Volumes anestésicos efetivos no bloqueio do nervo isquiático: comparação entre as abordagens parassacral e infraglútea-arabiceptal com bupivacaína a 0,5% com adrenalina e ropivacaína a 0,5% (original) (raw)

Volumes efetivos de anestésicos locais para o bloqueio do compartimento da fáscia ilíaca: estudo comparativo duplamente encoberto entre ropivacaína a 0,5% e bupivacaína a 0,5%

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2006

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: O bloqueio do compartimento da fáscia ilíaca é amplamente empregado como parte das técnicas anestésicas para intervenções cirúrgicas de quadril, coxa e joelho. A maioria dos estudos tem utilizado volumes fixos de ropivacaína ou de bupivacaína. Este estudo teve como objetivo calcular os volumes de ropivacaína a 0,5% e de bupivacaína a 0,5% efetivos em 50% (VE50), 95% (VE95) e 99% (VE99) dos casos para realização de bloqueios do compartimento da fáscia ilíaca. MÉTODO: Cinqüenta e um adultos agendados para intervenções cirúrgicas eletivas do quadril, diáfise femoral e joelho foram submetidos ao bloqueio do compartimento da fáscia ilíaca. Os pacientes foram aleatoriamente distribuídos e receberam ropivacaína a 0,5% (n = 25) ou bupivacaína a 0,5% (n = 26). O sucesso do bloqueio foi definido como bloqueio sensitivo completo das regiões anterior, medial e lateral da coxa. O volume anestésico foi determinado pelo método up-and-down de Massey e Dixon e os volumes efetivos foram calculados pelas fórmulas de Massey e Dixon (VE50) e por regressão de probits (VE50, VE95 e VE99).

Anestesia em paciente com insensibilidade congênita a dor e anidrose

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2009

A insensibilidade congênita a dor e anidrose (ICDA) ou neuropatia hereditária sensorial e autonômica tipo IV (NHSA tipo IV) é neuropatia autossômica recessiva rara do grupo das neuropatias hereditárias sensoriais e autonômicas (NHSA), caracterizada por insensibilidade ao estímulo doloroso, anidrose e retardo mental. Existem poucos relatos sobre a conduta anestésica em pacientes com ICDA devido sua extrema raridade. O objetivo deste relato foi apresentar a conduta anestésica em paciente com ICDA submetida à artrodese de tornozelo esquerdo com colocação de haste e discutir as características de interesse para a anestesia nestes pacientes. RELATO DO CASO: Paciente com história de ICDA foi admitida para artrodese de tornozelo esquerdo devido à artropatia de Charcot. Na sala de operação foi monitorizada com eletrocardiógrafo, índice bispectral, SEF 95%, pressão arterial não invasiva e saturação periférica da hemoglobina, medicada com midazolam como pré-anestésico e submetida à anestesia venosa com propofol e cisatracúrio. Não houve a necessidade de administração de analgésicos. Após intubação traqueal, foi acrescentada monitorização da pressão expiratória final do gás carbônico e da temperatura esofágica. Não apresentou complicações no período perioperatório. Teve alta hospitalar no segundo dia de pós-operatório. CONCLUSÕES: Embora apresentem insensibilidade à dor, alguns pacientes apresentam hiperestesia tátil, o que poderia causar sensações desagradáveis durante a manipulação cirúrgica. Apesar de relatos na literatura de pacientes submetidos a bloqueios no neuroeixo e até mesmo a procedimentos sem anestesia, neste caso utilizou-se a anestesia venosa que proporcionou condições adequadas para o procedimento anestésico-cirúrgico.

Volume anestésico mínimo para bloqueio retrobulbar extraconal: comparação entre soluções a 0,5% de bupivacaína racêmica, de levobupivacaína e da mistura enantiomérica S75/R25 de bupivacaína

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2005

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: O volume anestésico mínimo (VAM) de um anestésico local é o volume efetivo para anestesia regional em 50% dos pacientes. O objetivo deste estudo foi calcular os volumes anestésicos mínimos das soluções a 0,5% de bupivacaína racêmica, de levobupivacaína e da mistura enantiomérica S75/R25 de bupivacaína para anestesia retrobulbar extraconal. MÉTODO: Foram estudadas duas séries de pacientes submetidos à extração de catarata. Na série 1, os pacientes receberam bupivacaína a 0,5% (n = 9) ou levobupivacaína a 0,5% (n = 11). Na série 2, os pacientes receberam bupivacaína racêmica a 0,5% (n = 11) ou a mistura enantiomérica S75/R25 de bupivacaína a 0,5% (n = 10). Os bloqueios foram realizados por injeção única ínfero-lateral. A mobilidade de cada músculo reto foi avaliada após 10 minutos como: 0 (ausente), 1 (diminuída) ou 2 (normal). A soma dos escores constituiu o escore total de mobilidade (ETM) do globo ocular. O volume inicial foi de 7,4 mL. Os volumes utilizados em pacientes subseqüentes corresponderam 0,1 unidade logarítmica maior (ETM > 2) ou menor (ETM £ 2) que o logaritmo natural do volume precedente. Foram utilizadas as fórmulas de Massey e Dixon para cálculos dos VAM. RESULTADOS: Os volumes anestésicos mínimos da bupivacaína racêmica foram 6 mL e 6,2 mL, o da levobupivacaína foi 5,7 mL e o da mistura enantiomérica de bupivacaína S75/R25 foi 5,8 mL. Não houve diferença entre os grupos quanto aos volumes anestésicos efetivos. CONCLUSÕES: Volumes semelhantes de soluções a 0,5% de b u p i v a c a í n a r a c ê mi c a , l e v o b u p i v a c a í n a o u d a mi s t u r a enantiomérica S75/R25 de bupivacaína são necessários para anestesia retrobulbar extraconal.

Formulações de anestésicos locais de liberação controlada: aplicações terapêuticas

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2003

O desenvolvimento de sistemas de liberação controlada tem sido alvo de pesquisas há pelo menos quatro décadas. Desde que foi sugerida sua aplicação na indústria farmacêutica, muitos resultados foram obtidos, especialmente na manipulação molecular de carreadores e no estudo de suas interações com as drogas encapsuladas. Esses novos carreadores têm a vantagem de contornar propriedades físico-químicas limitantes (como a solubilidade aquosa ou em membranas) das drogas encapsuladas, melhorando assim a farmacodinâmica (potencialização do efeito terapêutico), farmacocinética (controle da absorção e distribuição tecidual) e os efeitos toxicológicos (redução da toxicidade local e sistêmica) das mesmas. Entre os principais carreadores, destacam-se os lipossomas e as ciclodextrinas, que vêm trazendo inúmeras vantagens no desenvolvimento de formulações para liberação controlada de anestésicos locais. Este trabalho de revisão objetiva descrever a interação de anestésicos locais com lipossomas ou ciclodextrinas, o desenvolvimento das pesquisas básica e clínica nessa área, além da aplicabilidade terapêutica dessas formulações. CONTEÚDO: Lipossomas têm a capacidade de veicular drogas em órgãos-alvo, disponibilizando apenas uma fraçãoliberação controlada-para o sítio de ação. Já as ciclodextrinas alteram a intensidade e a duração do efeitos das drogas através da baixa absorção sistêmica do complexo. Pesquisas básicas e clínicas apontam como vantagens do uso de anestésicos locais encapsulados em lipossomas ou complexados com ciclodextrinas a liberação lenta da droga que prolonga a duração da anestesia e reduz a toxicidade para os sistemas cardiovascular e nervoso central. CONCLUSÕES: Embora várias pesquisas ainda estejam em andamento, os sistemas de liberação controlada de a n e s t é s i c o s l o c a i s i n d i c a m u m a n o v a d i r e ç ã o n o desenvolvimento de formulações anestésicas mais eficazes e seguras.

Anestesia tópica associada à sedação para facoemulsificação: experiência com 312 pacientes

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2008

Rev Bras Anestesiol ARTIGO CIENTÍFICO 2008; 58: 1: 23-34 SCIENTIFIC ARTICLE RESUMO Bertrand RHC, Garcia JBS, Oliveira CMB, Bertrand ALX -Anestesia Tópica Associada à Sedação para Facoemulsificação. Experiência com 312 Pacientes. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A anestesia tópica vem ganhando espaço nas operações de catarata, sobretudo após os avanços advindos com a técnica de facoemulsificação. O objetivo desse estudo foi avaliar a eficácia da anestesia tópica associada à sedação para operações de catarata por facoemulsificação. MÉTODO: Estudo prospectivo de 312 pacientes, ASA I e II, com idades entre 41 e 89 anos. Foi realizada a facoemulsificação sob anestesia tópica (cinco minutos antes da operação, por gotejamento com proximetacaína a 0,5%) associada à sedação (midazolam, 1 mg, por via venosa, administrado 15 minutos antes da operação). Alfentanil em bolus de 125 µg por via venosa foi administrado sob demanda. Variáveis como dor no intra-operatório, consumo de alfentanil, efeitos colaterais, tempo de recuperação e nível de satisfação do paciente foram analisados. RESULTADOS: No período intra-operatório foram observados oito (2,6%) casos de bradicardia, quatro (1,3%) de edema epitelial, dois (0,65%) de náuseas e duas (0,65%) rupturas de cápsula posterior. No pós-operatório foram observados 15 (4,8%) casos de náuseas, seis (1,9%) casos de tonturas, dois (0,65%) casos de vômitos e um (0,32%) caso de bradicardia. O tempo médio de recuperação pós-operatória foi de 21,77 minutos. O consumo de alfentanil variou entre 125 µg e 1.250 µg, com um consumo médio de 537 µg. Trezentos (96,2%) pacientes classificaram a técnica anestésica como boa e 12 (3,8%) pacientes classificaram como regular. Quarenta e dois pacientes relataram dor em algum momento da operação e quatro (1,3%) pacientes disseram que caso necessitassem

Estudo comparativo entre bupivacaína a 0,25% e ropivacaína a 0,2% em anestesia peridural para cirurgia torácica

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2001

entre Bupivacaína a 0,25% e Ropivacaína a 0,2% em Anestesia Peridural para Cirurgia Torácica Justificativa e Objetivos-A anestesia peridural associada à anestesia geral tem sido usada em várias especialidades cirúrgicas. Em cirurgia torácica seu uso é pouco discutido na literatura. Este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos hemodinâmicos e ventilatórios da anestesia peridural torácica com bupivacaína a 0,25% e ropivacaína a 0,2% associada à anestesia geral em pacientes submetidos à toracotomia. Método-Participaram deste estudo prospectivo, comparativo e aleatório quarenta pacientes divididos em dois grupos de vinte. Cada grupo recebeu um volume de 10 ml de anestésico local, por via peridural torácica. Grupo B (Bupivacaína 0,25%) e o Grupo R (Ropivacaína 0,2%). O bloqueio peridural foi realizado com os pacientes em decúbito lateral, punção paramediana e cateter para injeção dos fármacos A seguir todos os pacientes receberam anestesia geral com IOT. Foram analisados parâmetros hemodinâmicos e ventilatórios em 9 momentos. Resultados-A pressão arterial sistólica foi menor no momento 5 e pressão arterial diastólica nos momentos 1 e 5, ambas no grupo B. A necessidade de efedrina para corrigir hipotensão arterial foi de 8/20 no grupo B, contra 6/20 no grupo R. A pressão de pico nas vias aéreas superiores foi sempre mais elevada no grupo R e os valores da CAM do isoflurano foram mais elevados nos momentos 5 e 6 também no Grupo R. Conclusões-A técnica combinada peridural torácica e anestesia geral mostrou-se eficaz e segura nos pacientes submetidos à toracotomia. Quando se utilizou bupivacaína, a diminuição da pressão arterial foi maior e a pressão máxima nas vias aéreas foi menor do que quando foi utilizada ropivacaína.

Bases anatômicas para o bloqueio anestésico do plexo braquial por via infraclavicular

