A Revitalização do Carnaval Carioca: direito à cidade, quilombismo e outros caminhos de disputa política (original) (raw)

Cidade e Política: Disputas De Narrativas No Carnaval De Rua Carioca

Revista Encantar, 2021

O carnaval é construído por meio de disputas, atuando como espaço de reivindicações políticas. Nos últimos anos, o carnaval de rua carioca vem potencializando as lutas políticas, principalmente através da discussão do direito à cultura e à cidade. Este artigo procura entender, por meio de pesquisa etnográfica, entrevistas, revisão bibliográfica e estudo de reportagens em mídias, os posicionamentos políticos e simbólicos dos agentes ativos em relação à festa e à cidade. Logo, serão analisadas as apropriações e ressignificações de tais sujeitos em torno dos usos do espaço público. A partir disso, o presente trabalho buscará compreender quais são as narrativas empreendidas por esses blocos, que transformam o carnaval de rua em um significativo espaço de luta política. Complexifica-se, assim, a visão do carnaval enquanto festa popular que, através do lúdico, constrói uma pauta política atual e interseccional, articulando os direitos à cidade, ao carnaval e à cultura.

Resistência e Neolibaralismo - a política cultural do carnaval carioca

BOLETIM OBSERVATÓRIO DA DIVERSIDADE CULTURAL , 2020

O artigo analisa a política cultural do carnaval na cidade do Rio de Janeiro, traçando um histórico do século XX e abordando a conjuntura atual de crise neoliberal. A política cultural do carnaval passa pelas seguintes fases: repressão por parte do Estado; símbolo da identidade nacional; incorporação pela indústria cultural; mercantilização da festa; revés com a crise econômica e política cultural antidemocrática do prefeito Crivella. Publicado no BOLETIM OBSERVATÓRIO DA DIVERSIDADE CULTURAL nov. 2020, p. 116.

A REVITALIZAÇÃO DO CARNAVAL CARIOCA: UM CONTEXTO DE DISPUTAS POLÍTICAS E ÉTNICO RACIAIS

DEBATES - Cadernos do Programa de Pós-Graduação em Música, 2022

O tema desta comunicação é a revitalização do carnaval carioca iniciada na década de 80 do século XX e consolidada no início do século XXI. Faz-se uma relação entre a dimensão política desse movimento e o conceito de “Direito à Cidade” trabalhado por David Harvey. O objetivo central é demonstrar como a produção intelectual negra de autores como Clóvis Moura, Lélia Gonzales e Abdias Nascimento pode, em diálogo com esse conceito chave, enriquecer as pautas desse movimento. Além disso, pretende-se demonstrar a importância dos elementos político-culturais de origem negra no contexto da festa carnavalesca.

FESTIVAIS COMO MODULADORES DA CIDADE CONTEMPORÂNEA: DIÁLOGOS ENTRE SÃO PAULO E LISBOA

Nunes Junior, P. C. , 2019

A cidade vem sendo transformada, de forma crescente, pela realização de eventos culturais e, mais especificamente, por meio de festivais. Partindo dessa premissa, esta pesquisa tem o intuito de investigar a maneira pela qual estes eventos têm modulado a construção material e imaterial no meio urbano, gerando processos de individuação e regulação segundo formas de controle associadas a espaços de liberdade, como sugerem Gilbert Simondon e Gilles Deleuze. Como casos de estudo foram escolhidos dois festivais urbanos e emblemáticos: a Virada Cultural, promovida desde 2005, em São Paulo (Brasil); e o Mexefest, realizado desde 2011, em Lisboa (Portugal). A investigação colocará foco nos intermediários culturais e organizadores, desses eventos, no mercado da comunicação a eles associados e nas demais esferas institucionais ligadas às cidades em análise. O estudo olha as práticas micropolíticas e as ambiências urbanas geradas por estes festivais, entendendo sua relação com a cidade mediada por dispositivos tecnológicos, em diferentes escalas e medidas de funcionamento. A Teoria do Ator Rede de Bruno Latour e o pós-estruturalismo de John Law são referências importantes na estratégia de desenvolvimento do trabalho. Em proximidade com a etnografia sensorial de Sarah Pink, tais autores enquadram a proposta de metodologia para a efemeridade que é utilizada nesta investigação. A pesquisa empírica está assentada numa abordagem de cariz qualitativo e combina a observação direta de caráter etnográfico com a realização de entrevistas e a análise documental. Construídos sobre o controle de espaços-tempo liminares e insinuando a sensação de liberdade e escolha personalizada, os festivais urbanos têm operado segundo o princípio do poder modular. Através desse dispositivo, eles medeiam subjetiva e objetivamente os sujeitos que deles participam e a eles atribuem valores de significação. A experiência em torno desses eventos tem se projetado não só para outras manifestações culturais - daí o caráter festivalizante assumido, hoje, pelas práticas culturais em geral - mas também para a relação do sujeito com outras esferas de sua vida. Seu cenário espetacularizado e efêmero cria e, ao mesmo tempo, reproduz um tipo de experiência característica dos novos modos de vida urbanos. Com base nesses princípios, os resultados da pesquisa são discutidos, a partir dos casos da Virada Cultural e do Mexefest, estão organizados em torno dos seguintes tópicos: (i) relação entre conflitos e imaginários de segurança na cidade; (ii) projetos de regeneração urbana e processos de gentrificação; (iii) agenciamentos entre mídia e programação dos festivais; (iv) articulação entre comunicação cultural e marketing urbano, (v) relações entre tecnologia, música e experiência urbana; (vi) ambientação, placemaking e estetização do espaço urbano; (vii) cosmopolitismo, turismo e festivalização da cidade; e (viii) patrimônio histórico e mercado de imagens.

