dois autores (Denis Renó e Jefferson Barcellos). Os resultados apresentados neste artigo apontam para uma tendência onde a imagem, mesmo estática, em ambientes navegáveis pode assumir um importante papel na narrativa contemporânea.
Imagens e narrativas da África: desmistificando as teorias de Relações Internacionais
2013
Procura-se questionar as imagens que temos e as narrativasque conhecemos acerca da Africa e, a partir disso, questionaralguns mitos que construimos acerca do continente no campodas Relacoes Internacionais. E feita breve levantamentoacerca do espaco que o continente tem nas teorias de RelacoesInternacionais e um questionamento acerca da adequacao dopanorama com que nos confrontamos, de narrativasincompletas e enviesadas privilegiando um olhareurocentrico. Finaliza-se com uma proposta de pluralismoteorico e epistemologico.
África
Este trabalho se propõe a problematizar e descortinar os movimentos analítico-historiográficos que acompanham as disputas de narrativas em torno das diferentes imagens do mais conhecido imperador zulu, Shaka kaSenzangakhona. Sabe-se que os discursos sobre o Império Zulu e o legado de Shaka, inicialmente, emergiram dos relatos de viajantes e administradores coloniais, depois, utilizados por historiadores exógenos e brancos que, nas suas formulações centrais, interpretaram a figura de Shaka como um déspota irracional e sedento por sangue. No entanto, por outro lado, o texto problematiza, também, as percepções contemporâneas sobre a figura de Shaka, recuperando a narrativa de como os historiadores e os movimentos sociais e intelectuais políticos da África do Sul passaram a se dedicar à “questão nativa”, descontruindo e reconstruindo os relatos sobre a história do Império zulu.
A fotografia como possibilidade pedagógica no ensino de História da África
Me conta essa história, 2020
INTRODUÇÃO De acordo com a Lei 10.639, sancionada em 2003, é estabelecido que a incorporação do estudo da História e Cultura afro-brasileira seja obrigatória no ensino básico. Segundo o primeiro parágrafo do Artigo 26, o enfoque se dá justamente na agência do povo negro; em sua contribuição na formação da sociedade brasileira, em suas lutas sociais e cultura. Por mais que a aplicabilidade da lei durante esses 17 anos de existência seja questionável, é interessante analisar a nova perspectiva em que esses sujeitos históricos são postos. Em se tratando de História da África, o problema da representação ocidental imersa na ótica da colonialidade é bastante considerável. A proposição que enaltece a identidade de diferentes povos, a complexidade da história para além do contato com os europeus e a colonização é inexistente ou secundarizada em relação a uma imagem de África única, primitiva, e exclusivamente assolada pela violência e pobreza. As representações ocidentais diante do continente africano precisam ser historicizadas, pois são divergentes ao longo do tempo, no entanto, seja na Antiguidade Clássica, na Idade Média ou na Modernidade, o tom pejorativo prevalece. Segundo Anderson Oliva é contínuo o olhar minucioso que procura em cada centímetro do corpo e da natureza, a explicação e justificativa para aniquilar (OLIVA, 2012, p.82). E a destruição é bastante explícita nos discursos imperialistas e racistas do darwinismo social, propagado a partir do fim do século XIX. A contra-imagem, portanto, se faz necessária, pois ela é a afirmação da diferença no combate ao epistemicídio, "é uma maneira de estar no mundo recusando qualquer forma vitimizada de identidade, o que não significa ignorar a injustiça e a violência impostas ao continente." (MBEMBE, 2013, p.43). A identidade que supera aquela imposta pelo perpetuador da violência é, como coloca o filósofo Achille Mbembe, a recuperação do rosto desfigurado. Por isso, reafirmar-se enquanto o Outro é uma etapa inescapável para atingir a utopia do mundo sem desigualdades.
Design África: margens em diálogo
Cadernos Teoria e história do design: Reflexões sobre a História do Design Internacional V.1 , 2022
Este texto é resultado de leituras, discussões e reflexões ocorridas na disciplina “História social do design internacional: origens e instalação”. A partir de autores como Fry (1989) e Calvera (2005), que questionam a história hegemônica do design e tensionam relações entre centro e marginalidade, buscamos uma visão mais à margem. Com o objetivo de discutir o design no continente africano, encontramos no texto de Ambole (2020) uma abordagem periférica, nos localizando como autores também periféricos.
Encruzilhadas e narrativas em Cadernos de África
Concinnitas, 2022
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar o projeto Cadernos de África. Nesse percurso as categorias corpo, narrativa e tempo aparecem como fundamentais para leitura dos trabalhos de Paulo Nazareth e para a consequente proposição de uma narrativa encruzada a partir da utilização da encruzilhada como conceito chave.
Pare de nos filmar!: momentos de negociação em meio às imagens coloniais da África?
Revista Contemporânea (UFBA), 2021
Movido por um arranjo entre crítica cinematográfica e reflexão teórica, este ensaio disserta sobre o filme Pare de nos filmar (Stop filming us, Joris Postema, 2020). O longa-metragem, coprodução dos Países Baixos com a República Democrática do Congo (RDC), acompanha o holandês Joris Postema em um exercício fílmico auto reflexivo: “como cineasta ocidental, cidadão nativo de um rico país europeu, sou capaz de usar uma outra lente que não seja a colonialista para filmar a África e os africanos? ” De saída, o ensaio fraciona uma pergunta vastamente utilizada pelo próprio diretor holandês: “posso filmar? ” Em seguida, reflete sobre as tensões entre narrativa única, estereótipo e discurso colonialista, apoiado especialmente nos estudos de Homi Bhabha (2013) e Stuart Hall (2016). No terceiro momento, o ensaio passeia pelas tensões entre estética e política da imagem (RANCIÈRE, 2018) e, por fim, aponta para um instante de negociação (BHABHA, 2013) que permite uma experiência espectatorial com o longa-metragem sem ceder a posições essencialistas.
O outro pé da sereia: o diálogo entre história e ficção na figuração da África contemporânea
UNIGRANRIO Resumo: O texto consiste em uma análise de O outro pé da sereia, de Mia Couto, focalizando o diálogo entre a história e ficção, no intuito de mostrar o tratamento dado pelo autor às principais questões do mundo contemporâneo: a identidade, o sentido de pertencimento, o pós-colonialismo e o choque entre culturas. Ao fazê-lo, Mia busca desconstruir os arquétipos acerca da África e seus povos. Palavras-chave: identidade, história, ficção O outro pé da sereia: the dialogue between history and fiction in the representation of contemporary Africa Abstract: