Educação medicalizada: Estudo sobre o diagnóstico de TDAH em um dispositivo de saúde (original) (raw)

A FABRICAÇÃO DO TDAH: PROCESSOS DE MEDICALIZAÇÃO NA ESCOLA

"Silêncio, silêncio", murmurou um alto-falante quando saíram do elevador no décimo quarto andar. "Silêncio, silêncio", repetiram incansavelmente, a intervalos regulares, outros alto-falantes ao longo de cada corredor. Os estudantes, e o próprio Diretor, puseram-se automaticamente a caminhar nas pontas dos pés. Eles eram Alfas, por certo, mas até mesmo os Alfas haviam sido bem condicionados. "Silêncio, silêncio". Toda a atmosfera do décimo quarto andar vibrava com o imperativo categórico. (HUXLEY, s/ data, p.36) Admirável Medicalização Nova! O soma possui vários nomes atualmente. Produtos inventados, embalados e distribuídos de forma abundante a cada um e a todos. Valioso instrumento de amortização do sentir e pensar neste novo/velho mundo. A partir das lentes fornecidas pelos Estudos Culturais, este trabalho observa o fenômeno da medicalização, ajustando o seu foco na infância e adolescência, enquadrando as faixas etárias que abrangem crianças e jovens em idade escolar. Vivemos num contexto cultural em que as práticas estão supostas em comportamentos normativos, sobretudo entre as crianças. Este contexto assume como patológico tudo aquilo que estiver a escapar de determinada norma. Manuais de psiquiatria, amplamente utilizados no Brasil, como os DSMs (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, ou Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) vêm desde a segunda metade do século XX (re)definindo a noção de normal e anormal em termos de comportamento. Uma vez estabelecida a escala da análise, da regra ou mesmo das leis para o comportamento social, o que opera fora desta lógica é

A medicalização da vida escolar: incoerências na conceituação do TDAH

Série-Estudos - Periódico do Programa de Pós-Graduação em Educação da UCDB

Artigo de revisão bibliográfica sobre a medicalização da Educação a partir da queixa de déficit de atenção e hiperatividade proveniente da escola e demandante de diagnóstico médico e/ou psicológico. O objetivo deste artigo é apresentar a contribuição de autores nacionais e latino-americanos à crítica da medicalização da vida e do processo ensino-aprendizagem, marcado pelas explicações biológicas sobre o comportamento do aluno, especialmente daquele identificado como desatento e/ou inquieto sobre o qual se apõe o diagnóstico de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O material para análise foi selecionado pelo critério de relevância de autoria, a partir da busca em artigos e capítulos de livros que tinham como tema principal medicalização e TDAH. A análise qualitativa permite concluir que a medicalização está inserida no processo de biologização da vida e corresponde à transposição das explicações próprias do campo médico para as questões inerentes a outros campos,...

Diagnosticando o TDAH em adultos na prática clínica

Jornal Brasileiro De Psiquiatria, 2007

Although attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) has been officially recognized as a valid disorder into adulthood, this diagnosis is still an issue of debates between specialists. Most of the existing knowledge regarding this condition is due to the excess of findings of studies with children. As the field studies that determined DSM-IV diagnostic criteria comprised only children and adolescents, more studies with adult populations are required to validate the criteria for this population. The age of onset criteria, the cut-off of six symptoms and the requirement of impairment in at least two different settings are some of the difficulties faced by clinicians to make the diagnosis in clinical practice. Moreover, adults with ADHD often show difficulties to recall the symptoms in childhood. The symptoms described by DSM-IV are also criticized. To minimize the aforementioned problems, the use of instruments adapted to adults (as ASRS-18), reports of other informants (like partner and parents), the broadened of the age of onset criterion and a broaden investigation of the different settings that might be impaired by the symptoms are recommended.

TDAH e desempenho acadêmico: uma descrição do conhecimento atual

International Journal of Developmental and Educational Psychology. Revista INFAD de Psicología., 2018

Este estudo é uma revisão de literatura que teve como objetivo identificar e analisar os estudos brasileiros nos últimos 10 anos acerca do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e sua relação com o desempenho acadêmico de crianças, jovens e adultos. Método: A busca foi realizada nas bases de dados: Pepsic, Redalyc e Scielo com os descritores: “TDAH e desempenho escolar”; “TDAH e desempenho acadêmico”; “TDAH e performance acadêmica”; “TDAH e performance escolar”. Foram consideradas as publicações de 01 de janeiro de 2006 até 31 de dezembro de 2016.Resultados: Os achados revelaram escassez de pesquisas na área, sendo encontrados 217 estudos, dos quais apenas 9 foram analisados após a aplicação dos critérios de exclusão. Conclusão: Acredita-se que o TDAH influencie de modo negativo no desempenho acadêmico, tendo sido encontrados apenas 3 estudos que avaliaram o desempenho acadêmico de modo direto, os demais avaliaram variáveis que, possivelmente, influenciem no desemp...

A re(des)construção do processo de diagnóstico de TDAH: nos bastidores de dois estudos de casos

2009

Agradeço a meus pais pela oportunidade de poder estar viva e aprender constantemente através dos erros e acertos sempre amparada por eles, estimulando o meu crescimento até a concretização deste trabalho. Que não seria possível sem a compreensão e apoio de minha querida família e amigos, em especial do meu marido e filhos que precisaram abrir mão de muitas coisas para que concluísse esta empreitada. O meu muito obrigada a minha orientadora pela paciência, dedicação, e extrema sabedoria, para dividir seu conhecimento sem deixar de exigir e encorajar cada vez mais nas novas descobertas.

O caso Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e a medicalização da educação: uma análise a partir do relato de pais e professores

As dificuldades de comportamento na infância têm sido alvo de inúmeras discussões na área médica e educacional, sobretudo nos últimos anos. Com isto, dois fenômenos inter-relacionados se sobressaem: a medicalização e a patologização da infância. A medicina e a psiquiatria são saberes produtores destes processos ao criarem e recriarem categorias diagnósticas que justifiquem inúmeros problemas da rede de relações complexas que caracterizam o ambiente escolar. Nesta perspectiva, pretendemos trazer o relato de pais e professores de uma escola pública do interior de São Paulo sobre alunos, com idade entre sete e 11 anos, diagnosticados com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e relacioná-lo com as discussões acerca do processo de medicalização na atualidade. Considera-se que as crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem ou comportamento são categorizadas como um corpo biológico a-histórico desprovido de vida social e afetiva.

Uso da tecnologia para intervenções em crianças e adolescentes com TDAH

Tecnologias Aplicadas em Educação e Saúde, 2021

Licenciada em Ciências Biológicas, Mestranda em Distúrbios do Desenvolvimento pela UPM, com bolsa CAPES. Professora de Ciências para o Ensino Fundamental II. Desenvolve projetos de pesquisa na área de Jogos Sérios, TDAH e Funções Executivas.