A ferida colonial, os museus e as palavras mágicas (original) (raw)
2021, Sociomuseologia: para uma leitura crítica do Mundo
As reflexões trazidas neste texto partem da recente propositura do Conselho Internacional de Museus para a definição da conceituação de museu, que mobilizou profissionais e setores do campo no Brasil no debate acerca do tema. Entre as palavras-chaves elencadas para constituir o novo conceito de museus, destaco as palavras “decolonial”, “antirracista” e “Bem-viver” para refletir sobre a relação dos museus com sua “ferida colonial”, na perspectiva do intelectual Walter Mignolo e de demais pensadores e pensadoras decoloniais. Ademais, o debate gira em torno do perigo de tais palavras-chave se tornarem palavras encobridoras, por meio de apropriações meramente discursivas, como adverte a ativista Silvia Cusicanqui, como uma ferramenta para escamotear os mecanismos de dominação que mantêm a colonialidade no campo dos museus. Por fim, defende-se ser necessário assumir, como um compromisso decolonial, que os corpos historicamente subalternizados possam ser sujeitos nos processos de musealização, com suas cosmovisões, epistemes, estéticas, insurgências e modos de ser e estar no mundo, de modo a questionar e romper as estruturas de um fazer museal que perpetua a lógica da modernidade/colonialidade e as violências que a constituem.