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2002

Justificativa e Objetivos-Procuramos demonstrar neste estudo a presença constante da fossa infraclavicular, com a finalidade de sua utilização como via de acesso para o bloqueio anestésico do plexo braquial por via infraclavicular. Visando solucionar o ponto onde os fascículos do plexo braquial podem ser localizados no interior da fossa, propusemos medidas a partir da face anterior da clavícula e do ângulo formado pelo encontro do músculo deltóide com a clavícula (ângulo deltoclavicular). A primeira medida permite localizar em profundidade o local onde passa o plexo braquial. Já a segunda, determina a projeção dos fascículos dentro da fossa, o que corresponde ao ponto de entrada da agulha na superfície cutânea. Método-Foram efetuadas medidas entre a face anterior da clavícula e os fascículos do plexo braquial, e do ângulo deltoclavicular até a projeção superficial dos fascículos. Com base nos achados anatômicos foi proposta uma técnica de abordagem do plexo braquial por via infraclavicular. Resultados-Foram analisadas 100 regiões infraclaviculares de cadáveres fixados. A fossa infraclavicular foi detectada em 96 casos. Nessas os fascículos do plexo braquial localiza-se totalmente ou parcialmente em 97,9%. A medida aferida entre a face anterior da clavícula e os fascículos do plexo, foi de 2,49 cm e do ângulo deltoclavicular até a projeção superficial dos fascículos estava em 2,21 cm. Conclusões-Os dados obtidos permitem a determinação precisa do ponto de introdução da agulha, a qual, dirigida perpendicular à pele, atinge o plexo braquial sem perigo de provocar pneumotórax ou lesão vascular, possibilitando uma segurança maior aos anestesiologistas, e permitindo a volta da prática do bloqueio do plexo abaixo da clavícula. UNITERMOS-ANATOMIA: plexo braquial; TÉCNICAS ANESTÉSICAS, Regional: bloqueio do plexo braquial SUMMARY Gusmão LCB, Lima JSB, Prates JC-Anatomical Basis for Infraclavicular Brachial Plexus Block Background and Objectives-This study shows the constant infraclavicular fossa presence, aiming at using it as a pathway for infraclavicular brachial plexus block. Determining the point where brachial plexus fascicles may be located within the fossa, the authors have proposed measurements from the anterior surface of the clavicle and the angle formed by the deltoid muscle and the clavicle (deltoclavicular angle). The first measurement allows the in-depth location of the site crossed by the brachial plexus. The second determines fascicles projection within the fossa, corresponding to the needle insertion point on the skin. Methods-Measurements were made between the anterior surface of the clavicle and brachial plexus fascicles, and from the deltoclavicular angle to superficial fascicles projection. Based on the anatomic findings a technique of infraclavicular brachial plexus approach was proposed. Results-A hundred infraclavicular regions in cadavers were analyzed. Infraclavicular fossa was detected in 96 cases where brachial plexus fascicles were totally or partially (97.9%) located. The distance between the anterior surface of the clavicle and brachial plexus fascicles was in average of 2.49 cm and from the deltoclavicular angle to superficial fascicles projection was 2.21 cm. Conclusions-Values obtained allow for the precise location of the needle insertion point which, when perpendicular to the skin, reaches brachial plexus without danger of causing pneumothorax or vascular injury, providing more safety to anesthesiologists and allowing the return to the practice of brachial plexus block below the clavicle.

Estudo comparativo entre concentrações de bupivacaína a 0,125% e a 0,25% associada ao fentanil para analgesia de parto por via peridural

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2004

RESUMO Gomes MEW, Balle VR, Machado SB, Mendes FF-Estudo Comparativo entre Concentrações de Bupivacaína a 0,125% e a 0,25% Associada ao Fentanil para Analgesia de Parto por Via Peridural JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A analgesia de parto tem a finalidade de diminuir ou até excluir o sofrimento materno durante o trabalho de parto, sendo considerada um método seguro e efetivo para o alívio da dor. O objetivo deste trabalho foi comparar duas concentrações de bupivacaína (0,25% e 0,125%), associada ao fentanil na analgesia de parto por via peridural, quanto à eficácia antálgica e o grau de bloqueio motor, e verificar a influência das diferentes concentrações utilizadas na duração do trabalho de parto, no bem estar do recém-nascido e na satisfação materna. MÉTODO: Neste estudo prospectivo e duplamente encoberto, 51 gestantes primíparas foram distribuídas aleatoriamente em dois grupos para receberem uma de duas concentrações de bupivacaína para indução de analgesia de parto (0,25% [n = 23] ou 0,125% [n = 28]). Para a mensuração da analgesia, foi utilizado a escala numérica de dor, e para a avaliação do bloqueio motor, a escala de Bromage. Para a comparação das médias, foi utilizado o teste t de Student, e, para a comparação das proporções, o teste Qui-quadrado, com p < 0,05. RESULTADOS: Não houve diferença significativa nas variáveis dor, grau de bloqueio motor e bem-estar fetal entre os dois grupos. O índice de cesariana foi significativamente maior no grupo com maior concentração (p < 0,05). No grupo com menor concentração, as pacientes ficaram mais satisfeitas com o procedimento (p < 0,01). CONCLUSÕES: A bupivacaína na concentração de 0,125%, associada ao fentanil, mostrou maior benefício quando comparada com a concentração de 0,25%. Nesta dose, verificou-se menor incidência de efeitos indesejáveis sem comprometimento da analgesia proporcionada e maior grau de satisfação materna.

