A religião na cidade : territórios, materialidades e comunicação (original) (raw)

Estudo comunicacional da cidade espírita: a religião entre a identidade e a cidade

Comunicação & Informação, 2015

A partir da representação do município de Palmelo (GO) como "cidade espírita", questionamos até que ponto a noção sociológica de cidade é compatível com o vínculo a uma identidade cultural religiosa? A questão-problema toma o par teórico weberiano sociedade / comunidade como ponto de partida para a compreensão da noção de cidade, em processo de complexificação e diferenciação funcional, em tensionamento com os avanços da problematização de Stuart Hall (2006) sobre a identidade cultural que descentra o sujeito moderno-que é o mesmo sujeito pressuposto na teoria clássica da comunidade, gerando por isso inferências também neste último conceito. No âmbito desta problematização, o objetivo específico deste trabalho é tomar notas da teoria da religião como forma simbólica, questionando possíveis limitações em Weber (2000), Cassirer (1992) e Bourdieu (2009), diante de noções conflitantes de identidade e de comunidade.

Elementos para uma cartografia da fé: usos religiosos do espaço urbano e interpelação da laicidade

Numen, 2017

O artigo busca apresentar um conjunto de fatos relativos ao compartilhamento do espaço urbano e refletir sobre eles a partir das práticas de grupos católicos. Aqueles justamente cuja presença pública é mais forte e pode ser observada na política, na educação e no meio artístico entre outros. E igualmente aqueles cujos posicionamentos em muitos casos guardam significativa distância da CNBB, que se mantém, não obstante, a interlocutora principal do poder público com os fiéis católicos.

Uma perspectiva histórica da religião urbana

Romanitas - Revista de Estudos Grecolatinos, 2023

"Religião urbana: uma abordagem histórica", de Jörg Rüpke, é uma obra que busca olhar com novas perspectivas para as religiões e o ambiente urbano. Sua disponibilidade em língua portuguesa oferece, de tal modo, uma oportunidade valiosa para pesquisadores brasileiros e lusófonos refletirem sobre aspectos religiosos e cotidianos das cidades antigas no Mediterrâneo.

Capital Comunicacional e Religião

VIANA, Nildo (org.). Religião e Capital Comunicacional. Rio de Janeiro: Ar Editora, 2015., 2015

O livro organizado por Nildo Viana e que conta com artigos de André de Melo Santos, Erisvaldo Pereira de Souza, Maria Angélica Peixoto e Veralúcia Pinheiro, com prefácio de Flávio Sofiatti, aborda a relação entre religião e capital comunicacional. Abaixo o texto da contracapa dessa obra e o sumário da obra. A igreja e a religião foram, no passado, tal como na sociedade feudal, as grandes influências das representações e formas de consciência da população. Na sociedade moderna, ela perde parte de sua influência e novas formas de pensamento e reprodução do mesmo ganham espaço, tais como a ciência, a escola e o capital comunicacional. O capital comunicacional (“indústria cultural”), por sua vez, emerge na sociedade capitalista e passa a ser uma das maiores forças de formação de opinião e consciência. Ao lado disso, as relações sociais na sociedade moderna são marcadas pela mercantilização, na qual tudo vai se transformando em mercadoria ou assumindo a forma de mercadoria. O próprio capital comunicacional é expressão da mercantilização da comunicação e dos meios tecnológicos de comunicação. A religião não fica imune a esse processo. Nesse contexto, a mutação da religião e de algumas igrejas se torna visível. O seu vínculo com a mercantilização se torna cada vez mais explícito e o uso do capital comunicacional é uma das formas de aliar a antiga influência com sua forma mais contemporânea. O vínculo da religião e o capital comunicacional se torna um dos fenômenos sociais mais importantes na sociedade moderna, especialmente na sociedade brasileira. O presente livro ganha importância nesse contexto, ao abordar essas “ligações perigosas”, pois revela um processo de mercantilização da religião. A relação entre capital comunicacional e religião é analisada sob vários aspectos, abordando a questão da mercantilização, do capital comunicacional, da mutação religiosa, bem como de casos específicos, tal como o uso de determinadas igrejas pelo capital comunicacional. Logo, a temática desse livro se torna fundamental para compreender a dinâmica religiosa contemporânea e sua relação com o capital comunicacional.

A cidade como lugar teológico

2019

O título escolhido para esta intervenção, «A cidade como lugar teológico», assenta no pressuposto de que a cidade que nos envolve na sua rede complexa, rica e contraditória de relações humanas é, apesar de todas as aparências em contrário, querida e amada por Deus. E Ele quem a sustenta e a redime, e os sinais da sua graça encontram-se impressos no coração de muitos que a habitam. Evangelizar a cidade não é, portanto, introduzir nela um elemento estranho, mas convidá-la a corresponder à sua natureza mais profunda. Que significa isso na prática? No VI Curso de Verão da Faculdade de Teologia, em Setembro de 2003, encetámos uma reflexão a esse respeito como contributo para a sessão de Lisboa do Congresso Internacional para a Nova Evangelização, prevista para Novembro de 2005. A metodologia foi experimental. Partimos do princípio de que, para além das Escrituras e das obras dos Padres e Doutores da Igreja, um lugar relevante para a investigação teológica é a vida das comunidades, onde estas, na vivência quotidiana da sua fé, interagem com a sociedade circundante. Em vez de partirmos, portanto, da análise dos estudiosos, pusemo-los a ouvir a experiência reflectida de quem trabalha a realidade humana da cidade, nos organismos, movimentos e serviços da Igreja. E, porque o Evangelho a isso nos impele, dedicámos uma atenção especial aos que

Espaços públicos e religião: uma ideia para debater, um monumento para analisar

Horizontes Antropológicos, 2018

O texto apresenta resultados de uma pesquisa no Brasil acerca da construção de um monumento que representa uma santa católica. A análise se desenvolve em dois planos. Em um deles, a atenção recai sobre os discursos que constituem algo como público. No outro, o que está em foco é a dimensão espacial: como composições materiais impactam configurações de espaços públicos. A cada exploração teórica corresponde uma análise de certas facetas do monumento, ligadas, respectivamente, aos debates que suscita e às soluções arquitetônicas que mobiliza. A articulação entre essas duas dimensões inspira-se em elaborações e debates acerca do que seja arte pública. Pretende-se assim dar uma contribuição para a discussão teórica e a análise empírica de situações que envolvem a presença da religião em espaços públicos.

Evangélicos, Mídias e Periferias Urbanas: Questões Para Um Diálogo Sobre Religião, Cidade, Nação e Sociedade Civil No Brasil Contemporâneo

Debates do NER

O objetivo deste artigo é dialogar com as questões analíticas provocadas por Paula Montero em seu artigo “Religião cívica, religião civil e religião pública: continuidades e descontinuidades”, destacando algumas reflexões específicas ao tomar como ponto de partida meus interesses acerca das relações entre o “meio evangélico” e o “problema da política” hoje no Brasil, com ênfase em questões articuladas ao tema da mídia, das questões urbanas, e das periferias. Em cada um dos tópicos abordados, procurarei explicitar o diálogo com o texto de Montero, e aspectos pontuais da relação entre religião e política que a autora destaca em sua análise das expressões “religião cívica”, “religião civil”, e “religião pública”. Somando-me a outros autores neste campo de estudos, pretendi neste texto discutir não apenas o conteúdo, mas a forma da ação religiosa e política evangélica, pois esta compreensão é elemento crucial para uma análise densa do Brasil contemporâneo e suas transformações, dentre e...