A ascensão da paisagem: São Paulo, século XXI (original) (raw)

Parques Municipais de São Paulo no Século XXI

Paisagem e Ambiente, 2012

De 1893, ano de nascimento da Inspetoria dos Jardins Públicos, até 1993, quando foi criada a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, os fatores intervenientes na produção dos parques públicos na cidade de São Paulo alteraram-se sensivelmente. Se durante o século XX os parques públicos, em sua maior parte, foram implantados em terrenos provenientes de loteamentos ou de desapropriação, contando basicamente com recursos orçamentários, já no final daquele século, e atualmente com maior força, passaram a ser utilizados outros expedientes para a criação e manutenção de novos parques. Para responder às novas atribuições, alteram-se a organização administrativa, as dotações orçamentárias e as fontes de recursos do órgão responsável pelas áreas verdes do município. A retrospectiva aqui realizada da atuação da municipalidade tem por objetivo fornecer subsídios para avaliar o que há de propositivo e de reativo no referente à política de implantação de novos parques públicos em São Paulo.

A metrópole de São Paulo no início do século XXI

Revista USP, 2014

ABSTRACT O artigo analisa as transformações recentes da metrópole de São Paulo em termos sociais, demográficos, de segregação residencial e de acesso a serviços. As transformações recentes sugerem melhoras em vários indicadores, mas também a permanência e a reconstituição de desigualdades. A metrópole se mostra mais diversificada e crescentemente heterogênea, sendo cada vez mais necessário escaparmos de categorias dualistas de análise.

A paisagem dos lugares: teoria e práticas na periferia da metrópole paulistana

Este trabalho aprofunda o estudo da paisagem na periferia da metrópole de modo interdisciplinar, valen- do-se de uma perspectiva teórico-prática aplicada ao estudo de caso Jardim Celeste e entorno, São Paulo. O termo composto paisagem dos lugares foi circunscrito e utilizado a fim de enfocar o estudo da paisagem por um viés cria- tivo e crítico, propositivo e transformador, atentando para a totalidade dos processos sociais, culturais e ambientais intrinsecamente relacionados ao objeto de estudo e seu campo empírico. Os conceitos e métodos foram criados ao longo da pesquisa e objetivaram, em última instância, a expansão do conhecimento e a emancipação dos en- volvidos; para tanto, uma variedade de métodos e atividades práticas foram organizadas e aplicadas, sendo estas: a observação participante, o mapeamento do substrato do objeto de estudo, entrevistas, questionários, mutirões e oficinas. Em suma, esta dissertação versa sobre novos entendimentos e perspectivas da paisagem na metrópole através do prisma da paisagem dos lugares, as quais convidam a uma postura visual-estético-sensorial sobre o espaço da esfera pública de todos os dias.

A fronteira infernal da renovação urbana em São Paulo: região da Luz no século XXI