Imobilidade: uma ação essencial dos anestésicos inalatórios

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2005

A imobilidade é uma característica essencial da anestesia geral e que deve ser buscada e mantida durante todo o ato anestésico. A potência anestésica, chamada Concentração Alveolar Mínima (CAM), é a expressão da inibição dos movimentos em resposta a estímulos nociceptivos. Entretanto, apesar da medula espinhal ser reconhecida como principal mediadora da imobilidade cirúrgica, os mecanismos celulares e subcelulares da ação dos anestésicos inalatórios para produzirem imobilidade não são, ainda, totalmente conhecidos. Tendo em vista o grande avanço na pesquisa dos mecanismos de ação dos anestésicos inalatórios e a resultante grande quantidade de informações, essa revisão tem como objetivo avaliar criticamente os estudos clínicos e experimentais realizados para identificação dos mecanismos e locais de ação dos anestésicos inalatórios para produção de imobilidade em resposta a estímulos nociceptivos. CONTEÚDO: Os mecanismos de ação dos anestésicos inalatórios no SNC podem ser divididos em três níveis: macroscópico, microscópico e molecular. No aspecto macroscópico, estudos comportamentais mostraram ser a medula espinhal o principal local da ação anestésica para promover imobilidade em resposta à estimulação dolorosa. No nível celular, a excitabilidade dos motoneurônios, neurônios nociceptivos e a transmissão sináptica estão, todos, envolvidos na ação dos anestésicos inalatórios. Sob o ponto de vista molecular, diversos receptores são afetados pelos anestésicos, mas poucos devem mediar diretamente a ação anestésica. Entre estes, destacam-se os receptores de glicina, NMDA de glutamato, 5-HT 2A , e canais de sódio voltagem-dependentes. CONCLUSÕES: A imobilidade produzida pelos anestésicos inalatórios é mediada, principalmente, através de uma ação sobre a medula espinhal. Esse efeito ocorre pela ação anestésica sobre a excitabilidade dos neurônios motores espinhais, mas também sobre neurônios e interneurônios nociceptivos do corno posterior da medula. A ação sobre os receptores específicos exerce efeito sobre a transmissão sináptica desses neurônios.

O plantão noturno em anestesia reduz a latência ao sono

Revista Brasileira De Anestesiologia, 2004

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Os médicos em geral, os anestesiologistas em particular, têm jornadas de trabalho prolongadas. Os residentes de Anestesiologia podem apresentar fadiga e estresse significativos. O objetivo deste trabalho foi verificar, em residentes de primeiro e segundo anos a latência do sono em períodos após plantão. MÉTODO: Foram avaliados 11 residentes em situações distintas: às 7 horas da manhã, após noite de sono normal (> 7h), sem plantão nos 3 dias anteriores (M1); às 7 horas da manhã, após 24 horas de trabalho, sem dormir, sem plantão nos 3 dias anteriores (M2); às 13 horas da tarde, após 30 horas de trabalho, sem dormir, sem plantão nos 3 dias anteriores (M3). Em todas essas situações foi realizado eletroencefalograma (EEG) contínuo, em sala apropriada para registro dos sinais de sono, avaliando a latência ao sono (LS). RESULTADOS: Verificou-se redução significativa da LS entre os residentes, após 24 ou 30 horas de plantão sem dormir. Entre os residentes que tiveram noite de sono normal na véspera do exame, 36,4% apresentaram LS em nível considerado patológico. CONCLUSÕES: A jornada de plantão de 24 ou 30 horas leva a valores de LS menores que 5 minutos, considerados patológicos, refletindo a fadiga extrema de residentes de Anestesiologia. Pode ser importante a regulamentação do número de horas de descanso pós-plantão.