Alterações na Política Externa da Arábia Saudita: uma análise a partir do modelo de Hermann | Changes in Saudi Arabia’s Foreign Policy: an analysis under the Hermann’s model (original) (raw)

Politização da Política Externa e as Negociações da Rodada de Doha

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Em 1997, Helen Milner em seu livro Interests, institutions, and information, parafraseando Clausewitz, relacionou a cooperação internacional "à continuação da política doméstica por outros meios" (MILNER, 1997, p. 247). Trata-se de uma declaração polêmica por contrariar a premissa do Estado unitário e inserir a disputa política interna aos Estados no cerne dos estudos de Relações Internacionais. Entretanto, quando se destacam alguns fatos recentes, relacionados às negociações da Rodada de Doha para o Desenvolvimento da Organização Mundial do Comércio (OMC), a afirmação de Milner não parece tão estranha. À época do início da campanha para a eleição presidencial dos Estados Unidos da América (EUA), Hillary Clinton defendeu a inserção de regras ambientais e trabalhistas mais duras na Rodada de Doha -questões controversas que geraram impasse na Conferência Ministerial de Seattle da OMC (1999). Elas, porém, contam com a simpatia dos ambientalistas e dos sindicatos de trabalhadores, tradicionais aliados do Partido Democrata (HILLARY..., 2007). Recentemente, surgiram rumores na imprensa brasileira de que se realizara em Londres um pré-acordo entre EUA, União Européia (UE) e Brasil sobre a liberalização de produtos industrializados (BRASIL..., 2008). Chama-se a atenção para o fato de que os termos do acordo terem sido sigilosos sem nenhuma divulgação pela imprensa. Evidentemente, caso se confirme o pré-acordo, eles vão deixar de ser em um determinado momento. Na verdade, pretende-se destacar neste trabalho que o sigilo dos termos do acordo não só expressa a dificuldade de se chegar a um consenso nessa área, como também indica a tentativa de isolar o nível das decisões internacionais da exposição à política doméstica de que trata Helen Milner. * Artigo produzido em abril de 2008. ** Universidade de Brasília (UnB).

A reconfiguração da política externa norte­americana para o Oriente Médio (1967 – 1979)

Nos dias atuais percebemos o constante interesse norte­americano na região do Oriente Médio, principalmente pela questão energética e do fundamentalismo religioso que começou a ganhar força nas últimas décadas. Mas, a pergunta que fica: a partir de quando os Estados Unidos começaram a reconhecer o Oriente Médio como região de importância na sua política externa? O presente trabalho tem como objetivo analisar o período de 1967 – 1970 evidenciando que nesta época até os dias de hoje o Oriente Médio passa a ser uma das regiões mais estratégicas na política externa norte­americana, devido a importância de seus recursos energéticos e a preocupação de conter o fundamentalismo religioso que começava a ganhar força no período. A partir disso, podemos considerar que estes anos foram fundamentais para o Oriente Médio se consolidar como preocupação para a diplomacia norte­americana.

Política Externa Brasileira e a Questão do Saara Ocidental: a dinâmica da neutralidade e as possibilidades de engajamento (impresso)

O presente artigo tem como objetivo analisar algumas possíveis variáveis determinantes da postura brasileira frente à questão do Saara Ocidental. Para tal, se levará em conta, primeiramente, um breve histórico do conflito, justapondo os atores envolvidos e seus interesses específicos. Em segundo lugar, o artigo analisará a s características fundamentais do modelo de inserção brasileiro no sis tema internacional. Em seguida, será evidenciada a dimensão das relações Brasil-Marrocos. Em quarto lugar, abordará a Cúpula América do Sul-Países Árabes como eixo da cooperação Sul-Sul. Por fim, fará um equacionamento destas variáveis, apresentando possibilidades para o engajamento da diplomacia brasileira no quadro em questão.

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS POLÍTICAS EXTERNAS DA ALEMANHA WILHELMINA E DA CHINA NO SÉCULO XXI

Revista Marítima Brasileira , 2016

Neste texto pretende-se apresentar as nossas conclusões quanto à seguinte questão de partida: em que medida o atual comportamento da política externa chinesa, simbolizada pela iniciativa de integração regional “One Belt, One Road” (Obor), guarda semelhanças com a Weltpolitik, política mundial, e o comportamento internacional da Alemanha de Wilhelm II (1888-1914).

O papel das estratégias norte-americanas para as rupturas paradigmáticas na orientação da Política Externa jordaniana na segunda metade do século XX/The role of U.S. strategies for the paradigmatic changes in Jordanian foreign policy

Brazilian Journal of International Relations, 2016

Resumo: A descolonização do Oriente Médio que originou novos Estados na região da Bacia do rio Jordão, coincide temporalmente com um novo arranjo da ordem mundial que se reorganizava no período pós-Segunda Guerra Mundial. A trajetória da política externa da Jordânia na segunda metade do século XX é extremamente didática para entendermos os efeitos das relações de poder entre as nações em âmbito regional e global para a mudança de comportamento dos Estados que praticavam políticas anti-hegemônicas. Nesta trajetória destaca-se a intensa disputa pelos escassos recursos hídricos regionais, à medida que o recurso é fundamental para o desenvolvimento das atividades econômicas e para a própria soberania do Estado. Na já distante década de 1950, poucos anos após o conflito da Guerra de Independência que opôs Israel e os Estados árabes vizinhos, a Jordânia passou a adotar uma postura intransigente em relação à aproximação com Israel, apesar dos esforços dos Estados Unidos para promover a est...

DAS RELAÇÕES ENTRE OS CONDICIONANTES MACROECONÔMICOS E A CONJUNTURA POLÍTICA: TRADE-OFFS DO ESTADO RENTISTA E DA ECONOMIA DA DEFESA NA ARÁBIA SAUDITA

Conjuntura Global, 2020

Resumo O objetivo deste artigo é analisar características do modelo econômico e geoestratégico do Reino da Arábia Saudita a partir do posicionamento do país diante do seu entorno regional no Oriente Médio, por condicionantes típicos de Estado Rentista e em matéria de economia da defesa. Por meio do estudo de caso e de metodologia exploratório-descritiva, observou-se o modelo econômico em curso que sustenta a sua robustez estratégica. A fim de demonstrar isso, o artigo apresenta primeiramente de que forma o caso saudita é relevante em termos geoestratégicos para a região e, em seguida, sobre a égide de um modelo de Estado Rentista cujas receitas nacionais advém em grande parte da exportação de hidrocarbonetos. Em seguida, apresenta-se a caracterização do sistema de compras militares do Reino, as suas capacidades e o seu modelo de Forças Armadas e investimento em sua indústria de defesa, incluindo a aquisição de plataformas e armamentos produzidos no exterior. A partir desse levantamento, pretende-se contribuir com os estudos sobre os modelos econômicos em matéria de defesa e suas eventuais repercussões para a política internacional, lançando luz o sobre um ator central para o Oriente Médio e para a estabilidade internacional do regime de segurança energética. Palavras-Chave: Arábia Saudita; Defesa; Petróleo; Forças Armadas. Abstract The objective of this article is to analyze the characteristics of the economic and geostrategic model of the Kingdom of Saudi Arabia, based on the country's positioning vis-à-vis its regional territory in the Middle East, due to typical conditions of the rented state and in terms of defense economics. Through the case study and the exploratory-descriptive methodology, the current economic model that supports its robust strategic strategy. In order to demonstrate this, the article presents changes in the case of the Saudi that is relevant in geostrategic terms for a region, and then, on a rentier state model that receives revenue in large part from 1 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Militares