Decolonialidade & educação do campo como movimentos de resistência (original) (raw)

Decolonialidade e educação do campo: diálogos em construção

Momento - Diálogos em Educação, 2019

Que desafios estão postos à formação de educadoras e educadores do campo para que gênero, raça e natureza sejam incorporados plenamente ao seu marco conceitual, metodológico e político, enquanto categorias úteis para a superação da lógica monorracial, monocultural e heteropatriarcal que organiza a educação brasileira? Esta é a questão que propomos para conduzir as reflexões sobre os diálogos em construção entre decolonialidade e formação de educadoras e educadores do campo. Neste ensaio, cujo o ponto de partida é a atuação junto aos movimentos sociais do campo, especialmente os movimentos de mulheres, negros, quilombolas e feministas, decolonialidade e educação do campo são compreendidas enquanto movimento, práxis política e epistêmica.

Educação Do Campo e Resistência Camponesa

PEGADA - A Revista da Geografia do Trabalho

Apresentamos uma reflexão acerca da prática da Pedagogia da Alternância desenvolvida na Escola Família Agrícola Rosalvo da Rocha Rodrigues (EFAR). Como práxis pedagógicas em Educação do Campo, possui vínculos com a Educação Popular Freireana ao se contrapor ao projeto capitalista de educação, formando camponeses em técnicos agrícolas que contribuem com a emancipação dos sujeitos excluídos e subalternizados por meio da organização e fortalecimento da identidade de classe para os processos sociopolíticos de resistência territorial. Este artigo analisa a experiência quanto política/escola pelo método dialético, partindo-se da história concreta de luta da conquista da terra. As metodologias utilizadas foram a discussão teórica e a pesquisa de campo da EFAR, onde entrevistamos educadores, educandos e gestores.

Movimento decolonial em uma experiência de ensino

Resumo: A presente pesquisa em andamento pretende estudar a pedagogia ecossistêmica, no contexto aplicado à uma escola de educação básica da rede particular de ensino, localizada na cidade de Pirenópolis/GO, partindo do pressuposto de que a teoria da complexidade e o pensamento ecossistêmico convergem em muitos pontos com a perspectiva decolonial. Dentre eles, destaco o epistemológico, o pedagógico, o histórico e o político. Além da práxis pedagógica, serão analisados o material didático adotado pela escola, bem como os projetos Ser no social e o Ser na tradição desenvolvidos durante o primeiro semestre letivo. Estudiosos como Mignolo (2008), Walsh (2004) e Moraes (2008) ressaltam a urgência em buscar transformações no campo educacional, partindo da concepção de que o ensino, nos parâmetros atuais, não atende às demandas contemporâneas do mundo globalizado em que vivemos. Este estudo evidencia que transformações significativas já têm acontecido, embora ainda de maneira sucinta e pouco divulgada. O viés transformativo que destacamos será denominado como movimento decolonial e, assim como a pedagogia ecossistêmica, rompe com o paradigma moderno fundado na racionalidade e em binarismos dicotômicos. Palavras-chave: Pedagogia ecossistêmica. Pedagogia decolonial. Práxis pedagógica. Introdução A pedagogia ecossistêmica surgiu de um movimento prático/teórico na Escola Vivência Infantil, Lazer e Aprendizagem (VILA), na cidade de Fortaleza-CE. Foi desenvolvido em 1981 por Fátima Limaverde, que é educadora e fundadora da escola. Moraes (2008) descreve o contexto do nascimento da VILA como uma prática impregnada de uma nova consciência voltada para transformar o humano do ser humano, nutrida por uma forma diferenciada de pensamento, o qual não é preciso fragmentar a vida, separar o indivíduo, a sociedade e a natureza, o corpo a mente e o espírito. Limaverde (2015, p. 220) destaca que seu principal foco é "reconhecer a interdependência entre os seres, processos, culturas". Dessa maneira, atua como um contraponto ao que a autora denomina como pensamento da disjunção, que reside no espírito científico cartesiano de caráter descontextualizado e neutro.

Educação e decolonialidade desde o Brasil

Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia

Este trabalho de cunho bibliográfico aproxima os estudos de Paulo Freire e Enrique Dussel para pensar a educação no horizonte da libertação, relacionando-a com a decolonialidade, desde o Brasil. Problematiza a ‘educação bancária’ e os processos de desumanização naturalizados no currículo. A práxis da dominação expressa no currículo e na formação de educadores/as traz muitos desafios como a padronização, a hierarquização, a precarização do trabalho docente, o individualismo nos processos de tomada de decisões pedagógicas. O artigo tem como objetivo promover reflexões sobre a necessidade de reorientar o currículo escolar, adotando uma perspectiva pedagógica política, justa e humanizadora na formação de educadores/as. Na intenção de superar os obstáculos, é preciso ter consciência crítica sobre as experiências coloniais e autoritárias, compreendendo que a educação libertadora e dialógica não se restringe ao currículo escolar ou a formação de professoras/es, também propõe uma formação h...