The phenomenon of Urban Renewal is a spatial restructuring that takes place in special situations of the metropolis. It operates for a specific purpose or strategy. It implies in a production process, as well as a specific product and a use. In this specialization, spatialization differs. The renovation takes place by imbricating real estate development, predominantly a matter of a private character, and infrastructure, predominantly one of a public character. It relates special forms of financing, resources from public institutions of different levels, or from financial institutions of different orders and origins. The present work aims to analyze the contemporary process of urban renewal of the Luz Region, in downtown São Paulo, which explicits the character of dispute in the production of space. A class struggle that takes place in the dispute for the production and distribution of the social product, of the common wealth. The "city". The thesis of renewal is the subjunctive of the work, which is deepened by the shift from valuation of production to the capitalization of property, a fictitious means of accumulation. In the ongoing capitalist restructuration, the domain of the fictitious capital emerges as the foundation of social reproduction. In its spatial dimension, the real estate and financial sectors converge, leading them to privatize the reproduction of capital in the contemporary metropolis, providing the capital a extended life through the production of space. This convergence is due to the coalition of class fractions that hold the real estate and financial patrimony, which accentuates the domination of the proprietary classes over the subordinate classes. As an unfolding in the dimension of political friction between classes, the experience of resistance to spoilage can lead to the constitution of a spatial, urban-based social class whose struggle forms a force against capital. The hereby thesis is presented in three chapters. The first one analyzes the urban projects of the Luz Region; the second, the centrality of property in the accumulation of capital; and the third the conflicts and coalitions in the use, distribution and production of space. Each of these chapters, in turn, is organized into three complementary sub-chapters. The first sub-chapter of each of them observes its immediate aspect, the urban plan, the centrality of property and the conflicts and coalitions. Then begins an approach to its global aspect, or how each of these immediate manifestations relates to legal, economic, and political dimensions that have relations to broader social processes. Finally, each of them closes with a discussion that is raised at the level of the more general contradictions that move them, relative to the totality or consciousness. Key words: 1. Urban Renewal; 2. Luz Region; 3. Restructuring of space; 4. Restructuring of capital; 5. Dispute in the production of space; 6. Class struggle for space. região da luz no século xxi | _ 11 ÍNDICE glossário fictício-fantástico: real, mas não verdadeiro 12 lista de figuras, mapas e tabelas 15 introdução: aprendendo com a são paulo delirante 17 capítulo 1-planos da luz 25 1.1-a racionalidade imediata dos planos 1°_Aspectos arquitetônicos e urbanísticos. 2°_Estrutura dos contratos: parceria público privada. 3°_Comentários urbanísticos sobre os planos. 26 Mapas da Luz 1.2-constituição do complexo imobiliário financeiro 1°_Marcos legais imobiliário financeiro. 2°_Exaustão do (direito à) moradia. 3°_Plataforma de valorização imobiliária e financeira. 126 1.3-irracionalidade da razão 1°_Centralidade das crises e contradições. 2°_Crescimento (i)mobiliário exponencial. 3°_O campo cego e as ilusões urbanísticas. 174 capítulo 2-propriedades da luz 189 2.1-propriedade e racionalidade econômica 1°_Derivas. 2°_Formas de distribuição da propriedade. 3°_Construção do preço do produto imobiliário. 190 Mapa das Derivas 2.2-renda e capital fictício 1°_A especificidade da renda da terra na construção social do preço do produto imobiliário. 2°_Capital portador de juros, capital fictício. 3°_«Ficçação» (i)mobiliária e sobrevida do capital. 248 2.3-mundo invertido da propriedade 1°_Propriedade privada, posse e Estado. 2°_Bem comum e apropriação privada. 3°_Função social da propriedade, função social da posse. 304 capítulo 3-à a luz da contradição 321 3.1-contradição na produção do espaço da luz 1°_Agentes imediatos, agente mediadores. 2°_Movimento da contradição: conflitos e coalizões. 3°_O ato aberto: enigma da Luz. 322 3.2 a coalizão patrimonialista imobiliária financeira 1°_Plataforma da marcha: valorização imobiliária financeira. 2°_ÀA luz da acumulação por espoliação. 3°_Plataforma contramarcha: resistência e direito à cidade. 356 3.3-classe espacial e o direito à cidade 1°_Luta de classes sem classe. 2°_Luto pela propriedade. 3°_Alienação e rebelião. 374 considerações finais 389 bibliografia 1 A região da Luz é formada em torno das infraestruturas ferroviárias, dos espaços públicos e da especificidade metropolitana de seu patrimônio construído. Não se lança à estratégia de uma definição precisa de um perímetro determinado. Busca-se reconhecer o conjunto de interações socioambientais, as atividades econômicas, as formas de uso e ocupação, as representações, que instituem fronteiras maleáveis, transitórias, de acordo com cada momento da análise. A «região» é aqui identificada pelos distritos da Luz, de Santa Ifigênia e imediações do Bom Retiro e Campos Elíseos. 2 Ver Mapa 01-Planos da Luz em «Mapas da Luz».

