Diplomacia cultural: uma arena de embates na Ditadura Militar (original) (raw)

Diplomacia cultural no contexto da Segunda Guerra

Revista Brasileira de História da Ciência, 2017

Examinamos o papel do OCIAA, dirigido por Nelson Rockefeller, entre 1940 e 1945, no âmbito da ciência, tecnologia e educação no Brasil, estudando o seu papel na criação do curso de Metalurgia na Escola Politécnica da USP através da estada dos professores Bates, Mehl e Phillips nesta universidade. O episódio corrobora a tese, de autoria de Antonio Tota, segundo a qual a americanização da cultura brasileira teria se estabelecido ainda durante a Segunda Guerra. Por outro lado, o estudo mostra que este processo não ocorreu de modo passivo; Ary Torres e Cintra do Prado, professores da USP, por exemplo, buscaram ativamente, por variadas razões, o alinhamento com os Estados Unidos. O estudo exemplifica o valor da abordagem transnacional ao estudo da história. O foco no movimento de pessoas e ideias através das fronteiras permitiu trazer à luz processos e personagens até aqui pouco valorizados na historiografia.

A diplomacia cultural na política externa

Lume UFRGS, 2012

RESUMO: Construiu-se ao longo do século XX a compreensão partilhada por acadêmicos, diplomatas e governantes, de que a política externa brasileira (PEB) é e deve servir como instrumento de promoção do desenvolvimento nacional. Com base nesse pressuposto, constitui-se uma ampla bibliografia nacional com perspectivas holísticas, que buscam na combinação de determinantes domésticos e internacionais as explicações para os modelos de desenvolvimento nacional e as estratégias de inserção externa escolhidas pelos governos ao logo da história da PEB. Nesse acumulado histórico do pensamento brasileiro, contudo, a dimensão cultural das relações internacionais é a grande ausente. Esse trabalho se propõe a mapear o lugar dado à cultura nos projetos de desenvolvimento nacional sobre os quais estiveram fundados os diversos paradigmas da política externa brasileira e demonstrar a com base na análise diacrônica que a partir da primeira década do século XXI há uma mudança de perspectiva. Convergem nessa década, processos internacionais - como a emergência da economia da cultura e a potencialidade conflitiva das diferenças culturais – e nacionais - como a ascensão de um governo com agenda de reforma social – favoráveis ao fortalecimento da diplomacia cultural brasileira. A cultura surge então, pela primeira vez na história do país, como uma dimensão central do projeto de desenvolvimento nacional, o que se expressa na política internacional através da construção de um discurso baseado na defesa e promoção da diversidade cultural e pela expansão das iniciativas de diplomacia cultural nos relacionamentos bilaterais e multilaterais do Brasil. ABSTRACT: During the 20th century a consensus has been formed among diplomats, scholars and policy makers about the nature of Brazilian foreign policy as an instrument for the promotion of national development. On that basis, a wide national literature with holistic approaches was produced, seeking to explain through the analysis of continuity and change dynamics the different models of national development and international insertion chosen by the governments throughout History. In this wide literature, however, there is no space for the cultural dimension of international relations. This paper seeks to outline the place granted to culture in Brazilian national projects of development constituting each one of the Brazilian foreign policy paradigms, in order to demonstrate that during the first decade of the 21st century the traditional approach begins to change. International processes – as the emergence of Cultural Economy and the potential conflicts originated from cultural differences – and national ones – as the rising of a government elected on the basis of social reform – that are favorable to the ripening of Brazilian cultural diplomacy come together in this decade. Culture appears, for the first time in Brazilian history, as a key dimension in the national project of development, what gains expression in international policy through the cultural diversity discourse and through the expansion of cultural diplomacy initiatives in Brazilian bilateral and multilateral relations.

