Os sem-religião (original) (raw)
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Textos e Debates, 2012
Até meados da década de 30, o "aniversário do Brasil" era celebrado dia três de maio, rememorando a data da primeira missa realizada no país. As escolas reuniam seus alunos, hasteavam a bandeira, entoavam o Hino Nacional. O evento que simbolizava o nascimento da nação brasileira era, portanto, um marco religioso, e não a chegada da frota de Pedro Álvares Cabral. Era através deste marco que o Estado buscava fomentar o espírito cívico do povo brasileiro (Bittencourt, 1991).
Revista Síntese, 2020
O presente artigo reúne contribuições para o pensar sobre espiritualidades sem religião, não religiosas ou laicas. Por um lado, são abordados os sentidos de espiritualidades autônomas e independentes da crença, do corpo doutrinário e da organização comunitária representadas por instituições religiosas. Por outro lado, a reflexão versa sobre o cultivo da qualidade humana e da qualidade humana profunda a partir de uma concepção antropológica não-dual, segundo a qual o animal humano, como animal de fala, acessa a realidade e a modela como dimensão relativa às suas necessidades e como dimensão para além das suas necessidades. Ainda que nosso horizonte nos conduza a uma necessária superação dos termos religião e espiritualidade, considerados como fruto de projetos axiológicos não mais adequados a sociedades marcadas por um intenso processo de mudança constante, tais como as contemporâneas sociedades de conhecimento e de inovação, para o tratamento da questão, consideraremos ser adequado tratar alguns conceitos-chave de uma concepção tradicional sobre esses termos. Nesse sentido, procuramos apresentar, ainda que brevemente, alguma delimitação sobre esses termos em nosso trabalho. O objetivo principal, contudo, é problematizar a questão da espiritualidade sem religião como cultivo da qualidade humana à luz da teoria reconhecida como epistemologia axiológica, elaborada pelo pensador Marià Corbí. Questionamos o sentido de espiritualidade como decorrente da condição humana em sentido tradicional, a partir da consideração de que, fundamentalmente, o animal humano deva ser compreendido como um ser de linguagem. Como aponta a teoria corbiniana, o animal que fala, como ser necessitado, possui como mecanismo de sobrevivência atuar como um modelador da realidade e, nesse sentido, se processa o acesso não dual à dimensão absoluta do real (DA) e a dimensão relativa do real (DR). Nesse horizonte teórico-prático, entendemos por espiritualidade, considerando-a especificamente como o cultivo da qualidade humana e da qualidade humana profunda, o processo decorrente de um projeto axiológico coletivo, que proporciona a realização da pessoa a partir do interesse incondicional pela realidade, do distanciamento e do silenciamento (IDS); cultivados como indagação livre, comunicação e serviço mútuo (ICS).
Os "Sem Religião" e a Cultura Pós-Moderna
Revista Paralellus, 2021
Pretendemos abordar uma das importantes mudanças religiosas no mundo e no campo religioso brasileiro, com uma crise de pertença institucional e expansão dos que se declaram sem religião, ou sem instituição, e sua relação com o advento do que denominaremos neste trabalho de pós-modernidade. Trata-se de uma nova realidade religiosa, vivenciada pelo indivíduo pós-moderno que nos leva à busca de um novo sentido da vida e novas formas de relacionamento com o transcendente, por assim dizer uma nova forma de se vivenciar a religiosidade na pós-modernidade. Partimos de uma análise do Censo do IBGE de 2010 no Brasil, onde houve um expressivo crescimento dos "sem religião", e as considerações a esse problematizadas por Teixeira e Menezes, confrontando-as com o advento da pósmodernidade, tal qual defendido por Bauman. Apresentamos, então, que "os sem religião" são também reflexos da condição pós-moderna que nos encontramos, com suas próprias particularidades e forma de vivenciar suas novas experiências religiosas.
S TRÊS PRINCIPAIS mudanças que caracterizam o campo religioso brasileiro hoje são, a saber: a diminuição percentual de católicos (de 83,76% em 1991 para 73,77% em 2000), o crescimento dos evangélicos (de 9,05% em 1991 para 15, 45% em 2000) e o aumento dos "sem religião" (de 4,8% em 1991 para 7,4 % em 2000). Sobre os dois primeiros aspectos muito se tem escrito, sobre o terceiro bem menos.
Religiosos Sem Igreja: Um Mergulho na Categoria Censitária dos Sem Religião
Revista de Estudos da Religião , 2007
Este artigo analisa os discursos de indivíduos fluminenses que se declaram sem religião, ressaltando aspectos que não são observáveis através da categoria censitária, que com essa nomenclatura não traduz a essência das transformações presentes na atualidade por se limitar à vinculação institucional, sem levar em conta a experiência religiosa. Trata-se do resultado de uma pesquisa qualitativa, produzida com entrevistas semi-estruturadas, aplicadas a 48 habitantes de diferentes localidades do Estado do Rio de Janeiro que se declararam sem religião; comprovando que, embora nos recenseamentos eles estejam agregados em uma só categoria, aparentemente secularizada, são constituídos por tipos com características e cosmovisões distintas, o que suscita uma classificação mais precisa. Se um deles reúne ateus e agnósticos, avessos aos conteúdos religiosos, o outro não os recusam, descolando-se somente das instituições religiosas.
Representações político-religiosas de jovens sem religião
O capítulo aqui apresentado discute a temática da juventude e suas inter-relações com a religião e a política, por meio de uma perspectiva interdisciplinar. A proposta da interdisciplinaridade permite abarcar um conhecimento integrante, objetivando contemplar as especificidades e dinâmicas existentes entre as identidades juvenis na interface com a religião e a política.
A Despedida Da Metafísica e O Crescimento Dos Sem Religião
Teologia das Religiões 2, 2019
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