Decolonialidade e Educação Antirracista Intersecções e Aproximações

Revista Em Favor de Igualdade Racial, 2022

O grupo de estudos venezuelano modernidad/colonialidad possui o objetivo de pesquisar e denunciar como as relações de poder presentes na América Latina são perpassadas pelas heranças culturais, econômicas, políticas e epistemológicas do período da colonização, como a racialização dos povos não-europeus, por exemplo. A partir disso, os pesquisadores propõem pensar uma nova perspectiva de estudos: a decolonial, a qual visa construir e reconhecer saberes das comunidades subalternizadas, combatendo a lógica racista e colonial que ainda impera na América. Considerando o contexto supracitado, este trabalho pretende discutir, por meio de uma revisão bibliográfica, as aproximações e interseções entre a educação decolonial e antirracista e sua importância para a educação brasileira,

EDUCAÇÃO DO CAMPO E TERRITÓRIO: uma proposta decolonial a partir de experiências camponesas no Brasil e em Portugal

InterEspaço: Revista de Geografia e Interdisciplinaridade

RURAL EDUCATION AND TERRITORY: a decolonial proposal based on peasant experiences in Brazil and PortugalEDUCACIÓN DEL CAMPO Y TERRITORIO: una propuesta decolonial a partir de experiencias campesinas en Brasil y PortugalRESUMOA Educação do Campo é fundamental à produção e ampliação do território camponês e tem contribuído com a (re)existência dos camponeses na luta contra o agronegócio. Este texto é baseado em duas pesquisas realizadas entre 2016 e 2019, entendidas como epistemologias do Sul que compreendem Educação do Campo, território e campesinato na contemporaneidade. O objetivo do artigo é dar visibilidade ao conhecimento nascido das lutas e experiências de resistência camponesa, ampliando o espectro epistemológico contra o capitalismo, patriarcado e colonialismo. Esta pesquisa qualitativa se fundamenta em teóricos, documentos, vivências e entrevistas com egressos e agentes das territorialidades estudadas. As interculturalidades entre as pedagogias e os territórios da (re)produç...

Educação e Território: A Luta Por Uma Construção Decolonial No Quilombo De Mata Cavalo

Atos de Pesquisa em Educação, 2021

Nos territórios quilombolas, as escolas são espaços centrais para o empoderamento das juventudes. O objetivo deste artigo é apresentar as táticas usadas pela comunidade quilombola de Mata Cavalo para construir uma educação escolar decolonial. O quilombo está localizado em Nossa Senhora do Livramento, Mato Grosso. A metodologia privilegiada no processo de pesquisa foi a Cartografia do Imaginário. As informações foram obtidas durante o processo formativo na Escola da comunidade, por meio de entrevistas. A educação escolarizada tem sido a força motriz da resistência que, através dos componentes curriculares, dos projetos e do cultivo de vínculos fecundos entre a escola e a comunidade do entorno, possibilitam a educação decolonial.

A perspectiva decolonial da etnomatemática como movimento de resistência

Revista de Educação Matemática

Este artigo se baseia nas seguintes ideias centrais: (a) historicamente, as produções em etnomatemática têm apresentado resultados de pesquisa sobre conhecimentos que podem ser entendidos como matemática; (b) uma das potências da etnomatemática é a de romper com uma visão arraigada de matemática única, idealizada, ahistórica, elitista, eurocêntrica, aproximando-se, portanto, de uma proposta decolonial, ao reconhecer e valorizar os muitos saberes presentes nas práticas sociais; (c) o processo histórico de colonização implicou em conquistas territoriais e na destruição das raízes culturais dos povos colonizados, como forma de eliminar sua historicidade, e (d) A crescente participação de pesquisadores provenientes dos movimentos sociais nesta área pode contribuir para evitar tais contradições. Com base nestas perspectivas, na primeira parte destacamos que a etnomatemática, em sua dimensão política, pode auxiliar nas reflexões a respeito de processos de decolonialidade, assim como no r...

A Educação Do Campo Em Disputa: Resistência Versus Subalternidade Ao Capital

Educação & Sociedade, 2017

RESUMO: O objetivo deste artigo foi demonstrar as diferenças paradigmáticas existentes entre a Educação do Campo construída a partir da tendência campesinista do Paradigma da Questão Agrária (PQA) e a proposta de Educação do Campo construída a partir do Paradigma do Capitalismo Agrário (PCA), tendo como recorte analítico a experiência do Programa Empreendedorismo do Jovem Rural (PEJR), financiado pelo Instituto Souza Cruz (ISC) e implementado pelo Centro de Desenvolvimento do Jovem Rural (CEDEJOR), no Centro-Sul do Paraná. Com esta análise pretendemos defender o Paradigma Originário da Educação do Campo. As metodologias utilizadas foram a análise da unidade político-pedagógica, a observação participante e as entrevistas com coordenadores, educandos, monitores e educadores.

Educação do campo: história, percursos e desafios em cenários de resistência

HUMANIDADES E TECNOLOGIA(FINOM), 2020

Resumo: O texto traz como objeto de estudo o debate sobre a Educação Rural e a Educação no Campo a partir de seus percursos pela História da Educação brasileira. Evidencia a crise provocada pela pandemia do novo Coronavírus que estendeu-se do político ao econômico, do escolar-acadêmico ao religioso e do individual ao mundial. Norteado pelos referenciais teóricometodológicos da pesquisa qualitativa e da História Cultural, dialogando com a História da Educação, o artigo é de cunho bibliográfico em que o corpus escrito compreende a revisão da literatura e a análise de documentos, reportagens e escritos que demonstram os desafios que a pandemia da Covid-19 trouxe para as populações camponesas, o funcionamento das escolas do campo e a garantia do direito à educação.