As políticas de diplomacia cultural nas gestões Cardoso e Lula em perspectiva comparada

Este artigo tem como propósito, diante da escassez da pesquisa sobre o tema da diplomacia cultural no Brasil, responder a tal vácuo, apresentando uma análise estruturada da condução da diplomacia cultural brasileira entre 1995 e 2010. Com base em uma análise de trajetória, ele visa identificar momentos-chave na evolução da diplomacia cultural no período estudado, assim como destacar as semelhanças e diferenças entre as políticas de diplomacia cultural implementadas nas gestões dos presidentes Fernando Henrique Cardoso (mandatos de 1995 a 1998 e 1999 a 2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (mandatos de 2003 a 2006 e 2007 a 2010), procurando paralelos com o quadro geral de política externa posta em prática por cada presidente. A conclusão obtida é a de que existem algumas semelhanças na condução da diplomacia cultural pelos dois presidentes: ações junto a parceiros tradicionais do Brasil; aproximação com os vizinhos; atuação dentro da comunidade de países de língua portuguesa e nos fóruns multilaterais; políticas de suporte às indústrias culturais. Entretanto, as diferenças prevalecem, em correspondência com as grandes linhas de política externa dos dois presidentes. Apesar dos dois presidentes terem atuado neste campo, a cultura passou a ser vista como eixo estratégico da política externa no primeiro mandato de Lula.

Perspectivas contemporâneas da diplomacia cultural brasileira: a dramaturgia em cena (2011-2016)

Na virada do século XXI, a diplomacia cultural brasileira passou a ganhar espaço no cenário internacional. A chegada de Lula da Silva à presidência e, posteriormente, a sucessão do mesmo por Dilma Rousseff, marcou uma nova perspectiva sobre a projeção da imagem do país, na qual a cultura se tornou uma ferramenta da Política Externa Brasileira (PEB). Este estudo tem por objetivo analisar as estratégias de difusão cultural promovidas pelo Brasil durante o governo Dilma (2011-2016) em relação às novas abordagens da inserção internacional do país a partir de um estudo de caso sobre a difusão das peças teatrais brasileiras no exterior. Para tanto, interessou-nos, no estudo sobre estratégias de política externa relacionadas à cultura, investigar quais foram os agentes responsáveis pela promoção do país no exterior, identificar as atividades de difusão cultural realizadas no período, bem como a participação do Brasil no comércio de bens e serviços culturais no mundo. Tal estudo baseou-se, em primeiro momento, em análise bibliográfica com os autores Phillip H. Coombs, John Mitchell, Simon Mark, Pierre Milza, André Reszler, Alison Browning e Joseph Nye para delimitação do campo de pesquisa e compreensão dos debates sobre o mesmo. Em um segundo momento, foi realizado um exame dos relatórios e discursos de tomadores de decisão no que tange a diplomacia cultural no período observado. A partir da análise de dados, foi possível perceber a importância do aprimoramento da imagem do país na comunidade de Estados em que, no caso brasileiro, foi destacada pelo Ministério da Cultura (MinC) enquanto ator de política externa, tendo atividades mais intensas no período do que o próprio Ministério das Relações Exteriores (MRE); além disso, também evidenciamos os desafios que se impõem à indústria cultural brasileira na contemporaneidade. Com base nos resultados obtidos, foi possível confirmar o surgimento de novos enfoques para se pensar a inserção internacional do Brasil no exterior.

A Diplomacia Cultural No Governo Lula (2003-2011)

2021

Pos a onda de globalizacao no mundo, a diplomacia cultural se tornou uma ferramenta de extremo interesse para a politica externa de atores internacionais. A ferramenta consiste no uso da cultura como objeto para construcao da imagem de ator âmbito internacional, tendo como funcao gerar aproximacao cultural, reducao das desconfiancas, fomentar as relacoes entre atores de forma a beneficiar vinculos politico-economicos. Este artigo objetiva analisar a diplomacia cultura no periodo do Governo Lula, buscando entender seus propositos e estrategias. A metodologia utilizada se da atraves da revisao bibliografica de literatura especializada e analise documental pautada em trabalhos academicos e livros. O resultado encontrado foi que a diplomacia cultura do Governo Lula buscou construir a imagem de um Brasil mediador de conflitos, buscando sempre a via do dialogo. Por fim, instiga-se a reflexao sobre o funcionamento da ferramenta citada em um pais vasto com muitas culturas como o Brasil.