A Pixação na paisagem de São Paulo: o risco como construção do sentido da vida urbana

A presente pesquisa busca investigar quais efeitos de sentido são produzidos no espaço público a partir da presença massiva da manifestação visual denominada pixação (grafada com “x”) em edifícios e monumentos no cenário contemporâneo de São Paulo. O objetivo geral da pesquisa é compreender quais os valores articulados nesta escrita cifrada, que revelam modos de estar e acontecer na cidade, na construção sincrética com o espaço urbano que presentifica as desigualdades e descontinuidades produzidas ao longo dos anos de desenvolvimento da cidade. Considerando os estudos mais relevantes sobre a pixação, principalmente nas áreas da sociologia, urbanismo e comunicação, objetivamos detalhar e aprofundar a compreensão dessa manifestação a partir de uma perspectiva inexplorada: como seus modos de presença constroem novos sentidos no espaço público. O corpus de estudo que focaliza a análise do espaço abarca os distritos Sé e República, da área central de São Paulo, que mantém as marcas diacrônicas de seu edificar. Para apresentar e analisar as táticas empreendidas pelos pixadores, coletamos dados empíricos, notícias de mídias digitais e impressas e vídeos produzidos internamente ao movimento. Analisando os processos comunicacionais e identitários construídos neste espaço ocupado pela pixação, adentramos no como as manifestações aí correlacionam a parte e o todo da cidade, abordando o seu fazer sentir os riscos e as interações que essas promovem com aquele que, observando-as, adentra em suas articulações enredando-se nelas para entretecer a sua tessitura. O estudo tem como base teórica a premissas da semiótica discursiva proposta por Algirdas Julien Greimas, com os procedimentos metodológicos do percurso gerativo de sentido, assim como a sociossemiótica realizada por Eric Landowski na formulação de regimes de sentido, interação e risco, e os postulados de Ana Claudia de Oliveira, principalmente no que diz respeito à semiótica da visualidade. O resultado nos coloca diante de uma manifestação visual de forte valor estético que traduz os modos de viver a cidade sob a perspectiva de uma população periférica e muitas vezes marginalizada, que passa a compor o enunciado dos espaços públicos com a memória de seus percursos individuais e coletivos nas narrativas da urbe. Apropriando-se do centro da megalópole, essa população periférica se reinscreve enquanto protagonista ao ressignificar seu lugar invisibilizado na história. A pesquisa contribui, assim, para a reflexão sobre as estratégias de democratização e apropriação do espaço público e seu patrimônio. _____ The following research aims to investigate which meaning-effects are produced from the massive presence of a visual manifestation denominated pixação (written with “x”) on buildings and monuments of São Paulo’s contemporary scenery. The general objective of the research is to understand which values are articulated in this cipher, which reveal ways of being and happening in the city, in syncretic construction with the urban space that presents the inequalities and discontinuities produced over the years of the city’s development. Considering the most relevant studies about Pixação, mainly in the study fields of sociology, urbanism and communication, we intend to detail a deepen the understanding of this manifestation from a unexplored perspective: how theirs ways of presence build new senses in the public space. The study corpus, which focuses the space analysis, embraces Sé and República boroughs, in São Paulo’s central area, which maintains the diachronic marks of its construction. To present and analyze the tactics engaged by pixadores, we collect empirical data, news from digital and printed media and videos produced by themselves. Analysing the communicational and identity processes built in the space occupied by pixação, we get in on how the manifestations correlate a part and the whole of the city, approaching the way they make the observer feel the risks and the interactions that the practice of pixação promotes, inviting to enter into their joints and build their senses together. The study is based on the theoretical premises of the discursive semiotics proposed by Algirdas Julien Greimas, with methodological procedures of meaning-generating methods, as well as Eric Landowski’s sociosemiotcs in the formulation of regimes of meaning, interaction and risk, and the postulates of Ana Claudia de Oliveira, especially regarding to semiotics of visuality. The result puts us in front of a visual manifestation of strong aesthetic value which translates the ways of living in the city from the perspective of a peripheral population, which is often marginalized, and start to compose a enunciate of the public spaces with the memory of individual and collective paths in the narratives of the city. Appropriating of the center of the megalopolis, this peripheral population reinscribes themselves as protagonists, re-signifying their invisible place in history. The research contributes, for the analysis about strategies of democratization and appropriation of public space and its patrimony.