Carnaval: anarquia, paródia e ressurreição

2023

O carnaval, aqui, deve se encerrar no início da Quaresma. Mesmo em tempos republicanos, supostamente secularizados, o carnaval brasileiro respeita a medieval determinação da Igreja. Sobre esses temas, vou me delimitar nesse ensaio a falar de um ponto mais específico, sobre o qual Meuli acabou por mencionar mais de uma vez no seu referido ensaio sobre a origem do carnaval: sobre como a festa do carnaval, seus adereços, máscaras, seus excessos, provocam o que ele chamou de “anarquia legal”.

O dia em que o Morro descer e não for carnaval : ativismos, direito à cidade e planejamento urbano

2019

AGRADECIMENTOS À força e a graça divina que sempre me fizeram continuar, com várias cores, credos e saberes. À minha família, pelo incentivo e cuidado de sempre. Serei eternamente grata por aguentarem minhas crises e surtos desde sempre. Mãe, obrigada por ser "mais minha amiga do que mãe", assim aprendi a buscar meu espaço. Pai, serei eternamente grata por teu esforço por nos dar o melhor possível. Larissa, parabéns pela coragem e dedicação em tua profissão. A área da saúde precisa mais de pessoas como tu. Ao Bernardo, rapaz dos olhos bonitos e do abraço gentil, pela paciência, companheirismo, cuidado, incentivo e confiança. Sou grata por todas as dicas, indicações e orientações. És um profissional dedicado e brilhante. Nós somos a mistura de livros que conseguimos acumular com o perpétuo desejo de ser/viver das letras da música popular brasileira. Ao meu bom e grande amigo Lucas Greff, pela prontidão de me ouvir e ajudar desde o ensino médio e por todos os cafés, chás, cervejas e batatas fritas com queijo em todo o processo. Às amigas e aos amigos da Secretaria de Avaliação Institucional (SAI), especialmente Clau, Débora, Fernanda e Flávia. Queridas por sempre me incentivarem e me adotarem. Serei eternamente grata pelo aprendizado e pela amizade de vocês. Grande parte da profissional que sou hoje, construí no convívio com vocês. Aos amigos e amigas conquistados na Escola de Administração (EA), mas que estão comigo para além do vínculo com a EA:

O Carnaval De Rua Do Rio De Janeiro Como Uma Possibilidade De Exercício Do Direito À Cidade

Revista da Faculdade de Direito UFPR, 2015

O presente artigo pretende discutir como o carnaval da cidade do Rio de Janeiro, mais especificamente, o carnaval dos blocos de rua, que ocupa grande parte da cidade, pode ser encarado como um exercício do direito à cidade. Ao mesmo tempo que o carnaval reúne milhares de pessoas nas ruas, traz consigo sujeira, prejudica o trânsito e espalha uma espécie de caos na cidade. Por outro lado, traz também benefícios, como uma fruição maior do comércio, a expansão da cultura popular, o lazer aos foliões. Dessa forma, discutir o carnaval carioca torna-se tema essencial para entender o direito ao acesso à cidade. O carnaval nas ruas do Rio de Janeiro é um carnaval eminentemente popular. A festa é gratuita; a prefeitura proíbe a criação de espaços reservados ou de camarotes nas ruas da cidade. Logo, em teoria, qualquer um pode fazer parte da multidão. Com blocos patrocinados e outros mantidos pelos próprios foliões, o carnaval altera a cidade. A rua deixa de ser apenas uma via – passa a ser oc...