Ecos Kararaô - nosso açougue é o mato, nosso mercado é o rio: considerações a respeito da Hidrelétrica Belo Monte (original) (raw)

A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte: conflito ambiental e o dilema do desenvolvimento

Ambiente & Sociedade, 2013

Se for para resumir numa frase só, eu vejo Belo Monte como uma possibilidade de desenvolvimento pra região. E pra todos aqui. Além do mais, o país precisa de energia. (Empresário, Altamira, maio/2011). Nosso povo precisa sobreviver, nosso povo precisa desenvolvimento sustentável, aprender a produzir e a cuidar daquilo que é nosso. Estamos lutando não contra o desenvolvimento, mas pelo nosso planeta, pelo mundo. (Liderança indígena Juruna, Volta Grande do Xingu, junho/2011). É o modelo de desenvolvimento que está em disputa. É o que a gente quer também do futuro do Brasil. Porque tá no campo do simbólico Belo Monte. Quem vai vencer a forma de organizar a Amazônia? Quem vai vencer o que eu quero pra esse país, qual é o futuro, o que a gente quer? (Militante de direitos humanos, Belém, agosto/2011). Em julho de 2010, começou a ser construída nas cidades de Altamira, Vitória do Xingu e Senador José Porfírio, no estado do Pará, Amazônia brasileira, a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, prevista para ser a terceira maior hidrelétrica do mundo, com potência para gerar mais de 11000 MW/hora-e proporcional capacidade de criar controvérsias e conflitos. Sua instalação, atualmente a obra prioritária do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal brasileiro, foi inicialmente planejada em meados da década de 1980, como uma das obras de infraestrutura e integração da Amazônia do então governo militar. De lá para cá, protestos de movimentos sociais e povos indígenas, disputas no judiciário e mudanças conjunturais na economia e na política nacionais

O Apocalipse De Belo Monte: Uma Cidade Frente À Construção Da Hidrelétrica

Amazônica - Revista de Antropologia, 2018

Este texto reflete sobre os efeitos da construção da barragem de Belo Monte, visíveis nas ruas de Altamira, registrados em imagens fotográficas, evidenciados pelos discursos de seus moradores ou dos que exercem atividades profissionais e no comércio. Presentes em distintos momentos na cidade, acumularam-se notas e fotografias desde antes da implantação da barragem em 2009 até 2016, de maneira que além desse registro, aciona-se a memória dos pesquisadores, de diferentes atores e posicionamentos de atores sociais sobre Belo Monte para a elaboração deste texto. Conclui-se pela constatação do fim de um ciclo de ebulição e tumulto na vida social e econômica da cidade, para um momento de depressão, letargia, desaceleração, expectativa e desencanto provocados pela desmobilização dos recursos utilizados para este empreendimento

A Usina Hidrelétrica de Belo Monte (Altamira, Estado do Pará, Norte do Brasil), o reassentamento urbano coletivo e a avaliação de impactos ambientais

Revista Brasileira de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, 2018

As construções de usinas hidrelétricas muitas vezes causam desequilíbrio ambiental, social, além dos reassentamentos urbanos que são geradores de impactos ambientais. O objetivo deste trabalho foi avaliar, identificar e interpretar qualiquantitativamente os impactos ambientais na área que compreende o Reassentamento Urbano Coletivo (RUC) São Joaquim, Bairro São Joaquim, Altamira, Estado do Pará, Norte do Brasil. O método aplicado foi o hipotético-dedutivo, com pesquisa exploratória, observativa, sistemática, direta, executada em três etapas distintas, (1) levantamento de dados documentais com recorte temporal compreendido entre 2008 a 2017; (2) dez visitas técnicas para caracterizar os meios físicos, bióticos e antrópicos, bem como as respectivas alterações causadas nesses meios, por fontes antrópicas, e os impactos positivos e negativos; e (3) 30 entrevistas informais para identificação de pontos chaves da situação atual do reassentamento, posterior elaboração e aplicação de 150 fo...

“Antes a gente tinha um rio, agora a gente tem um lago”: percepções sobre transformações no meio natural em comunidade ribeirinha atingida pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte

Agricultura Familiar: Pesquisa, Formação e Desenvolvimento, 2020

Esta pesquisa buscou identificar e analisar as principais percepções das famílias ribeirinhas sobre as transformações do meio natural causadas pela construção de Belo Monte. Foi realizado um estudo de caso na Região do Palhal, reservatório da hidrelétrica, onde foram realizadas 11 entrevistas semiestruturadas, além de observação participante e mapa falado para complementar as informações. Os resultados mostram a íntima relação que os ribeirinhos estabelecem com a natureza e as práticas produtivas adotadas expressam essa percepção de integração com os elementos naturais. As transformações ocorridas no meio natural em função da construção da hidrelétrica, no entanto, causaram também mudanças nas relações com a natureza: antes percebida como “amiga”, hoje inspira medo. Apesar disso, mesmo essa natureza sendo considerada mais hostil, para as famílias compensa continuar na área na medida em que o “reassentamento” representa a possibilidade de garantir sua reprodução social e cultural.