O Parque Urbano Brasileiro Do Século XXI

Periódico Técnico e Científico Cidades Verdes, 2015

Parques têm sido projetados e implantados em significativa quantidade nas cidades brasileiras no século XXI porque têm sido percebidos pela população como uma ação 'inteligente' da administração municipal, que preserva o meio ambiente ao mesmo tempo em que valoriza o bairro e amplia as possiblidades de lazer. Mas estes novos parques têm diferenças em relação a seus antecessores. Da mesma forma que a sociedade brasileira mudou neste período, o processo de produção da cidade e suas estruturas morfológicas sofreram alterações.

Fotografia de fotopublicidade na ambientação urbana de São Paulo

Este artigo faz parte do projeto de pesquisa coletiva do CPS (Centro de Pesquisas Sociossemiótica), que se intitula: Práticas de vida e produção de sentido da metrópole São Paulo e dos paulistanos. Regimes de visibilidade, regimes de interações e regimes de reescritura. O trabalho foi apresentado, em uma versão preliminar, em outubro de 2010, no Congresso da AISS (Associazione Italiana di Studi Semiotici), em Roma (Itália).

Aprendendo com São Paulo: A imagem da cidade limpa

Em 26 de setembro de 2006, a Câmara de Vereadores do município de São Paulo aprovou por 45 votos contra 1 a lei que mudaria completamente a maior cidade da América Latina e a sexta capital mais populosa do mundo. A lei (batizada de Cidade Limpa), de autoria do prefeito Gilberto Kassab, criou novas regras para a publicidade exterior com o objetivo de acabar com a poluição visual de São Paulo.

SÃO PAULO- FOTOGRAFIA COMO ANARQUIVAMENTO DE SEU INCONSCIENTE URBANO

Redobra, no. 17, ano 8, 2023

O artigo reflete sobre a cidade de São Paulo a partir de quatro momentos: as observações de Oreme Ikpeng sobre a cidade como cemitério de seus parentes; a teoria de Walter Benjamin da moda que afirma, entre outras ideias seminais: “A moda, como a arquitetura, está na penumbra do momento vivido, ambas fazem parte da consciência onírica [Traumbewusstsein] do coletivo. Ela desperta – por exemplo, na publicidade [Reklame]”; o ensaio trata ainda de Claude Levi-Strauss e de suas observações sobre a cidade e suas fotografias realizadas aí nos anos 1930; e, finalmente, trata da série de fotografias Outdoors (2002) do fotógrafo Carlos Goldgrub, lidas como concretizações de “imagens-oníricas” e de “imagens-desejo”. Neste texto, apresenta-se uma reflexão sobre alguns desdobramentos desta teoria benjaminiana escritural da modernidade. Trata-se de pensar a cidade como espaço desta escritura onde a publicidade ocupa um local de destaque. Além disso, reencontramos na superfície da cidade outras escrituras, desta feita do tempo, que deixa suas marcas na deterioração e transformação da paisagem ao mesmo tempo pétrea e tão efêmera. São Paulo: Fotografia como anarquivamento de seu inconsciente urbano. In: Redobra, n. 17, no 8, p. 275-295, 2023. http://www.redobra.ufba.br/wp-content/uploads/2023/11/REDOBRA\_17\_6.DEB\_01.pdf