Pensamento sobre ação social no protestantismo brasileiro (original) (raw)
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A responsabilidade social dos batistas no Brasil
David Malta Nascimento (faleceu em 2015, com 96 anos). Advogado; reitor emérito do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil; pastor emérito da Igreja Batista Barão da Taquara, Rio de Janeiro, fundador e líder destacado do Movimento Diretriz Evangélica. Participou ativamente da Conferência do Nordeste “Cristo e o processo revolucionário brasileiro”, na condição de membro da Confederação Evangélica do Brasil.
O Movimento Ecumênico e o Surgimento da Responsabilidade Social no Protestantismo Brasileiro
Esse ensaio apresenta uma descrição do rosto ecumênico do protestantismo brasileiro, e sua resposta ao encontro com a pobreza e a injustiça no Brasil. É um panorama da primeira tentativa, desde uma perspectiva protestante, de desenvolver uma ética social cristã no país, durante os anos 1950 e início dos anos 1960. Atenção especial é dada ao desenvolvimento do movimento chamado Igreja e Sociedade no Brasil e às realizações deste movimento, que estabeleceu um ethos para o surgimento de um novo relacionamento entre o protestantismo e a sociedade brasileira. Acompanha-se o desenvolvimento do movimento Igreja e Sociedade até a conferência do Nordeste, em 1962, que marcou o clímax e começo do declínio do movimento. Conclui-se que, apesar de seu fracasso em estabelecer-se nas igrejas, esse movimento teve um impacto duradouro sobre o cristianismo e a sociedade brasileira, afetando direta e indiretamente movimentos posteriores.
Notas sobre a sociologia da ação e a ética protestante e o espírito do capitalismo
Estudos de Sociologia
A sociologia da ação, também chamada de sociologia interacionista ou acionista, refere-se a uma perspectiva que se afasta das definições que contemplam as atividades dos atores sociais e suas representações como meras manifestações do funcionamento do sistema. Dessa forma, vemos na sociologia da ação o comprometimento com a construção de um entendimento sobre as razões que levam os atores sociais a fazer o que fazem ou a acreditarem naquilo que acreditam. Deve-se sublinhar que o individualismo metodológico constitui o princípio fundamental da sociologia da ação. Neste artigo trataremos especificamente sobre como a sociologia da ação nos serve de norteadora para analisarmos a relação existente entre a ascese protestante e o desenvolvimento do capitalismo no Ocidente. Tal relação, tratada com bastante propriedade por Max Weber, nos revela que transformações ocorridas na esfera econômica podem encontrar estímulo em outros domínios sociais como, por exemplo, a religião.
Papel social e subjetivação no metodismo nascente
Caminhando (online), 2009
Em 2008, celebraremos o centenário do primeiro Credo Social formulado na Igreja Metodista Episcopal. Ele expressa a convicção de que a igreja tem um papel social na sociedade e esse deve ser cumprido. Essa convicção é freqüentemente contestada e renovada na história da Igreja Metodista. Podemos identificar ênfases em responsabilidade da igreja para com o mundo e ênfases em concentração no individual e transcendental. A minha leitura dessas oscilações é positiva no sentido de que elas, eu suponho, reflitam necessidades vitais. 2 No fundo desse debate encontramos perguntas assim: Como se relaciona o indivíduo com a sociedade e as suas instituições? Como se relacionam a visão utópica e a esperança religiosa com o realismo e a operacionalidade? A compreensão dessas dinâmicas é essencial para a consciente e consistente construção da relação igrejasociedade. Jung Mo Sung contempla essas preocupações na sua reflexão sobre sujeito e sociedade. 3 Gostaria de discutir e aplicá-la numa leitura do metodismo nascente, na busca de entender um pouco melhor 1 Secretário Executivo do Centro de Estudos Wesleyanos, professor de Teologia Sistemática no Curso Teológico Pastoral e no Curso Lato Sensu em Estudos Wesleyanos da Faculdade de Teologia da UMESP. 2 Isso não nos ausenta da necessidade de leituras críticas avaliando relações de poder etc. 3 Jung Mo SUNG. Sujeito e sociedades complexas: Para repensar os horizontes utópicos.
Religião na história da psicologia no Brasil: o caso do protestantismo
Diaphora, 2012
Os diversos segmentos do Protestantismo adquiriram grande destaque no Brasil nas últimas décadas do século XX. Por outro lado, os evangélicos têm realizado um grande investimento na Psicologia, evidenciado no número cada vez maior de profissionais e instituições que articulam atuação profissional e fé religiosa, bem como nos conflitos que estes setores têm enfrentado com os órgãos de regulação profissional. Este trabalho objetiva contextualizar historicamente a interlocução entre o campo religioso (especificamente, o Protestantismo) e a Psicologia no Brasil. Primeiramente, enfocaremos o catolicismo, por sua importância não somente na difusão das ideias psicológicas no Brasil, como também na formação cultural e religiosa nacional. Em seguida, examinaremos o processo de inserção e difusão do protestantismo no Brasil a partir do século XIX. Finalmente, trataremos de suas articulações com o saber psicológico, com enfoque em iniciativas atuais que mesclam elementos religiosos e psicoterapêuticos.