Caráter Nacional e Cultura na Diplomacia Brasileira

Este artigo tenciona analisar alguns pontos do pensamento social brasileiro em face da conexão entre o caráter nacional e manifestações da diplomacia brasileira de ordem sociológica. Em outra instância, o texto procura saber se algumas medidas consideradas tradicionais e exercidas pela diplomacia brasileira, como oposição ao racismo e o apoio que o Itamaraty emprega na igualdade dos povos, teriam referência não somente no caráter nacional mas também nas reflexões herdadas do pensamento social brasileiro desde o século XIX. Para esse fim, são analisadas algumas obras de escritores considerados clássicos no pensamento social, como Silvio Romero e Gilberto Freyre, bem como opiniões de diplomatas, caso de Araújo Castro, e políticos que participaram da diplomacia brasileira, como Afonso Arinos.

RESISTÊNCIAS CULTURAL E POLÍTICA NA DITADURA MILITAR: o Front Cultural e a frente ampla na luta por democracia (1966-1968

Rev. Argumentos, 2017

RESUMO A Frente Ampla foi uma iniciativa de caráter político e liberal para fazer oposição ao regime ditatorial instaurado com o golpe de 1964. Entre seus representantes estavam intelectuais de diferentes orientações ideológicas e políticos alijados pelo regime. Este artigo apresenta a forma como a Frente Ampla foi constituída e seus principais objetivos, a partir da leitura de três jornais da época, Correio da Manhã, Jornal do Brasil e o alternativo Folha da Semana. As representações intelectuais promovidas por estes periódicos a respeito da Frente Ampla foram analisadas a partir do referencial teórico oferecido por Raymond Williams. Assim, verificou-se que a maneira como os jornais e os intelectuais pensavam a Frente Ampla enquanto forma de resistência esteve inserida no contexto de emergência de uma estrutura de sentimento dos liberais críticos. Palavras-chave: Frente Ampla; Folha da Semana; Resistência Cultural; Imprensa; Intelectuais. RESUMEN El Frente Amplio fue una iniciativa de carácter político y liberal para hacer oposición al régimen dictatorial instaurado con el golpe de 1964. Entre sus representantes estaban intelectuales de diferentes orientaciones ideológicas y políticas alijadas por el régimen. Este trabajo presenta la forma como el Frente Amplio fue constituida y sus principales objetivos, a partir de la lectura de tres periódicos de la época, Correio da Manhã, Jornal do Brasil y el alternativo Folha da Semana. Las representaciones intelectuales promovidas por estos periódicos acerca del Frente Amplio fueron analizadas a partir del referencial teórico ofrecido por Raymond Williams. Así, se verificó que la manera como los periódicos y los intelectuales pensaban al Frente Amplio como forma de resistencia estuvo insertada en el contexto de emergencia de una estructura de sentimiento de los liberales críticos.

O que é diplomacia cultural?

Revista InterAção, 2022

O objetivo deste artigo é tentar identificar quais são os jogos de poder que estão implícitos nas práticas de diplomacia cultural na contemporaneidade para compreender, a posteriori, o que é essa esfera político-social, a partir de um olhar latino-americano. Diplomacia cultural é, de maneira geral, a atuação dos países no âmbito das relações internacionais por meio de ações simbólicas as quais têm sido utilizadas com objetivos os mais diversos. Para um entendimento mais bem fundamentado do assunto em tela, escolhi quatro momentos situados na história da civilização ocidental com o propósito de verificar se, na trajetória do primeiro ao último, houve movência de estruturas e criação de novas, relativas ao objeto em análise, e como esses fatos históricos mundiais implicaram no desenvolvimento da diplomacia cultural da América Latina, em especial realizada pelo Brasil. Assim, em primeiro lugar, selecionei o período da Guerra Fria, a qual se iniciou após o final da Segunda Guerra Mundia...

PALAVRAS-CHAVE : Conselho de Cultura; Política Cultural; Regime Militar

2008

RESUMO: Este artigo analisa a criação e a efetivação do Conselho Estadual de Cultura (CEC) do Ceará durante os anos 1960 e 1970. Em um primeiro momento observa a criação da Secretaria de Cultura do Estado, bem como sua relação com o CEC. Na segunda parte, observa a relação entre as políticas estadual e federal de cultura e o papel do CEC nesse contexto.