Barragens na Amazônia: Belo Monte e o desenvolvimento hidrelétrico da bacia do Rio Xingu

Fearnside, P.M. 2015. Barragens na Amazônia: Belo Monte e o desenvolvimento hidrelétrico da bacia do Rio Xingu. pp. 231 -243. In: P.M. Fearnside (ed.) Hidrelétricas na Amazônia: Impactos Ambientais e Sociais na Tomada de Decisões sobre Grandes Obras. Vol. 1. Editora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, Amazonas, Brasil. 296 pp. ISBN: 978-85-211-0143-7 [Tradução de: Fearnside, P.M. 2006. Dams in the Amazon: Belo Monte and Brazil’s Hydroelectric Development of the Xingu River Basin. Environmental Management 38(1): 16-27. doi: 10.1007/s00267-005-00113-6]

Usina Hidrelétrica De Belo Monte: Uma Polêmica Atual Para Despertar a Educação Ambiental Crítica

2013

RESUMO O presente trabalho tem como objetivos avaliar a influência da mídia enquanto formadora de opinião e a utilização de recursos digitais como ferramentas para o desenvolvimento da Educação Ambiental Crítica, junto a um grupo de educandos de uma escola do município de Gravataí, RS. Durante a prática pedagógica foram utilizados como recursos: pesquisas individuais, trabalhos em grupos, visualização de imagens orbitais e vídeos. Dessa forma, foi possível debater os impactos culturais e ambientais que podem ser desencadeados a partir da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, priorizando o enfoque das etnias indígenas afetadas. Como resultado, detectou-se a construção de sujeitos ecológicos e cidadãos, capazes de emitir opiniões coerentes a respeito de uma sociedade dependente de recursos energéticos.

Usina Hidrelétrica De Belo Monte: Análise a partir dos preceitos de sustentabilidade e responsabilidade social Empresarial

Revista Argumentum, 2013

Na decada de 1970 o governo brasileiro idealizou um projeto de complexo de usinas hidreletricas na regiao amazonica da Volta Grande do Rio Xingu, no municipio de Altamira, Para. Embora as adversidades tenham levado a desistencia do projeto inicial, persistiu o que conhecemos hoje por UHE de Belo Monte. O presente artigo tem como objetivo delinear e compreender as possiveis consequencias sociais, positivas ou negativas, da implantacao da usina. Devido a amplitude de seus efeitos – com relacao a sociedade, a economia e ao meio ambiente –, a UHE de Belo Monte gera polemica entre criticos e defensores de sua instalacao. Portanto, para alcancar o objetivo proposto, a analise sera pautada sobre os preceitos de sustentabilidade e responsabilidade social empresarial, possivelmente feridos na construcao da referida usina.

O Discurso Desenvolvimentista sobre a Usina Hidrelétrica de Belo Monte no Contexto do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC)

2021

The government is an important source of information. One of the ways for the State to disseminate content is through official websites. The Growth Acceleration Program (GAP) is a federal creation and aims to stimulate Brazil’s growth through infrastructure works. The Belo Monte Hydroelectric Plant (UHBM) is the fourth largest project in the PAC and is the main undertaking on the program’s energy axis. The construction of the dam and its current operation have generated debates until to date. This article aims is to critically analyze the discursive mechanisms used by the Brazilian federal government in the PAC to put into practice the construction and operation of the Belo Monte hydroelectric dam. The materiality of analysis are the three official documents on the PAC, especially on the UHBM that are in the pac.gov.br domain: “About the PAC”; “Belo Monte: development with sustainability”; “Belo Monte, before and after”. The methodology is based on the three-dimensional model of cri...

Análise Dos Relatórios Socioambientais Da Usina Hidrelétrica De Belo Monte a Luz Da Teoria Da Legitimidade

Revista Mineira de Contabilidade, 2021

Este artigo faz uma análise das estratégias de legitimidade propostas por Suchman (1995) na Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Caracteriza-se como um estudo de caso, com abordagem quantitativa dos dados e análise documental. Para o alcance do objetivo geral, fez-se uso dos relatórios anuais e socioambientais, dos anos de 2017 e 2018 da empresa Norte Energia S.A., responsável pela construção e operação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Estes relatórios, cujos dados foram quantificados e tabulados permitiram apreciar, e identificar as estratégias utilizadas pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no gerenciamento de sua legitimidade social. Conforme os resultados, a categoria de legitimidade “pragmática”, foi identificada em 40,32% dos discursos analisados seguida, pelas categorias “cognitiva”, com 34,27% e, “moral”, com 25,40% das evidenciações. A Norte Energia S.A fez uso, principalmente, de estratégias que visam ganhar legitimidade, a qual se destacou 68,95% das evidenciações rela...

Se houvesse equidade: a percepção dos grupos indígenas e ribeirinhos da região da Altamira sobre o projeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte

A partir de pesquisa na região de Altamira (PA), este artigo analisa a perspectiva dos grupos sociais mais atingidos pelo projeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte – as comunidades indígenas e ribeirinhas da região – buscando entender os sentidos que estes grupos atribuem aos impactos potenciais da obra e do funcionamento da Usina em seu modo de vida. Através de entrevistas com representantes dos grupos indígenas e ribeirinhos da região de Altamira (Juruna e Xipaya) e das redações de crianças da zona ribeirinha, a presente investigação, realizada em agosto e novembro de 2009, buscou atentar para os critérios, lógicas e racionalidades próprias a esses grupos sociais em seu exercício de produção de uma contra-expertise nativa, em oposição ao saber técnico associado ao chamado “empreendedor”, produzido por consultores contratados e pelo Estado.