Religião & Sociedade, 2019
Resumo: A inserção dos evangélicos na sociedade é um tema bastante debatido na sociologia da religião do Brasil. Devido à pouca homogeneidade que o caracteriza, é possível identificar no movimento evangélico coletivos que, na contramão do que se poderia esperar de seus adeptos, comumente associados ao conservadorismo, defendem os direitos humanos, a justiça social, a cidadania e a democracia. Neste trabalho, iremos apresentar alguns desses grupos para analisar seus discursos e práticas. Serão apresentados os discursos das lideranças de grupos paraeclesiásticos evangélicos recolhidos através de trabalho de campo realizado entre 2016 e 2018. Lançar luz sobre essa vertente do protestantismo pode contribuir para uma maior compreensão das dinâmicas do campo religioso brasileiro em geral e dos evangélicos em particular.
Sobre o pensamento social brasileiro
Tematicas, 2014
Apresentação ao conteudo da Revista Temáticas n. 43. Os oito artigos publicados neste volume representam uma amostra do que se produz em Pensamento Social Brasileiro nas principais instituições de pesquisa do centro-sul do Brasil. A maioria dos textos resulta de pesquisas acadêmicas recentes (algumas ainda inconclusas) de jovens pesquisadores que refletem sobre seus objetos ao mesmo tempo em que explicitam, para si e para o leitor, os fundamentos da área, novas possibilidades de interpretação e muitas inquietações próprias dos novos cientistas às voltas com a artesania de seus objetos de pesquisa, como também a artesania de si enquanto pesquisador.
Tematizando a relação religião e espaço público, esse artigo analisa operações discursivas de agentes religiosos em defesa de um protagonismo imprescindível das instituições e crenças religiosas em projetos públicos especificamente no trabalho social. A comparação de entrevistas com líderes pentecostais e da Renovação Carismática Católica identifica como a crescente fluência na gramática secular dessa liderança, historicamente a menos intelectualizada dentre as cristãs, a habilita a criticar o discurso moderno a partir de dentro. Focando nos limites da prática médica científica e do discurso racional na promoção humana, em geral, e especialmente na recuperação de dependentes químicos, os líderes defendem a maior competência da religião na realização nesse trabalho social e de saúde pública. O texto sugere ainda que pesquisas empíricas, como a descrita, são espaços, dentre outros, que fomentam a construção de articulações entre falas religiosas e seculares. Palavras-chave : Pentecostalismo; Renovação Carismática Católica; Ação social; Esfera pública; Liderança religiosa.
Protestantismo e Sociedade: Para Onde Caminhamos
Introdução O tema desta fala pode ser tratado de modo pretensioso, tornando-se ou uma tentativa divinatória, ou um receituário para as igrejas. Pretendo evitar esse tipo de abordagem. Não tenho o carisma profético da adivinhação do futuro. Não recebi mandato de ninguém para determinar os rumos do Protestantismo no Brasil. Desejo inserir minha fala em um movimento histórico. Movimento que teve na Conferência do Nordeste sua expressão emblemática, conforme ouvimos nas palestras e testemunhos deste Congresso. Movimento de inserção de igrejas e comunidades protestantes na vida pública do nosso país. Movimento que, à época da Conferência, era mais do que ousado, posto que o Protestantismo representava míseros 5% da população e não possuía, assim, visibilidade para influenciar rumos políticos da nação. Movimento abortado, porém, conforme também relatado neste encontro. Abortado, mas não extinto, pois nos interstícios da ditadura militar e do autoritarismo eclesiástico, pessoas, organizações, movimentos e instituições mantiveram acesa a chama de um protestantismo voltado para o serviço à humanidade e para a justiça social. 1 Minha fala é um híbrido de descrição sociológica e expressão teológica. Descrição, posto que não é possível fazer teologia e missão sem conhecimento do tempo em que vivemos. Expressão, posto que descrição sozinha não provoca vocação de abertura ao outro. Descrição e expressão de um ideal, de um sonho ou, talvez, de uma utopia – nesta época em que ideologias e utopias, diz-se, chegaram ao fim. Fim, mas apenas para as pessoas e instituições que já se beneficiaram tanto do trabalho alheio que não há, de fato, mais nada de novo a esperar. Esperança, porém, para quem ainda não alcançou o mínimo de dignidade no viver. Desafio, intenso e premente, para 1 Há uma vasta bibliografia sobre o campo religioso brasileiro e suas possibilidades futuras. Como meu tema se restringe ao Protestantismo, usei em especial os artigos e demais obras listadas na Bibliografia ao final deste ensaio, sem, porém, inserir citações no corpo da fala, com vistas a evitar o gasto demasiado de tempo.